MÚSICA

Lenine lança 'Eita", com participações de Bethânia e Maria Gadú

Artista pernambucano considera novo álbum o mais pessoal e emocional de sua carreira. Faixas fazem referências à sua família e ao Nordeste

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Pelo menos duas razões sustentam a afirmação de que o recém-lançado “Eita” é o álbum mais pessoal da carreira de Lenine. Uma delas, segundo o cantor e compositor pernambucano, é que todas as 11 faixas têm letras escritas em primeira pessoa, com forte carga emocional, que fazem alusões ao seu entorno e são dedicadas a pessoas de sua família. A outra é que se trata de um trabalho que sintetiza toda a sua discografia, com sua assinatura como compositor colocada em evidência.

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Ele diz que a constatação dessa característica veio com a feitura do álbum já bastante adiantada. “Tudo meu é muito pessoal, tem uma assinatura, um traço autoral forte, mas acredito que 'Eita' seja mais, porque é muito emocional, expressa a maneira que encontrei de fazer as pazes comigo mesmo. Cada canção revela o que está em torno de mim. Não persegui isso hora nenhuma, mas aconteceu, e hoje sou reconhecido pelo violão que toco, pela música que faço e pela voz que está a serviço dessa música”, diz.

Lenine conta que o álbum começou a tomar forma em 2019, mas que o processo foi interrompido pela chegada da pandemia – “aqueles dois anos extintos da nossa memória” –, e pelo nascimento prematuro do neto Otto, de seu filho Bruno Giorgi, que responde pela produção de “Eita”. “Bruno é o pai do disco e do Otto, que teve que ficar internado, o que mobilizou toda a família. Junto com a pandemia, foram dois acontecimentos que só possibilitaram o lançamento agora”, destaca.


Romance sonoro

O ponto de partida de “Eita” foi o título, o que é uma constante na trajetória do artista. Lenine explica que, quando tem a ideia para nomear um novo trabalho, imagina um esqueleto de canções que possam compor um enredo. “Desde 'Chão' (2011), persigo não fazer uma simples coletânea de músicas, mas insistir na possibilidade de fazer um romance sonoro, o que tem a ver com um encadeamento, com imaginar o disco como se fosse uma suíte ou uma ópera, com cada canção sendo um movimento”, diz.

Todas as faixas têm uma dedicatória. A quinta, que conta com a participação especial de Maria Bethânia e é sintomaticamente batizada “Foto de família”, é para a mãe de Lenine. “Aos domingos” é para seu pai, e “Deita e dorme”, parceria com Arnaldo Antunes, é para o neto recém-chegado. “A família é sustentação, é meu resguardo, meu ninho, é a mola propulsora desse trabalho. O que me trouxe aqui são os meus, e falo não só das pessoas do mesmo sangue; sou um ser gregário, trabalho no coletivo”, afirma.


Além de Bethânia, “Eita” conta com as participações especiais de Maria Gadú, em “O rumo do fogo”; Siba, em “Malassombro”; e Gabriel Ventura, em “Beira”. A primeira é uma parceria com Lula Queiroga e as outras duas foram compostas com os respectivos convidados. Lenine destaca que são pessoas de seu círculo íntimo. “Tudo na minha vida é motivo pelo afeto e pela admiração. Num determinado momento da minha vida me impus isso, só trabalhar com quem eu quero estar perto”, diz.


Nação nordestina

A faixa que dá nome ao álbum é dedicada “à nação nordestina” e é uma espécie de síntese do trabalho, de acordo com o artista, que entende a região em que nasceu como “uma espécie de mãe”. Quatro nomes representam esse Nordeste que ele saúda: Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Letieres Leite e Naná Vasconcelos. Lenine diz que poderia citar outros quatro ou oito artistas nordestinos que têm a mesma importância no que chama de concretude da música contemporânea brasileira.

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“Pensei nesses quatro alicerces do que batizei de MCB, a sigla da tendência musical a que me filio”, diz. Nesse sentido, ele observa, “Eita” se conecta a toda sua obra pregressa. “Reconheço nesse novo trabalho todos os meus álbuns, a minha maneira de tocar, muito peculiar e própria, e as melodias, que também são muito minhas. Nesse disco, estou mais presente na parte da palavra, por isso percebo que ele seja mais pessoal, o que não quer dizer que os anteriores não tenham sido”, explica.


O álbum, cuja ficha técnica traz, na parte instrumental, nomes como Mestrinho, Marcos Suzano, Alberto Continentino e Carlos Malta, entre outros, vai, naturalmente, gerar uma turnê, a partir de maio do próximo ano. “A ideia é sempre ir para a estrada. Essa é uma coisa que descobri muito cedo: sou um fazedor de canções, mas só faço canções para fazer um disco, só faço um disco para montar um show e só monto um show para ir para a estrada”, ressalta Lenine. 

Filme para ouvir

O lançamento de “Eita” é acompanhado por uma produção audiovisual em média-metragem que Lenine classifica como “um filme para se ouvir”. As imagens trazem o artista em diferentes situações, acompanhado por seus convidados, interpretando cada faixa do álbum. Ele diz que essa é a grande novidade do novo rebento em relação a trabalhos anteriores, que entende como “discos para se ver”.

A motivação, segundo Lenine, foi perceber as mudanças na indústria fonográfica que trouxeram a reboque uma urgência que não permite mais que as pessoas consigam dedicar 30 minutos à fruição de um projeto novo e inédito. “Sou um pouco anacrônico, acredito na imersão, na viagem através de um álbum, então pensei nesse filme para se ouvir. Pensei que isso poderia corroborar a proposta de um mergulho no disco”, ressalta.

“EITA”

. Álbum de Lenine

. 11 faixas

. Casa 9

. Disponível nas plataformas digitais

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