Bloco de cantoras trans termina com PM agredindo organizadoras em JF
Bloco da Benemérita, organizado pela comunidade LGBTQIAPN+, terminou após confusão com a PM; Prefeitura de Juiz de Fora criticou ação da corporação
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Siga noA Praça Antônio Carlos (PAC), no centro de Juiz de Fora, foi palco de mais uma confusão durante o carnaval. Um tumulto generalizado n'O Bloco da Benemérita teve agressões, uso de spray de pimenta pela Polícia Militar (PM) e a detenção de pessoas trans, gerando acusações de truculência policial e preconceito. O desfile do bloco foi encerrado a 10 minutos do fim.
A confusão teve início com a tentativa de prisão de um homem armado, conforme registrado no Boletim de Ocorrência (B.O.). Durante a abordagem, várias pessoas tentaram impedir a ação de 10 policiais, "Momento em que várias pessoas tentaram arrebatar o suspeito abordado, inibindo a busca pessoal, partindo pra cima da equipe policial", descreve o documento. Para conter os ataques, a PM usou cassetetes e spray de pimenta. O suspeito conseguiu fugir.
A situação se agravou quando uma das organizadoras do bloco, "de posse do microfone, passou a incitar os frequentadores da festa contra os policiais". Segundo o B.O., a organizadora disse que a "culpa é da PM, polícia truculenta", o que gerou vaias e arremesso de objetos contra os militares.
A PM deteve a mulher e mais duas pessoas por desacato. Além das detenções, o tumulto resultou na agressão a um dos organizadores do bloco. O B.O. afirma que ele teria "partido pra cima do policial e o empurrado no peito", o que levou à ação policial para conter a resistência.
Ainda no boletim de ocorrência, a PM descreve que o Bloco da Benemérita era um "baile funk, com músicas denominadas proibidões que promoviam a violência, venda de bebidas alcoólicas para menores e em garrafas de vidro, além de uso e consumo de drogas".
Prefeitura critica ação da PM
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Em nota oficial, a Prefeitura de Juiz de Fora criticou a atuação da PM. "A Prefeitura de Juiz de Fora deplora o uso desnecessário de violência, praticada ontem, 01 de março, no policiamento da Praça Antônio Carlos, faltando 10 minutos para o encerramento da atividade carnavalesca ali em curso. Foliões e suas famílias (inclusive crianças) foram vítimas do uso de gás de pimenta e de violência desproporcional, o que levou inclusive muitas pessoas a procurarem os serviços de saúde."
A nota reforça que as forças de segurança devem promover a paz e garantir a continuidade dos eventos carnavalescos com segurança e tranquilidade.
Os organizadores do Bloco da Benemérita, bem como as pessoas agredidas, não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.
PM estava alertada sobre confusão
A reportagem apurou que na preparação para a segurança dos blocos deste sábado, em Juiz de Fora, havia um alerta da equipe de inteligência para um possível ataque durante o cortejo da Banda Daki, na Avenida Barão do Rio Branco.
O cortejo ocorreu sem nenhum transtorno para as forças de segurança. Pelo que o EM apurou, a tropa estava tensa com o alerta de algum ataque e, ao receber a informação de que um homem estaria armado no Bloco da Benemérita, os policiais usaram a força.
A reportagem também apurou que o posicionamento da PM sobre este caso está sendo elaborado em Belo Horizonte, tamanha a repercussão.