Música eletrônica

DJ Kingdom constrói seu reinado e lança o primeiro EP, 'Feroz & Furiosa'

Talento das pistas, ela enfrentou perrengues, tem quase 10 anos de ofício e ajuda a construir a nova cena da eletrônica em Belo Horizonte

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Antes de se transformar DJ Kingdom, Thaís Alvim tinha apenas “um computador, uma controladora e um sonho”. Foi assim que ela estreou como DJ em 2016, em noite marcada por nervosismo e perrengues, que hoje relembra com humor e nostalgia.

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Atualmente, Kingdom é uma das mulheres mais promissoras da música eletrônica brasileira, destacando-se em festas em BH, no Brasil e em outros países. Na última sexta, lançou seu primeiro EP, “Feroz & Furiosa”.


Kingdom nasceu e cresceu em Contagem. Com 36 anos, mora no mesmo bairro onde deu os primeiros passos e criou as primeiras trilhas como DJ.

Antes de se dedicar às pistas, era profissional de educação física. Frustrada com a desvalorização do ofício, decidiu apostar no que gostava e passou a estudar para ser DJ. “Foi um estalo mesmo, um clique que me deu”, afirma.

Cria da MTV


A relação com a música vem da adolescência. Thaís era fascinada pela MTV, canal musical que moldou o imaginário pop dos jovens antes das redes sociais e streamings. Entre rádios, bancas de revista e lojas de CDs, ela aprendeu a consumir música de forma quase ritualística.

“Tinha o vislumbre de poder tocar as músicas do pop daquela época que eu gostava, de montar a playlist. Amava montar playlist.”

Quando finalmente subiu ao palco pela primeira vez, em uma boate de Belo Horizonte, tudo saiu ao contrário dos planos. O computador desligou diante da pista lotada, a controladora falhou e o nervosismo tomou conta.

Kingdom guarda com carinho aqueles perrengues, como um episódio formador. Depois do batismo conturbado, vieram os encontros que marcaram sua trajetória.

Vhoor, VKKramer e D.A.N.V

Primeiro, a descoberta do trabalho do produtor Vhoor, artista de Venda Nova. Ele ampliou as referências de Thaís no funk, tornando-se uma de suas maiores influências. Vhoor construiu sólida carreira no exterior.

Depois, veio a conexão de Kingdom com VKKramer e D.A.N.V., parceiros na criação de um novo “rolê” na cena de BH.

Em 2018, nasceu a Baile Room, fruto da necessidade de uma festa que acolhesse sonoridades sem espaço nas pistas de BH. Kingdom tocava o que queria e, acima de tudo, podia ser quem é.

Com o tempo, percebeu que “o trabalho construído dentro de casa”, como diz, ultrapassava os limites de BH. Mesmo sem se dar conta, seu som ecoava fora da bolha mineira, ganhando ouvintes no país e no mundo.

França e Austrália

Quando tocou em Paris, na França, e em Melbourne, na Austrália, entendeu a proporção desse alcance. “É uma parada muito louca, porque nós, de BH, não temos noção de como fora daqui enxergam o nosso ‘trampo’, como ele inspira outras pessoas”, diz.

A DJ conta que a carreira internacional está em “fase de pavimentação”. Trilha o caminho natural que vem construindo há quase uma década. Mulher negra, entende que ocupa o lugar para abrir espaço para outras mulheres.

“Aprendi a ter postura, a conversar, a trocar ideia, a ensinar. Aprendi a valorizar o que tenho, entendi que a DJ Kingdom às vezes é maior do que eu. Virou meu propósito de vida.”

DJ Kingdom é fotografada do alto, sentada em um banco com jaqueta de mangas compridas e calças muito largas
DJ Kingdom diz que seu trabalho musical está conectado à moda: 'E meu jeito de falar, sem palavras, com as pessoas' Natalia Menin/Divulgação

Desde os tempos da rede social Tumblr, em que postava inspirações de música, arte e estilo com o perfil “Alvim Kingdom”, a moda foi uma forma de comunicação. Ela pensa cada look como extensão do que deseja transmitir, seja no hip-hop, no funk ou outras vertentes de sua identidade sonora.

“A moda é meu jeito de falar, sem palavras, com as pessoas”, resume.

O primeiro EP solo, “Feroz & Furiosa”, com cinco faixas, resulta de quase dois anos de produção, testes e revisões, com participação de MC Delux e MC Menorzinha.

O nome do EP nasceu das batalhas pessoais de Thaís, ao tentar equilibrar vida íntima e carreira. “Estava furiosa, mas era uma fúria boa. Passei por tantas coisas, muitas vezes sozinha, e não desisti”, diz. Foi assim que Kingdom aprendeu a construir seu reinado, com base no talento e na paixão pela música.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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