Em 2024, o vinil alcançou o primeiro lugar no ranking de comercialização de formatos físicos no Brasil, concentrando 76,7% das vendas do setor fonográfico no país. A procura é maior especialmente entre os mais jovens, nascidos na era digital.


Atento a esse movimento, o colecionador Edu Pampani, proprietário da Discoteca Pública, lança neste sábado (15/11), a partir das 14h, a primeira edição do Troca-Disco do Teresa, no Teresa Café. O evento ocorre no mesmo bairro que abriga a discoteca (Santa Tereza), que completou 20 anos no último dia 8.


“É um encontro para harmonizar café com música popular brasileira. As melhores coisas do mundo”, resume Pampani.

Paulistano de 62 anos, Pampani vende discos há quatro décadas. Iniciou a coleção em 1977, aos 14, quando trabalhava como office boy em São Paulo. “Gastava todo o salário em disco. Gostava de disco barato, usado e na promoção”, conta. Em alguns anos, já acumulava quase 1 mil exemplares.


Em 1986, abriu a primeira loja de discos em Salvador. Chegou a BH em 2002, na época em que, segundo ele, “muita gente jogava disco fora”. O acervo foi ampliado com doações. Hoje, ele é dono de uma das maiores coleções de LPs da cidade, com mais de 15 mil títulos.

O encontro de hoje é voltado para assinantes de clubes de discos de vinil. Pampani explica que a comodidade das assinaturas atrai o público, que paga taxa mensal em torno de R$ 100 e recebe o disco em casa. As edições avulsas também existem, mas custam o dobro da mensalidade, em média.


Selos

Na feira, o colecionador pretende trabalhar com os três principais selos do país. A pioneira Noize, criada em 2014; a Três Selos, de 2019; e a mais recente, Universal, de 2022. Cada uma tem curadoria própria. Todas são focadas em artistas brasileiros.


Na Noize, medalhões da MPB, entre eles Gilberto Gil e Caetano Veloso, convivem com artistas contemporâneos, como Marina Sena e Luedji Luna. A Três Selos, a única com fábrica própria, transita entre nomes como João Donato e Guilherme Arantes, além de artistas da cena alternativa. A Universal reúne amplo catálogo, com títulos dos selos Philips, Polydor, Odeon e Ariola, além de raridades de Chico Buarque e Maria Bethânia, entre outros.

O evento de Pampani funciona assim: cada participante leva discos que não quer mais e tenta trocá-los com outras pessoas. “Assinatura de disco é que nem vinho. Você assina um serviço de vinhos e recebe duas, três garrafas por mês, mas às vezes não gosta de algum. Com o disco é a mesma coisa: assina, mas tem disco que não quer manter na coleção”, explica.


O Troca-Disco do Teresa terá edições sempre no terceiro sábado do mês. Haverá ainda discotecagem com títulos brasileiros dos clubes. O público-alvo, segundo Pampani, é majoritariamente jovem, entre 25 e 35 anos, faixa que, no geral, mais se identifica com os três clubes.

Ouvir música no vinil nem se compara ao streaming, ele garante. Com encarte e ficha técnica nas mãos, o ouvinte tem acesso a nomes de compositores, letras, direção musical e arranjos, entre outras informações. “É aquela coisa palpável do tato. A atenção é bem maior. Acompanhar as letras e cantar junto com o encarte é outro tipo de experiência.”


A dica para iniciantes é não depender apenas da internet, onde um disco novo custa, em média, R$ 200. Pampani recomenda “garimpar” em feiras, eventos e lojas. “Sempre que você sai para comprar um disco, você volta com um monte de informação. Isso é o mais legal do LP”, diz.


TROCA-DISCO DO TERESA
Encontro de assinantes de clubes de discos de vinil. Neste sábado (15/11), das 14h às 19h, no Teresa Café (Rua Mármore, 391, Santa Tereza). Acesso gratuito.

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