ARTE EM BRAILLE

Artistas de MG criam mural para pessoas com deficiência visual

Projeto em Muriaé, na Zona da Mata mineira, saiu do papel por meio de uma lei municipal de incentivo à cultura e levou cerca de sete meses para ficar pronto

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 O artista visual mineiro João Victor Martins de Oliveira, com uma equipe multiprofissional, criou um mural de grafite em braille em Muriaé, na Zona da Mata mineira. Pensando na inclusão e na experiência artística e sensorial de pessoas com deficiência visual, o desenho mostra uma criança de olhos vendados, segurando um quadro com um passarinho e o sol de fundo.


“Eu, como artista, gosto de levar meu trabalho para todas as pessoas que eu puder e vi essa necessidade acompanhando minha amiga de longa data sempre se preocupando em incluir pessoas com deficiência visual. Isso me inspirou e pensei: ‘poxa, a gente consegue fazer isso’”, contou João ao Estado de Minas.

O projeto foi idealizado em setembro de 2023 e contou com cinco pessoas para torná-lo possível. Além de João, outras quatro pessoas participaram do projeto: Elisa da Silva Oliveira, diretora; Midyan Cerqueira Pinto, modelador 3D; Luiza Lopes Silva, tradutora e intérprete em Libras e Sâmara Lobo Correa, fotógrafa. A realização aconteceu por meio da Lei municipal Paulo Gustavo de incentivo à cultura.


A arte

A arte do mural retrata um menino vendado segurando uma moldura com um passarinho dentro, ao lado de um tronco de árvore.


“Desenhamos um menino segurando o desenho principal em alto-relevo como se fosse uma tela. O menino usa uma venda vermelha onde se lê ‘como eu vejo’ e na tela está escrito ‘como eu sinto’, para simbolizar a forma como o cego enxerga através do tato”, explica João.


Processo

“Quando a gente pensou no que fazer, uma das primeiras ideias era representar uma pessoa cega. Mas eu costumo trabalhar com fauna e flora, desenho passarinhos, flores, natureza brasileira, e pensei que seria legal levar meu trabalho como ele é para as pessoas cegas”, diz João sobre o mural.


Ele conta que se inspirou num projeto parecido que viu em São Paulo. Agora, ele espera que seu mural possa reverberar da mesma forma.


“Com certeza é um movimento de inclusão que acaba influenciando todo mundo, assim como eu fui influenciado por outro projeto. Vimos que teve bastante visibilidade dentro e fora da cidade. Acredito na influência do mural para fazer mais visibilidade e inclusão em todos os meios”, explica.


Para o projeto, foram produzidas aproximadamente 250 placas em uma impressora 3D. Todo o planejamento e a execução levaram cerca de sete meses para ser finalizado, já que precisaram produzir diversos modelos, confirmar qual material seria melhor e, para tal, fizeram e refizeram o projeto várias vezes.


“Não sabíamos exatamente qual seria o melhor material e formato de impressão, como seria o melhor jeito de imprimir para sair o mais legível possível. Fizemos inúmeros testes e tivemos alguns problemas. A impressora era importada e acabou dando um defeito que atrasou o projeto”, conta.


Outro aspecto que precisou ser repensado ao longo da produção foram as dimensões do mural.


“Quando a gente pensou nas dimensões do projeto, inicialmente a gente faria na altura da parede, que tem 3m de altura, mas ficaria inacessível para as pessoas alcançarem. Para contornar a situação, a gente decidiu preencher a parte de cima com grafite”, relata João.


A tradutora e a intérprete Luiza Lopes Silva ficou o tempo todo conferindo com um professor com deficiência visual se a arte estava correta e legível para cumprir a função de acessibilidade para as pessoas.

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