A Mineira Bárbara Bela, assim como outras empresas espalhadas pelo mundo que buscam maior comprometimento com uma produção mais sustentável, aposta no passado em seu mais recente lançamento.


A coleção cápsula Edition resgata tecidos guardados, alguns sequer usados, ao longo dos mais de 50 anos de história da marca. Essa é a primeira coleção que investe na moda circular de luxo e na “reescrita” da história da grife.


“Nós que mexemos com estilo sempre queremos algo novo e acabamos achando que o que fica para trás não é tão interessante”, explica Georgiana Mascarenhas, diretora-criativa da Bárbara Bela, que destaca a atenção da coleção à identidade da marca. “Nossa ideia foi resgatar modelagens que deram muito certo na nossa história, além dos tecidos”.

O novo é relativo

A coleção cápsula da Bárbara Bela apostou em tons neutros

Breno Mayer/Divulgação

A estilista Renata Tanure foi chamada para desenvolver a coleção Edition, e, segundo Georgiana, isso foi muito interessante, já que para ela os tecidos eram novos, afinal, nunca tinha visto nenhum deles. “Renata ficou três meses imersa na fábrica fazendo a seleção dos tecidos”, explica a diretora-criativa.


Por isso, apesar das peças serem produzidas com tecidos de idades, gramatura, materiais e origens diferentes, eles conversam entre si e formam uma coleção sóbria, focada em tons neutros como o marrom, cinza, rosé e preto. “Queríamos roupas mais práticas, casuais e modernas para esta coleção e, por usarmos tecidos e modelagens que já existiam, conseguimos reduzir um pouco o custo da produção”.

A qualidade e acabamento referência da marca não poderiam ser deixados de lado nesse lançamento. Por isso, tecidos sofisticados como a seda, a renda e o jacquard italiano foram amplamente utilizados, e as peças, todas feitas pelas costureiras da Bárbara Bela. “Tudo que usamos na coleção foi reutilizado, não tivemos que comprar nada”, reforça Georgiana.

Moda exclusiva

Tecido paisley usado na coleção tem mais de 20 anos

Breno Mayer/Divulgação

O processo de resgate é interessante por vários motivos. Um deles, é a exclusividade das peças, afinal, mesmo se as clientes “implorarem” pelo aumento da produção, esse desejo não poderá ser atendido, pois não há tecido para produzir mais um modelos que tenha sido vendido. “Tem peças nessa coleção com apenas duas ou quatro unidades produzidas. O maior número que consegui de um único modelo foram 20 peças”, explica Georgiana.

A diretora destaca um tecido paisley que ficou guardado por 22 anos, e que, nessa coleção, originou duas jaquetas bomber. Ele exemplifica como a moda é circular por natureza, já que a estampa é uma tendência atual.

Sustentabilidade

A qualidade do material é imprescindível para que seja possível trabalhar com tecidos antigos como esses, que ficaram armazenados por mais de duas décadas. “Tecido bom e bem armazenado não estraga e não mancha”, reforça Georgiana.

Além do lançamento, há atitudes da marca que demonstram uma preocupação com um futuro mais sustentável. Os retalhos de tecidos são sempre doados para costureiras e artesãs que fazem fuxicos ou bonecas de pano, por exemplo. Os papéis de corte também são direcionados, mensalmente, à reciclagem. “Escutamos muito de sustentabilidade, mas às vezes não sabemos como começar, e esses pequenos atos já ajudam”, diz a diretora.

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A fábrica da Bárbara Bela guarda mais de 20 mil metros de tecidos, o que significa que outras coleções como esta poderão ser lançadas. “Espero que seja a primeira de muitas”. 

*Estagiária sob supervisão de Isabela Teixeira da Costa

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