Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Jimmy Cliff morreu aos 81 anos crédito: Reprodução / redes sociais
A família do cantor e compositor Jimmy Cliff, um dos maiores nomes da história do reggae, anunciou nesta segunda-feira (24/11) a morte do artista jamaicano, aos 81 anos. De acordo com comunicado assinado pela esposa, Latifa, ele sofreu uma convulsão seguida de pneumonia. Dono de hits como “Many rivers to cross” e “Rebel in me”, o artista tinha profunda ligação com o Brasil.
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“É com profunda tristeza que compartilho que meu marido, Jimmy Cliff, partiu após uma convulsão seguida de pneumonia”, disse Latifa em comunicado. Ela agradeceu aos fãs, amigos e colegas que acompanharam o artista ao longo da vida e pediu privacidade neste momento de luto. O texto também agradece à equipe médica. “Até logo, lenda”, termina a publicação.
Jimmy Cliff deixa uma obra fundamental para o reggae, o ska e a música jamaicana. Entre suas composições mais marcantes está “Many Rivers to Cross” (1969), balada emblemática sobre perseverança e solidão que se tornou símbolo de sua jornada artística.
No mesmo ano, lançou “Vietnam”, forte crítica à Guerra do Vietnã e considerada por Bob Dylan uma das maiores canções de protesto já escritas. Em 1970, veio “You can get it if you really want”, que se transformou em hino de motivação e ganhou nova dimensão no filme “The harder they come” (1972), estrelado pelo próprio Cliff.
O longa, que também trouxe a marcante “Sitting in limbo”, foi decisivo para projetar o reggae internacionalmente e para consolidar a imagem de Cliff como um dos principais porta-vozes da música jamaicana.
Nos anos 1980, o artista alcançou novamente as paradas com “Reggae night” (1983), unindo reggae e pop com uma batida dançante. Outras faixas, como “We all are one”, “Sufferin’ in the land”, “Rebel in me” (1989) e “Now and forever” (1985), reforçaram sua versatilidade ao navegar entre espiritualidade, denúncia social e temas afetivos.
Seu último lançamento, o single “Human touch”, de 2021, revisitou a sonoridade dos anos 1960 e abordou sentimentos de solidão em meio ao período pós-pandemia.
Relação com o Brasil
Jimmy Cliff manteve uma relação intensa com o Brasil ao longo da vida. A história começou em 1968, quando veio ao Rio de Janeiro para participar do Festival Internacional da Canção com “Waterfall”. A passagem o inspirou a compor “Wonderful world, beautiful people” e o motivou a gravar o LP “Jimmy Cliff in Brazil”, com versões em inglês de canções brasileiras.
Durante os anos 1980, Cliff se tornou presença constante no país — especialmente no Rio. Em 1984, ele reforçou essa ligação ao gravar, nas praias cariocas, o clipe de “We all are one”, dirigido por Tizuka Yamasaki.
Cliff também construiu fortes laços com a Bahia, onde se aproximou da cultura afro-brasileira e encontrou conexões espirituais profundas. Em 1992, nasceu em Salvador sua filha Nabiyah Be, fruto do relacionamento com a psicóloga baiana Sônia Gomes da Silva. Hoje atriz, Nabiyah participou de “Pantera Negra”, sucesso global da Marvel, orgulho constante de Cliff.
Também foi em território baiano que, em 1980, minutos antes de subir ao palco ao lado de Gilberto Gil, Cliff recebeu a notícia da morte do pai. Mesmo abalado, decidiu seguir com o show: “Veio uma energia muito forte aquela noite. Consegui me ouvir cantando com uma força que nunca tinha sentido”, relembrou anos mais tarde.
O Brasil também acompanhou sua projeção no cinema, com o impacto de “The Harder They Come” e, posteriormente, com a reinterpretação de “The Harder They Come” pelos Titãs, transformada em “Querem meu sangue” no “Acústico MTV”.
A Jamaica, uma pequena ilha caribenha, completa neste 6 de agosto os 63 anos de sua independência do Reino Unido.
D Ramey Logan/Wikimédia Commons
Ao longo das décadas, o país conquistou o mundo com cultura vibrante e uma identidade que transborda resistência e criatividade.
Wikimedia Commons/Raychristofer
A Jamaica é hoje uma das nações mais influentes da região do Mar do Caribe, no continente americano, não por seu tamanho, mas por sua voz poderosa, que ecoa por meio da música, do esporte, da religião e da força de seu povo.
Reprodução do Youtube Canal Rodrigo Ruas
A história da Jamaica carrega as marcas da colonização europeia e da escravidão.
