Serra do Espinhaço é cenário de 'Pedra de ler', livro de Rodrigo Bragamotta
Neste sábado (6/12), o médico e escritor mineiro lança seu primeiro romance em manhã de autógrafos na Vila 211, no Bairro da Serra
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Encantado pelas paisagens do cerrado mineiro, imerso em visuais montanhosos e curioso quanto às complexidades da Cordilheira do Espinhaço, o médico e escritor Rodrigo Bragamotta escreveu seu primeiro romance, “Pedra de ler”, e o lança neste sábado (6/12), na Vila 211.
Publicado pela editora Cântaro & Cas’a, o livro conta a história de Hilário. Ele nasceu na Vila do Espinhaço, no cerrado. Os rios se entrelaçam ao entorno do povoado e a igrejinha da praça abençoa os populares. Bragamotta descreve o personagem com destaque à reverência pelas montanhas, à Cordilheira do Espinhaço.
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“Margeando a janela da noite, estirada do lado de fora da casa, a montanha é toda prontidão. Hilário vive no corpo a sua presença, um respeito, um temor. Filhos de Xangô são assim mesmo: as montanhas os afetam demais. Na sombra da escuridão, muda, a imensa pedra se deita de Minas à Bahia. A serra no breu aguarda a luz da manhã.”
Esse relevo deslumbra o escritor. “Tenho uma relação muito forte com montanha, sinto o impacto da montanha. Sou uma pessoa totalmente da montanha. Profundamente mineiro, me sinto bem nesses lugares.”
Hilário se envolve com diferentes mulheres, logo nos primeiros capítulos: Adalgisa, Lucíola e Eva. Ele se divide entre elas, que moram longe umas das outras. O homem sempre negou o casamento, não quer se prender ao matrimônio. Até que a jovem Adalgisa fica grávida, apesar da resistência por parte de Hilário.
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FILHO DE XANGÔ
Durante toda a trama, a presença da espiritualidade e da umbanda é marcante. Hilário frequenta terreiros e é guiado por Xangô, “orixá do trovão, do fogo e da justiça”. A personagem Mãe Candinha é parte importante da história. Logo nos primeiros capítulos, na leitura dos búzios, ela definiu o destino daquele que viria a ser o filho de Hilário: Juliano.
“Não tinha escapatória: Juliano precisava vir. Os espíritos avisaram que o menino era filho do cerrado e vinha com um destino, já é compromisso firmado de muito antes.” Em certo ponto, quem “assume” a história é Juliano e a trama continua a partir disso.
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A inspiração de Bragamotta surgiu em meio a uma viagem à região do cerrado, onde visitou sítios arqueológicos de pinturas rupestres, citadas em “Pedra de ler”.
“Na viagem, tive essa inspiração, que foi como um chamado, como se a personagem me chamasse para contar uma história. Então, escrevi dois contos. Primeiro nasceu o conto do personagem central. Não tinha intenção de escrever romance, normalmente a escrita me convoca para algo. Depois, surgiu a história da Lucíola, uma das aventuras de Hilário.”
O autor mostrou a história para uma de suas leitoras, que gostou dos contos e sugeriu que virassem romance. “Não dormi mais na noite em que ela falou isso. É muito doido, parece que estava esperando por essa sugestão”, afirma.
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Bragamotta lançou dois livros de contos, “Escafandro” (2022) e “A neblina tem muitos nomes” (2024). A estrutura de seu romance chama a atenção. “Gosto demais de textos curtos, parecem pequenos contos mesmo, como se fossem uma pintura. Aí vem outra, vem outra. Acho que a leitura tem que ser prazerosa, escrevemos o interno da gente”, diz.
“PEDRA DE LER”
• Romance de Rodrigo Bragamotta
• Editora Cântaro & Cas'a
• 124 págs.
• R$ 70
• Lançamento neste sábado (6/12), das 10h às 14h, na Vila 211 (Rua Estevão Pinto, 211, Serra)
* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco