O Brasil é um dos principais importadores de azeite do mundo, e os preços elevados estão diminuindo a participação do país nesse mercado -  (crédito: iStock)

O Brasil é um dos principais importadores de azeite do mundo, e os preços elevados estão diminuindo a participação do país nesse mercado

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nos preparos da ceia de Páscoa deste ano, o bacalhau deixou de ser o item que mais pesa no bolso do consumidor para dar lugar ao azeite de oliva. A média do preço da salga do peixe manteve-se estável em relação à mesma data no ano passado. Já o azeite acumula alta de 45,62% nos últimos 12 meses, de acordo com Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

 

Para os vendedores do Mercado Municipal de São Paulo, a busca sazonal pelo bacalhau e a média de preços mantiveram as vendas estáveis na comparação com 2023, com clientes optando por comprar azeite em redes de supermercados para conseguir melhor preço.

 

Júlio César Alves Teixeira, 28, dono de uma das bancas do Mercadão, afirma que a busca pelo bacalhau está movimentada este ano, com tendência a aumentar ainda mais na reta final até a Páscoa.

 

"A previsão é que a média de venda se mantenha este ano. Como o preço do bacalhau não aumentou muito, os clientes têm procurado bastante. Mas como azeite subiu bastante, deu uma diminuída na venda esse ano. Acredito que isso seja por causa do preço, o pessoal procura só o bacalhau", diz.

 

De acordo com a Fipe, o bacalhau apresenta um índice negativo, com redução no preço de -2,97%. Os pescados, alternativa da salga do peixe, tiveram uma alta de 4,38%, sendo o item de maior destaque a corvina, com inflação de 8,11%.

 

O leve aumento no preço final do bacalhau é causado por conta da desvalorização do real frente ao dólar, alta da demanda global devido à sazonalidade e menor safra em Portugal, principal exportador.

 

No Mercado Municipal, o bacalhau gadus morhua, mantém o preço do ano passado na média, com o quilo não saindo por menos de R$ 100. Boxes oferecem outras opções de peixe salgado para garantir a venda, inclusive em corte diferentes --desfiado, por exemplo-- com valores a partir de R$ 79,90.

 

Maurício Carvalho Ribeiro, 42, que foi ao Mercadão comprar os itens do almoço de Páscoa, diz que sentiu um aumento leve no preço do peixe em comparação à última Páscoa.

 

"O preço está um pouquinho salgado, mas deu para sentir pouca coisa, não foi um aumento muito grande. Agora, o azeite deu um aumento bom, R$ 50 por pouco azeite. O jeito será comprar no supermercado para conseguir um preço mais em conta", afirma.

 

O Brasil é um dos principais importadores de azeite do mundo, e os preços elevados estão diminuindo a participação do país nesse mercado. A alta no preço acontece por conta da seca que atingiu Espanha e Portugal, que chegaram a perder metade de suas produções em 2023.

 

Segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados), o azeite segue em alta, com aumento de 3,83% no acumulado de fevereiro, resultando em alta de 45,6% nos últimos 12 meses.

 

Todas as lojas do Mercado Municipal visitadas pela reportagem relataram ter repassarado o aumento do azeite para o cliente final e que muitos consumidores estão optando em comprar somente o bacalhau nesta Páscoa.

 

Yuri Levi, 30, dono de uma das bancas no Mercadão, afirma que, com a Páscoa mais cedo este ano, o planejamento do estoque dos itens começou a ser feito em dezembro de 2023.

 

"O preço do bacalhau estabilizou em dezembro, senti que deu até uma leve abaixada, o azeite aumentou demais, só que fizemos estoque desde dezembro, então a gente conseguiu repassar o mínimo possível da alta para manter um preço razoável. Mas as vendas diminuíram muito, os consumidores não estão comprando."