Desta quinta-feira a sábado (4 a 6/12), sempre às 20h, o Coro 415 e a Orquestra 415 de Música Antiga sobem ao palco do Teatro da Biblioteca Pública Estadual, na Praça da Liberdade, para apresentar uma seleção de trechos do “Oratório de Natal”, composição de Johann Sebastian Bach (1685-1750), sob regência do maestro André Salles-Coelho.

O repertório conta com movimentos melódicos e trechos para coro selecionados entre as seis cantatas que compõem o “Oratório” de Bach. “Cada cantata é como se fosse uma peça que tem vida própria. Ao todo, são 64 movimentos diferentes divididos entre seis cantatas”, explica Salles-Coelho, reforçando que a escolha se voltou para os movimentos mais bonitos e importantes.

As peças foram escritas entre 1734 e 1735, para datas específicas do período natalino. O conjunto delas forma o “Oratório”. As seis cantatas têm estilos musicais variados no coro e nos instrumentos utilizados, mas são interligadas na temática e musicalidade. Bach se inspirou na história do nascimento de Jesus, destacando a narrativa central do Natal.

É a primeira vez que a Orquestra 415 apresenta trechos do “Oratório” do autor alemão. Concertos anteriores realizados em dezembro foram dedicados a outras obras, como “O Messias”, de Georg Friedrich Händel (1685-1759), e “Missa da meia-noite”, de Marc-Antoine Charpentier (1643-1704).

Criada em 2012, a Orquestra 415 surgiu a partir da iniciativa de músicos que se dedicavam ao repertório barroco em Belo Horizonte. O primeiro concerto ocorreu na Igreja São José como evento pontual, mas a resposta do público e dos próprios músicos motivou a continuidade do projeto.

Única do Brasil

O regente André Salles-Coelho afirma que o grupo mineiro é a única orquestra independente do Brasil dedicada à música barroca com programação regular. O trabalho é desenvolvido com instrumentos de época, como cravo, guitarra barroca, alaúde e flautas doces. Utilizam-se recursos específicos daquele período, como cordas feitas com tripas de animais.

“Essas cordas criam sonoridade bastante diferente, bem mais doce. O timbre de cada instrumento é mais homogêneo, mais suave, mais próximo do que se ouvia na época do Barroco”, explica o maestro.

O Coro 415 foi formado especialmente para os concertos da orquestra, reunindo cantores adaptados à técnica vocal exigida pelo repertório barroco.

Este ano, a Orquestra 415 dedicou boa parte de sua agenda aos 340 anos do nascimento de Bach, com apresentações que abordaram diferentes momentos da trajetória do compositor.

O maestro explica que as atividades do grupo se dividem entre concertos tradicionais e espetáculos cênico-musicais.

Ao longo dos anos, informa André Salles-Coelho, o perfil do público se transformou e a audiência cresceu. Inicialmente, plateias eram compostas majoritariamente por pessoas mais velhas. Atualmente, elas reúnem ouvintes de diferentes faixas etárias.

“Hoje em dia, a gente tem plateias bastante variadas. Temos um público grande de jovens também. Acho que isso acontece porque a música barroca é muito acessível, cada novo concerto é um espetáculo cênico. A pessoa vai gostar da música, porque ela foi construída para chegar a um público variado”, conclui.

“ORATÓRIO DE NATAL”


Música de J. S. Bach. Com Orquestra 415 e Coro 415. Desta quinta-feira a sábado (4 a 6/12), às 20h, no Teatro da Biblioteca Pública Estadual (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), à venda no site Lua Nova Cultural


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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