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BH: alunos assistem à orquestra e embarcam em viagem pela música clássica

O projeto "Concertos Didáticos" serve como porta de entrada para essa arte, muitas vezes vista como distante e inacessível

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O quão longe a música clássica pode nos levar? Este é o questionamento levantado por José Soares, regente associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, durante a atual edição dos “Concertos Didáticos”. Neste evento, mais de sete mil estudantes vão ver a Sala Minas Gerais se transformar em uma espaçonave — onde os alunos são os passageiros, enquanto os músicos formam a tripulação. A apresentação percorre planetas e astros da galáxia por meio de obras tradicionais e importantes do repertório sinfônico.

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Estudantes do ensino fundamental e médio, da rede pública estadual, participam dos concertos nos dias 21 e 22 de outubro, em duas sessões: às 9h30 e às 14h30. O programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) também marcará presença, com a participação de alunos de escolas e projetos sociais. Para eles, que trabalham durante o dia, o concerto será nesta quinta-feira (23), às 20h.

Os “Concertos Didáticos” começaram em 2008 e, desde então, aproximadamente 100 mil estudantes já participaram do projeto. O evento pode ser a porta de entrada desses alunos na música orquestral. Antes das apresentações, que acontecem duas vezes ao ano, estudantes da Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) visitam as instituições de ensino inscritas para levar noções básicas sobre o funcionamento de uma orquestra — e, assim, os alunos já vão se preparando para o concerto.

Em entrevista ao Estado de Minas, o regente José Soares explicou que um dos principais objetivos do projeto é a democratização do acesso à música clássica, muitas vezes vista como distante e inacessível. “O acesso a esta arte se dá à medida que nossos músicos, nossa orquestra e sua Sala Minas Gerais, o nosso laboratório de criação artística, de ensaios, de concertos e do espaço em que recebemos quase 14 mil pessoas, se torna algo atual. É um marco de civilização e mostra o poder da música de emancipar as pessoas em sensibilidade, beleza e, no caso desses alunos, uma experiência que a gente espera que seja transformadora.”

O concerto começa com o regente explicando o que é uma orquestra e quais instrumentos compõem o ambiente. “Não existe diferença de um concerto para um concerto didático. Mas o desafio, no meu caso, como regente, é ter a interlocução verbal. É balancear a fala com o controle musical da orquestra. O que acho muito interessante é que os estudantes têm uma reação muito direta de convencimento, encantamento, que é quase instantânea”, contou.

Os “Concertos Didáticos” começaram em 2008 e, desde então, aproximadamente 100 mil estudantes já participaram do projeto
Os “Concertos Didáticos” começaram em 2008 e, desde então, aproximadamente 100 mil estudantes já participaram do projeto Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

“Não preciso falar muito alto na sala, e não porque estou microfonado, mas por ser um espaço de concentração. À medida que falo mais baixo, a resposta deles, o tipo de concentração em relação ao concerto e à minha fala, mostram que eles podem escutar”, disse o regente. “E, no mundo de gritos que vivemos, ter uma sala em que o principal elemento que faz a música é o silêncio. Não se trata de ficar quieto porque tem que ficar quieto, mas da beleza de se concentrar por algo maior, esse estado de arte”, completou.

As luzes se apagam e a apresentação se inicia com uma composição de Richard Strauss: “Assim falou Zaratustra: Excerto”, de 1896, uma inspiração para seu poema sinfônico, que se tornou famoso pela sua introdução utilizada no filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”. Entre as composições, os instrumentos utilizados são apresentados (como o violino, violoncelo, oboé, fagote, trombone e a harpa). Em uma segunda parte da apresentação, os alunos viajam para os planetas Marte e Júpiter, com a composição “Os Planetas”, do inglês Gustav Holst.

O concerto tem duração média de uma hora, sem intervalos. No final, os alunos se tornam ‘astronautas da música de orquestra’ e, agora, eles têm a missão de serem multiplicadores desta arte. “Essa multiplicação de vozes da música de orquestra é o que faz projetos como esse terem a perenidade, levando os cantos da música de orquestra por todos os cantos”, disse José.

Porta de entrada para a música clássica 

O projeto também é a porta de entrada para professores que nunca tiveram acesso a concertos de música de orquestra. “Essa experiência amplia o repertório musical dos alunos, que aprendem sobre a música clássica e sua importância. Poucos têm oportunidade de ver esses concertos, até nós, professores”, contou Rosemeire Rodrigues da Costa, professora de artes da Escola Municipal Dulce Maria Homem, localizada no Barreiro, em BH.

Docente de alunos do 4º ano do ensino fundamental, Rosemeire pediu à direção da instituição de ensino para levar os estudantes ao projeto. “Pedi para a diretora tentar marcar uma visita na Filarmônica de Minas Gerais porque nós trabalhamos, dentro das aulas de arte, a música. Os estudantes aprendem sobre os instrumentos musicais de corda, metal e percussão, por exemplo. Eles (alunos), inclusive, fizeram alguns desses instrumentos com caixas de papelão.”

Foi a primeira vez que Valentina, de 8 anos, aluna da Escola Municipal Dulce Maria Homem, teve contato com a música de orquestra. “Achei muito legal. No começo, com a música, me senti em um filme”, disse. “Vou perguntar para a minha mãe se a gente pode vir mais vezes”, completou.

As crianças ficaram surpresas com os instrumentos apresentados na orquestra
As crianças ficaram surpresas com os instrumentos apresentados na orquestra Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Os instrumentos apresentados na orquestra encantaram as crianças. “O que mais gostei foi do violino e da bateria. Já tinha visto uma apresentação parecida na orquestra da igreja, mas nunca tinha vindo à Filarmônica”, contou Melina, de 9 anos. “A parte do violino e da viola foi a minha preferida. Nunca tinha visto uma orquestra”, disse Valentina, também de 9 anos.

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“A orquestra faz parte de um ecossistema da sociedade. Acredito que, fazendo esses concertos, seguimos com a missão de levar nossos cantos da Filarmônica de Minas por todos os cantos. Fazemos esse trabalho na Sala Minas Gerais, mas também viajamos pelo interior do estado. Em setembro, por exemplo, fizemos um Concerto Didático em Araxá”, disse o regente José Soares. “Estamos determinados a cumprir essa nossa meta: fazer com que a orquestra faça parte do dia a dia de todos os mineiros”, finalizou.

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