Estação de transição do período chuvoso para o seco, o outono ainda deve registrar dias de tempo abafado e só gradualmente dará lugar a marcas mais amenas -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A. Press)

Estação de transição do período chuvoso para o seco, o outono ainda deve registrar dias de tempo abafado e só gradualmente dará lugar a marcas mais amenas

crédito: Leandro Couri/EM/D.A. Press

Um verão marcado por ondas de calor, recorde de temperaturas máximas e influência do El Niño dá lugar a um outono que promete chuvas dentro da média e temperaturas acima dos níveis históricos costumeiros em Minas Gerais. Segundo a meteorologia, a estação, que começou à 0h06 de hoje, ainda deve ter dias de tempo abafado e temperaturas elevadas, que, gradualmente, devem dar lugar aos mais amenos. Ontem, porém, a Organização das Nações Unidas (ONU) informou que a década que terminou em 2023 foi a mais quente desde que começaram os registros, as geleiras sofreram perdas recordes e houve um aumento sem precedentes do nível do mar, o que deixa o mundo em alerta para a possibilidade de que os patamares de calor vistos no ano passado se tornem uma constante nos próximos anos.

 

A meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que o outono é uma estação de transição do período chuvoso para o seco. Em termos de chuva, ocorre uma redução no decorrer da estação. “Esse início mantém as características do final do verão. Então, nestes primeiros dias do outono, continuam as pancadas de chuva no fim de tarde e noite, tempo abafado e temperaturas elevadas.”

A partir de abril, segundo a meteorologista, as chuvas começam a se reduzir gradualmente no estado. “Entramos na transição para a estação seca que, normalmente, se caracteriza a partir de maio.” Já de meados de abril em diante, é possível perceber uma variação maior da temperatura ao longo do dia. “É o que chamamos de amplitude térmica, que é a diferença entre a temperatura máxima e mínima. É quando temos frio pela manhã e temperaturas mais elevadas à tarde. Essas são as características do outono”, destaca Anete.

 

A meteorologista lembra ainda que, a partir de maio, as massas de ar frio conseguem chegar à Região Sudeste, com intensidade suficiente para provocar um declínio acentuado dos termômetros, mantendo temperaturas amenas por dias consecutivos. “A temperatura mais amena pela manhã favorece a formação de nevoeiro ao amanhecer na faixa leste do estado. É normal ter nevoeiro, pela manhã, na Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha, além do Sul de Minas. Quando ocorre o avanço de uma massa de ar frio mais intensa, podemos ter formação de geada na região serrana do Sul do estado.”

 

Assim, a expectativa para a nova estação é de chuvas dentro da média em praticamente todo o estado, exceto no Sul. “Lá podemos ter chuvas um pouco acima da média, principalmente, neste início de estação”, afirma a meteorologista. Já as temperaturas devem ficar acima da média para todo o estado. “Na prática, isso significa que esperamos uma atuação menos recorrente das massas de ar frio na Região Sudeste. Não significa necessariamente que não teremos dias frios, mas não na frequência que normalmente ocorrem”, pontua. A tendência está relacionada à atuação do El Niño. “Normalmente, em anos em que o fenômeno ocorre, temos uma frequência menor das massas de ar frio conseguindo avançar sobre o país.”


Despedida quente

 

O fim do verão foi marcado por uma onda de calor que proporcionou um recorde de temperatura máxima para março. No domingo (17/3), os termômetros em BH bateram 35,3°C, de acordo com medição da Defesa Civil municipal. Foi a maior temperatura registrada em 2024 na capital mineira – e a maior da história para o mês de março.

 

Além disso, das seis maiores marcas neste ano, metade foi registrada neste mês, marcado ainda por quatro das maiores temperaturas da história para março. A média para o mês, segundo o Inmet, é de 28,4°C. Anete Fernandes lembra que março ainda está dentro do período chuvoso, por isso, as temperaturas, principalmente a máxima, são fortemente controladas pela nebulosidade.

 

“Este ano, tivemos um março com irregularidades nas chuvas. Elas ocorriam principalmente em forma de pancadas. Isso fez com que tivéssemos temperaturas mais elevadas do que o normal. Isso também está relacionado com o El Niño”, afirmou a meteorologista. Ela ressalta ainda que temperaturas acima da média podem estar associadas também às mudanças climáticas. “Fazem parte da variabilidade do clima.”

 

O Inmet divulgou, em janeiro, que 2023 foi o ano mais quente já registrado no Brasil. De acordo com o órgão oficial da previsão do tempo no país, a média do ano passado chegou a 24,92°C, superando 2015 e 2019.

 

A média de temperatura do Brasil é 24,23°C, segundo a série histórica do instituto, iniciada em 1961. Também no ano passado, foi registrada a máxima histórica do país, de 44,8°C, em Araçuaí, Região do Mucuri e Jequitinhonha. A marca foi atingida em novembro, durante a oitava onda de calor que atingiu o Brasil em 2023.

 

“O ano de 2023 foi quente e uma das causas é o El Niño, mas não é a única”, afirma a meteorologista. Apesar dos recordes de calor consecutivos, ela diz que isso não significa, necessariamente, que as altas temperaturas se tornem uma constante. Segundo Anete, caso o fenômeno mude, com um La Niña, podemos ter um frio muito mais intenso. 

 

HISTÓRICO DA ESTAÇÃO

Médias das temperaturas de outono em BH:

Mínima
Abril: 18,8 °C
Maio: 16,6°C
Junho: 15,4°C

máxima:
Abril: 27,6°C
Maio: 25,7°C
Junho: 24,9°C
Fonte: Inmet