MÚSICA

Luiz Carlos Sá lança EP após fim da dupla com Guarabyra

Nas cinco faixas de 'Sambas de mato', cantor e compositor registra impressões de toda a sua vivência artística

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Depois de uma circulação, em meados deste ano, que marcou o fim da dupla que manteve por 53 anos com Guarabyra (inicialmente um trio, que se completava com Zé Rodrix), Luiz Carlos Sá segue adiante, sem perder tempo, em carreira solo. Ele acaba de lançar o EP "Sambas de mato", em que registra cinco composições de sua lavra, sendo duas – "Goiana" e "Histórias de Esmeralda" – compostas em parceria respectivamente com Guarabyra e com o amigo de longa data Constant Papineanu, que responde pela produção do disco.

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O EP é, na verdade, o prólogo de um álbum completo que Sá pretende lançar no próximo ano e que trará novas canções em parceria com nomes como Zeca Baleiro, Chico César, Ivan Lins e Almir Sater. Ele explica que a opção por essa espécie de prévia se deu porque as cinco músicas têm uma característica própria, muito calcada na percussão que as une. O ponto de partida é a música "Histórias de Esmeralda", que recebeu de Papineanu junto com o pedido para que fizesse a letra.

"É um baião com uma concepção diferente na parte rítmica. Quando ouvi, pensei que eu tinha outras músicas que iam por esse caminho e que não foram aproveitadas porque não cabiam no repertório da dupla (com Guarabyra)", diz. Ele conta que fez a letra e propôs a feitura do EP a Papineanu, que gostou da ideia e o chamou para começar a trabalhar em sua casa. O produtor já tinha articulado o lançamento pelo selo Kuarup, o mesmo que chancelou um álbum instrumental que tinha acabado de realizar.


Rock rural

Sá explica que, no embalo dos 60 anos de carreira e 80 de vida que completou em 15 de outubro, pensou em aproveitar a parceria com a gravadora e desdobrar o EP no que será o álbum previsto para o próximo ano, de caráter comemorativo, que virá à luz junto com um livro de crônicas. Sobre o nome com que batizou o EP, ele diz que alude a músicas que parecem sambas (algo que também traz em seu DNA, conforme aponta, por ter nascido e crescido em Vila Isabel, na década seguinte à morte de Noel Rosa), mas podem não ser.


"O rock rural (rótulo atribuído ao trabalho que fazia com Sá Rodrix e Guarabyra) também não tinha exatamente a ver com rock, assim como esses 'Sambas de mato' não têm a ver com samba de raiz. Gosto de diferenciar essas palavras já estruturadas como gêneros musicais", diz. Ele observa que, se "Histórias de Esmeralda" é uma composição recente, as outras quatro correspondem ao arco temporal de uma vida, porque resultam de viagens e memórias que guarda desde que se lançou na carreira artística.

A faixa "Belém, Belém, Belém", por exemplo, foi escrita no início dos anos 2000, mas a partir das impressões que guardou de sua primeira ida à capital paraense, ainda no século passado. Outras, ele conta que começou a fazer há quatro ou cinco anos, mas têm origem em episódios que remontam aos anos 1960. É o caso de "Zurunzum", inspirada no som dos tambores que ouvia vindos de um quilombo dentro da mata quando, no final daquela década, se hospedava na casa de uma amiga na baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro.

Inspirações guardadas

"É uma música que, pode-se dizer, comecei a fazer ali, porque a ideia já estava embutida em mim, só não tinha ainda os elementos técnicos para a composição. São buscas que você vai guardando ao longo da vida. As coisas vão se incorporando em você, isso acontece com todo criador", diz. Com relação ao álbum completo, ele prevê o lançamento para março ou abril, mas depende da disponibilidade de seus parceiros de composição, porque quer tê-los como convidados nas gravações das respectivas faixas que assinam.


Sá pondera que apresentar as músicas de forma avulsa também é uma possibilidade. Ele diz querer se adaptar à agilidade pós-moderna. "Considero isso de lançar as coisas meio que aos pedaços, é bom também, porque define uma fase artística. Não sei se vou continuar fazendo discos. É um formato que gosto, mas se não for mesmo fazer, já estou em outra. Não reclamo da idade, sou um cara de sorte, trabalho, tenho vivência, então tenho que fazer com que o exercício da arte seja uma coisa nova, um estímulo de vida", diz.

Sobre o livro de crônicas, ele pontua que é uma compilação de 20 anos de escritos que registram suas impressões de viagens e realizações artísticas. Sá destaca que a publicação resulta de uma "ordem" de seu filho mais velho, Miguel Sá, que é editor da revista digital Backstage. "Ele me via escrevendo, tentando começar vários livros, mas não sou suficientemente disciplinado para ser escritor. Com a crônica é mais fácil de lidar, porque é curta, direta. Esse livro vai ser o fechamento de um ciclo, da minha vivência na dupla com Guarabyra", afirma. 

'Minas vai ter que me engolir'

Luiz Carlos Sá mora em Belo Horizonte desde 2006 e detém, há cinco anos, o título de Cidadão Honorário da capital mineira. Sem disfarçar a alegria, ele diz que, agora, antes do recesso parlamentar de fim de ano, vai receber também o título de Cidadão Honorário de Minas Gerais, por iniciativa do deputado Tito Torres (PSD).

"Nenhum dos deputados me reprovou, acho que até os bolsonaristas assinaram o requerimento para me conceder esse título. Minas vai ter que me engolir, como diria Zagalo", diverte-se. "Sei que os cariocas têm uma fama ruim, mas eu sou um carioca do bem", graceja.

"SAMBAS DE MATO"

. EP de Luiz Carlos Sá
. 5 faixas
. Kuarup
. Disponível nas plataformas digitais

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