Reprodução do Facebook
Descoberta por Cristóvão Colombo em 1494, a ilha foi inicialmente colonizada pelos espanhóis, mas passou ao domínio britânico em 1655, tornando-se uma importante colônia de produção de açúcar, sustentada pelo trabalho forçado de africanos escravizados.
Flickr Laura Bullock
Durante séculos, a população negra jamaicana resistiu, seja por meio da luta armada dos marrons - como eram chamados os escravizados que escapavam e formavam comunidades independentes -, seja por meio da cultura e espiritualidade que preservaram suas raízes africanas.
Flickr Paul Kagame
O movimento pela independência ganhou força no século 20, com lideranças como Marcus Garvey, figura central do nacionalismo negro e precursor do panafricanismo, e com a pressão por mais autonomia nas décadas seguintes.
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A independência foi oficialmente conquistada em 6 de agosto de 1962, com a criação de um Estado soberano dentro da Commonwealth britânica - organização de países independentes, a maioria deles ex-colônias do Reino Unido.
ITookSomePhotos/Wikimedia Commons
Não se pode falar da Jamaica sem mencionar sua importante contribuição para a cultura mundial - em especial à música.
Divulgação
O país é o berço de gêneros como o reggae, o ska, o dub e o dancehall. O ícone máximo é Bob Marley, cuja música transcendia ritmos e falava de liberdade, amor e justiça social. O reggae, inclusive, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2018.
Celeb Journey - Flickr
Além de Marley, a Jamaica produziu nomes como Peter Tosh, Jimmy Cliff, Shaggy, Sean Paul e Burning Spear, entre muitos outros.
Divulgação Site Oficial
A espiritualidade rastafári, com suas raízes na cultura etíope e na resistência negra, também é parte inseparável dessa identidade musical e filosófica. Esse movimento religioso foi popularizado justamente pelo reggae e Bob Marley.
reprodução youtube Juggenaut JOe
No esporte, a Jamaica é uma superpotência olímpica em velocidade. A nação orgulha-se de atletas como Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo e oito vezes medalhista de ouro em Jogos Olímpicos, e Shelly-Ann Fraser-Pryce, uma das maiores velocistas da história.
Reprodução/Instagram Vinícius
Com uma população de pouco menos de 3 milhões de habitantes, o país impressiona pelo número de medalhas e recordes olímpicos conquistados, especialmente no atletismo.
Erik van Leeuwen/Wikimedia Commons
A Jamaica é também um dos destinos turísticos mais cobiçados do Caribe. Suas praias de águas cristalinas, cachoeiras, montanhas verdejantes e clima tropical convidam ao descanso e à aventura.
Deo /Wikimédia Commons
Entre os destaques estão a icônica cachoeira de Dunn’s River Falls, o Blue Mountains - onde se cultiva um dos cafés mais famosos do mundo, e o Negril, com suas falésias e belo pôr do sol.
Breakyunit/Wikimédia Commons
Ainda se destacam como pontos turísticos a cidade de Montego Bay, com resorts e vida noturna vibrante, e a capital Kingston, coração da cultura que sedia o Museu Bob Marley, instalado na antiga casa do ícone da música.
Grahampurse/Wikimédia Commons
A culinária jamaicana é uma das mais ricas, marcantes e reconhecíveis do Caribe, representando uma fusão de influências africanas, britânicas, indígenas, espanholas, chinesas e indianas.
Reprodução do Youtube Canal Rodrigo Ruas
Entre os pratos típicos jamaicanos estão o jerk, com carne de franco, porco ou peixe marinada e cozida com pimentas fortes, e o Ackee e peixe salgado, feito com um fruto amarelo chamado ackee cozido com bacalhau salgado, cebola, tomate e especiarias.
Reprodução do Youtube Canal Rodrigo Ruas
Atualmente, a Jamaica tem cerca de 2,8 milhões de habitantes. É um dos países mais populosos do Caribe anglófono, embora seu território seja relativamente pequeno - cerca de 11 mil km², o que a torna uma ilha compacta, mas extremamente influente culturalmente.
Reprodução do Youtube Canal Rodrigo Ruas
A língua oficial do país é o inglês, usada em documentos, educação, mídia formal e governo. Porém, a língua do cotidiano da maior parte da população é o Patois jamaicano, um dialeto crioulo baseado no inglês, mas com forte influência de línguas africanas
Balou46/Wikimédia Commons
Tendências
O Trends, plataforma do Google que monitora dados sobre o buscador, mostra que o termo "Jimmy Cliff" é um dos mais procurados no Brasil nos últimos sete dias. São cerca de 100 mil procuras desde essa segunda-feira (24).
O alto índice de pesquisa tem como principal motivação a morte do ícone do reggae. Entre as buscas relacionadas estão "Harumi Ishihara", a ex-participante do Big Brother Brasil que se relacionou com Cliff nos anos 1980.