Mulher que matou vizinha a facadas é absolvida; filha da vítima recorre
Lorena Maia, filha de Jacqueline, considera a decisão injusta e pede justiça pela mãe
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Uma mulher acusada de matar a vizinha a facadas em novembro de 2023 foi absolvida pelo 2º Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A resolução do processo foi recebida com tristeza e revolta pela família da vítima, Jacqueline Maia.
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“Estou muito decepcionada com a justiça. A gente vê casos assim acontecendo com outras pessoas, mas nunca imagina acontecer conosco. Hoje eu sinto na pele o que que é injustiça, o que é você enterrar um ente querido e a justiça não fazer nada”, disse Lorena Maia, filha de Jacqueline.
A decisão do juiz sumariante, Roberto Oliveira Araújo Silva, foi publicada no dia 09 de abril deste ano. Ele entendeu que a ré agiu em legítima defesa, revogou as medidas cautelares impostas e concedeu liberdade à denunciada.
Segundo o documento, o juiz considerou que a vítima e sua família ameaçavam a ré e que Jacqueline a estaria ameaçando e agredindo no momento do crime.
“Portanto, diante do conjunto probatório, deve ser reconhecida que a ação da acusada gravita na órbita da legitima defesa, vez que, diante dos fatos, a acusada efetuou os golpes para impedir iminente agressão da vítima, Jacqueline Maia Lopes, que, pelos depoimentos, possuía uma compleição física muito maior que à da denunciada”, diz o documento.
Lorena afirmou que a família entrou com recurso e que vai seguir buscando justiça pela mãe: “Já entramos com recurso. A gente tem que correr atrás, porque não aceitamos essa decisão. E eu vou até o fim da minha vida para ver essa mulher ser condenada. Não pode ficar assim”.
Ela ainda contou ter receio que a acusada volte a morar no mesmo condomínio que ela e sua família e relatou episódios em que recebeu ameaças do pai e do irmão da mulher que matou sua mãe.
Relembre o caso
Segundo o Boletim de Ocorrência, no domingo de 19 de novembro de 2023, Juliana lavou a frente de seu apartamento e foi descendo com a água até o térreo. A vizinha então reclamou que ela havia sujado a frente de sua casa. Elas brigaram, e a suspeita jogou um vaso de plantas nas costas de Juliana. A Polícia Militar foi chamada, mas não compareceu. O exame para apurar as lesões corporais foi feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) no dia seguinte.
No dia 22 do mesmo mês, Juliana saiu para trabalhar e foi até o ponto de ônibus que fica na frente do condomínio acompanhada de sua mãe, Antônia, de 66 anos, e que sofre de Parkinson. Chegando lá, encontraram a vizinha e as três começaram uma discussão, que levou a suspeita a empurrar a idosa, que caiu no chão. Com isso, a filha revidou, dando início a uma luta corporal. O porteiro apartou a briga e a mulher foi parar dentro da guarita.
Ao ouvir o barulho da briga, Jaqueline foi até o ponto de ônibus e encontrou a mãe machucada e tremendo. Então, ela foi atrás da mulher para tirar satisfações. “Minha mãe desceu desesperada e foi até onde minha avó estava e viu o estado dela. E entrou novamente e foi até a guarita. Nisso, a vizinha tinha pegado uma faca de cozinha e golpeou minha mãe quatro vezes. Ela não teve nem chance de se defender”, contou Lorena Maia Machado, filha da vítima.
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Imagens da câmera de segurança do condomínio mostram o momento que Jaqueline corre para dentro do prédio, seguida de vários moradores, e entra na guarita. Em seguida, ela sai amparada por um homem. A vítima foi socorrida e levada para a UPA Nordeste por outro morador, mas veio a óbito.