DIAGNÓSTICO PRECOCE

Com seis anos de atraso, Minas passa a oferecer teste genético para câncer

Exame para detectar câncer de mama e de ovário será oferecido pela saúde pública de Minas Gerais a partir de 2026

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Com seis anos de atraso, um teste genético para detectar mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, ligados aos cânceres de mama e de ovário, estará disponível nos postos de saúde do SUS em toda Minas Gerais a partir de janeiro de 2026. O exame é feito através da coleta de sangue ou saliva do paciente e as amostras serão enviadas para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que fará as análises laboratoriais. 

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O anúncio foi feito nessa terça-feira (28/10) e contou com a participação de Mateus Simões (PSD), vice-governador do estado. “A maior parte dos casos (de câncer de mama) acontecem em mulheres com menos de 50 anos. Almejamos que eles sejam descobertos precocemente em 100% dos casos”, disse.

A lei que prevê esta iniciativa (23.449/2019) foi promulgada há seis anos, mas começará a ser cumprida apenas no próximo ano. “Houve uma cobrança muito grande dessas organizações em cima do estado para que a lei fosse implementada”, contou Maria Luiza, presidente da Associação Pérolas Negras, uma das ONG’s que participaram da comissão estadual responsável por disponibilizar o exame na rede pública.

Casos de morte por câncer de mama são constantes em Minas Gerais. Em 2024, foram oito mortes por dia em decorrência da enfermidade. Neste ano, até agosto, uma queda tem sido registrada, com média de quatro óbitos diários no estado.

Segundo o Secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, a estimativa é que cerca de 2 mil pessoas por ano recebam o diagnóstico da mutação em Minas - esse será o número de exames disponível na rede. O investimento anual será de R$ 9,8 milhões.

“Dois terços dos cânceres de mama são descobertos de forma tardia, o que leva os pacientes a precisar de cirurgias, radioterapia ou quimioterapia, tratamentos muito caros”, contou Baccheretti. Segundo ele, no setor privado o processo é mais eficaz: dois terços dos diagnósticos são precoces, levando a um alcance mais rápido da cura. 

O resultado do exame pode ser positivo, negativo ou inconclusivo, e um resultado positivo não significa o desenvolvimento da doença, mas indica que existe um grande risco que requer acompanhamento médico. A indicação é especialmente para casos onde a pessoa ou algum familiar possuem histórico da enfermidade.

Apesar de não ser ofertada por nenhum convênio, essa investigação genética já existe no setor privado e se popularizou em 2013, quando a atriz Angelina Jolie descobriu, através do teste, que tinha 87% de chance de desenvolver um câncer de mama, e 50% de desenvolver câncer de ovário, o que a levou a fazer uma cirurgia para a retirada dos seios.

Precariedade da rede pública

Questionado sobre a demora na implementação da iniciativa, o secretário estadual afirmou que o motivo foi a precariedade do sistema de saúde no setor oncológico. “Tivemos que preparar o terreno. Primeiro passamos a remunerar melhor os profissionais que realizam mamografias e biópsias, distribuímos o recurso para a compra de novos mamógrafos, para só agora conseguir ofertar o teste genético”, disse. “Parte das máquinas dos hospitais oncológicos não eram adequadas, podendo gerar inclusive resultados falsos”, complementou.

Para aprimorar o atendimento, o governo estadual promete distribuir 64 novos mamógrafos digitais. As máquinas beneficiarão 62 instituições em 45 cidades. Dois deles foram enviados para o Instituto Mário Penna, o que mais que triplicou a quantidade de mamografias realizadas, que saltaram de 800 para 3 mil por mês. Entre as máquinas, 29 já estão funcionando, e o restante aguarda a finalização das operações de compra, segundo a pasta estadual.

Ainda segundo o secretário, a expectativa é que em 2025 sejam realizadas 500 mil mamografias - foram 385 mil no ano anterior.

O vice-governador Mateus Simões prometeu que os municípios que baterem 70% da meta estabelecida para realização de mamografia vão receber uma bonificação. “Em 2024, apenas 22% do público alvo buscou a mamografia. (Isso será) um estímulo financeiro para que os agentes de saúde que estão próximos às mulheres incentivem que elas procurem o exame”, finalizou.

Grande número de mortes

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), pelo menos 48 brasileiros morrem diariamente por conta da doença. E é importante lembrar que apesar do maior número de casos estar ligado às mulheres, ele também se desenvolve no organismo masculino. Mais de 17,5 mil mulheres e quase 200 homens morrem de câncer de mama no Brasil todos os anos.

Em 2024, Minas Gerais registrou 6.907 mil novos casos e 2.970 mil mortes por câncer de mama. Já em 2025, foram 2.767 mil casos e 1.038 mortes até agosto de 2025. Os dados são do Painel de Monitoramento do Tratamento Oncológico da SES-MG.

Devido à grande demanda e ao provável aumento nos atendimentos, os agentes da rede pública estão sendo preparados. A UFMG vai realizar treinamentos técnicos e discussões sobre casos com médicos e enfermeiros. 

Avanços para a saúde dos mineiros

Outra novidade é que agora as mineiras entre 40 e 74 anos poderão fazer mamografias preventivas pelo SUS sem pedido médico. Antes, apenas mulheres entre 50 e 69 anos tinham acesso ao exame. Segundo Baccheretti, Minas Gerais também é o único estado a ofertar teste genético para detecção dos câncer de mama e ovário nesta proporção. A testagem é ofertada em Goiás, mas de forma mais limitada. 

Além do diagnóstico genético, o SUS garante todas as modalidades de tratamento, como cirurgias, reconstrução mamária, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e terapias alvo, conforme o tipo e o estágio da doença.

Devem procurar um posto de saúde para a realização do exame, familiares (primeiro, segundo e terceiro grau) de: 

  • Mulheres que receberam o diagnóstico antes dos 35 anos;

  • Mulheres com histórico de câncer epitelial de ovário;

  • Homens e mulheres acometidos duas vezes pela doença com menos de 50 anos;

  • Homens e mulheres com histórico de câncer de mama triplo negativo (qualquer idade);

  • Homens com histórico de câncer de mama (qualquer idade).

Os casos suspeitos serão encaminhados pelas Secretarias Municipais de Saúde às Comissões Municipais de Oncologia, que organizam os atendimentos nos 32 hospitais especializados. 

“Cirurgia preventiva de retirada de mama ou ovários, bloqueio hormonal ou ressonância são tratamentos possíveis para a remoção do tumor e os números são positivos: até o último ano, o tratamento de 36% dos pacientes com tumores nos ovários e mamas era iniciado antes dos primeiros 60 dias depois da descoberta e hoje o número aumentou para 56%”, destacou o secretário de saúde.

Maria Luiza, diagnosticada com câncer de mama aos 27 anos, ressaltou o bom trabalho feito pelo SUS: “A pessoa diagnosticada em um consultório médico do SUS em BH já sai com as próximas consultas necessárias agendadas. O maior desafio atualmente é que essas pessoas cheguem até um posto de saúde à procura de acompanhamento”, disse a voluntária da Associação Pérolas Negras.

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