Cervejaria alemã em BH começa o sonhado projeto de expansão pelo país
Hofbräuhaus comemora 10 anos no Brasil e anuncia nova unidade no Sul do país. A expectativa é de que, no ano que vem, sejam abertas uma ou duas casas
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Exatamente uma década depois de chegar a Belo Horizonte, a Hofbräuhaus inicia seu plano de expansão pelo Brasil. Bruno Vinhas, que conseguiu, com muita insistência, trazer a marca para a cidade em 2015, comemora, em entrevista ao podcast Degusta, que essa não será mais a única unidade da cervejaria na América Latina.
“Estamos há 10 anos trabalhando a marca e agora vamos começar a expansão depois de muito custo, muito tempo e muita insistência”, resume Bruno. Como master franqueados da HB no país, ele e os sócios são quem define os rumos da cervejaria em solo brasileiro.
Fundada em 1589, a Hofbräuhaus pertence ao governo da Bavária. Inicialmente, foi criada para fabricar cerveja para a corte, por isso o nome hof (corte), bräu (cerveja) e haus (casa). Uma curiosidade é que a primeira Oktoberfest do mundo, em 1810, que durou três dias, era para celebrar o casamento do príncipe Ludwig da Baviera. Depois virou uma festa anual.
E como essa história se relaciona com BH? Bruno conheceu a HB em 2005. Enquanto fazia intercâmbio na Nova Zelândia, foi visitar amigos na Alemanha. Por coincidência do destino, era época de Oktoberfest. “A experiência é completamente diferente de tudo que a gente imagina. Uma festa imensa, com muita gente alegre, todo mundo subindo nas cadeiras e tudo mais.”
Bruno se formou em engenharia de energia, mas sempre quis empreender. “Acho que fiquei com aquilo na minha cabeça durante algum tempo. Sempre gostei de beber cerveja e queria trazer alguma coisa diferente com uma qualidade já comprovada mundialmente, mas que não precisasse tanto trabalhar a marca.”
Logo, lembrou-se da Hofbräuhaus e começou a ligar para o restaurante, em Munique, dizendo (em inglês) que queria levar a marca para o Brasil. Ligou sem parar, por um ano. Até que venceu pela insistência. Ou sorte? “Um dia quem atendeu foi o presidente de franquias, que é o cara com quem converso até hoje.”
Ele sinalizou que a empresa tinha todo o interesse de ir para o Brasil. Era tudo o que Bruno queria ouvir para começar a pesquisar quanto custaria montar a fábrica em BH e como seria a expansão pelo país.
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Aí vem mais uma coincidência. O mineiro estava em um “mochilão” na Europa com amigos e, dias antes de embarcar para Munique, recebeu um e-mail solicitando uma reunião presencial. “Não fui com roupa de reunião, então tive que comprar blusa social, uma pastinha de couro, enchi de papel branco, mandei fazer cartão e fui para a reunião.”
A HB queria, sim, ir para o Brasil, mas não com a fábrica. A proposta era levar o conceito de “brew pub” (cervejaria com bar e comida), e ele topou na hora.
Quase igual
Como toda rede de franquias, a sede enviou para BH manuais de todos os setores, da arquitetura à cozinha. A casa na Avenida do Contorno, de mil metros quadrados, que abriga a fábrica e tem capacidade para 350 pessoas, foi reformada para ficar bem parecida com a construção em Munique. Eles usam os mesmos equipamentos e as mesmas receitas para que as cervejas sejam praticamente iguais.
“Obviamente, tem algumas nuances de diferença porque o insumo que chega lá está muito mais fresco do que o insumo que chega aqui. Mas a gente tem até uma central de tratamento de água lá dentro da HB para colocar a água com as mesmas características da água de Munique, tentando tirar todas as variáveis possíveis.”
Hoje são produzidas regularmente quatro estilos de cervejas: Munich Helles (lager); Weissbier (trigo), Dunkel (escura) e Hopfen (comparada à IPA). Além dessas, todo mês é lançada uma sazonal, de produção limitada, em uma tradicional cerimônia chamada Keg Tapping.
“Toda a cerveja que a gente faz não tem contato com o ambiente até chegar ao copo. Então, é a cerveja mais fresca que você vai tomar”, destaca. É como colocar a boca no tanque e abrir a torneira, acrescenta.
Bruno se orgulha muito do seu feito e quer que mais pessoas conheçam essa história. “Acho que poucas pessoas têm noção do quão grande é a gente ter uma Hofbräuhaus dentro de Belo Horizonte. Espero que eu pare de fazer um discurso de que é a única já, já, mas é a primeira da América Latina e isso nunca vai mudar. Então, sim, é muito pesado esse título.”
Nova unidade
No ano em que comemora uma década de BH e Brasil, a HB está com muitas novidades. A maior delas é que já vai começar o sonhado projeto de expansão. Demorou, mas Bruno acredita ter sido importante para entender e amadurecer o negócio.
“Aprendemos muito, erramos bastante, acertamos também e essa experiência que eu acho que faz com que outras unidades sejam bem-sucedidas. Não passar pelo que a gente passou, não errar o que a gente errou, cortar caminhos mesmo.”
A marca está em período de seleção de possíveis franqueados e a expectativa é de que, no ano que vem, sejam abertas uma ou duas casas em outras cidades. Blumenau (SC), que tem uma ligação forte com a cultura alemã, será uma delas.
Outra conquista neste ano foi a autorização para produzir e vender cervejas engarrafadas, algo inédito fora de Munique. Até então, só era possível consumir os rótulos na cervejaria.
Para começar, eles lançaram uma receita que não era produzida desde 1982. A Royal Export é uma lager com mais malte, mais encorpada e maior teor alcoólico. Fica disponível até acabar o lote com quatro mil garrafas.
Destaques da cozinha
Na conversa para o podcast, Bruno também brindou os 10 anos da HB em BH com as cervejas Mandarina Fest, do estilo session IPA, com mexerica, uma collab com a Duckwalk, e a de trigo, que é mais turva, porque não passa pelo processo de filtragem, e tem notas de banana.
Para acompanhar, o pretzel, pão tradicional da Oktoberfest. “Ele é o único insumo da cozinha que não é feito aqui. A gente nunca conseguiu nenhum fornecedor para fazer aqui, então a gente importa um contêiner dele, ele vem congelado, e finaliza no forno”, detalha.
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Também estavam na mesa o joelho de porco desfiado, o chucrute e a salada de batata, todos preparados na casa.