Hospital João XXIII esteve movimentado na manhã desta quinta-feira (14/3) -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Hospital João XXIII esteve movimentado na manhã desta quinta-feira (14/3)

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

A manhã em frente ao Hospital João XXIII foi agitada nesta quinta-feira (14/3). O acidente, que vitimou ao menos nove pessoas no Anel Rodoviário, foi recebido pelo hospital com um plano de contingência.

 

Entre pacientes recebendo alta e parentes aflitos com aqueles que ainda precisariam de atendimento, o clima era de preocupação, mas também de alívio.

 

“Na hora, foi um sufoco. Não tinha saída para a gente: a janela era muito apertada, a porta da casa estava obstruída, e não temos porta dos fundos, ligamos o chuveiro, mas a fumaça continuava tomando conta. Graças a Deus, nos foram enviados anjos que quebraram a parede, e conseguimos sair por um buraco próximo ao telhado, e fomos para o outro lado da rua. Queimou tudo, tivemos prejuízo, mas a vida da gente é mais importante”, relata a sobrevivente Marlúcia Soares, de 55 anos.

 

Ela estava na casa da filha com dois netos no momento do acidente. Quando houve a explosão, todos acordaram, mas já não tinha mais como sair da casa pela porta ou pelas janelas – apesar das tentativas.

 

Fachada do hospital João XXIII

Marlúcia Soares estava com os braços feridos por tentar quebrar a janela da casa para fugir do fogo

Leandro Couri/EM/D.A Press

“Meus machucados no braço foram tentando quebrar a janela para a gente sair. Os vidros quebraram e cortaram aqui [apontando para o ferimento] e tive que levar dez pontos, além de uns cortezinhos no meu dedinho. Queimadura, graças a Deus, não tive. Inalei muita fumaça, mas já tomei oxigênio e agora está tudo bem”, relatou ela.

 

Boa parte de sua família mora na região. Na hora do acidente, ela não estava na própria casa, mas sim de sua filha. “Minha filha e dois netos moram lá, e eu estava na casa dela, porque costumo ficar muito com ela. E ela perdeu tudo. Graças a Deus, conseguimos sair com vida, conseguimos tirar meu netinho autista que estava querendo ir para o lado do fogo, porque não tem maldade nenhuma. Mas ele está bem, nós estamos bem”, completou.

 

Com ela, chegaram ao João XXIII mais seis pessoas, das quais quatro já tiveram alta: uma mulher de 39 anos, um homem de 41 anos e duas crianças, uma de 13 e outra de 6 anos.

 

Enquanto estava no Hospital, Marlúcia também acompanhava um vizinho, cujo pai e tia continuam internados. O pai teve torção em um dos pés e queimaduras nas mãos numa tentativa de forçar a abertura de uma janela, e a tia, 16% do corpo queimado. O jovem preferiu não falar com a imprensa no momento.

 

Mais cedo, Maria de Lourdes, irmã do homem que teve 42% do corpo queimado, se mostrou aflita por não saber mais informações sobre o irmão. "Não imaginei que ele estaria lá no meio. Ele mora sozinho, eu fico em Vespasiano e trabalho em Contagem. Fiquei sabendo por telefone e vim para cá, mas não me falaram mais nada [pelo Hospital João XXIII], só que ele está estável. Mas é difícil [ficar sem informações sobre ele]", relatou ao EM. Ela aguarda mais atualizações no hospital.

 

O acidente

 

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 2h25 da madrugada desta quinta-feira (14/3) para um incêndio em um caminhão-tanque no Anel Rodoviário, no Bairro Goiânia, na Região Nordeste de Belo Horizonte.

 

O tanque foi danificado pelo impacto da queda, e a carga de combustível vazou, escorrendo com grande volume pela via pública. A rede elétrica também foi atingida. Quatro residências foram inteiramente queimadas – uma delas, a de Belarmino.

 

Dez veículos foram atingidos pelo fogo, sendo que quatro carros e duas motos foram destruídos pelas chamas. Quatro carros foram atingidos parcialmente.


A ocorrência mobilizou sete viaturas e 23 militares do Corpo de Bombeiros. Quinze mil litros de água e espuma mecânica foram usados para combater as chamas.