Mistura do filme “Sexta-feira muito louca” com a série “American horror story” com tempero brasileiro. É dessa maneira que o roteirista Juan Jullian define “Reencarne”, seriado que estreia amanhã (23/10) no Globoplay. São muitos personagens e histórias nesta trama que traz terror e melodrama. O cenário é o interior de Goiás, ao longo de duas décadas.
Taís Araújo, que acabou de se despedir da Raquel Acioly de “Vale tudo”, é uma das estrelas da produção. Aqui, em papel bem diferente. Ela interpreta a delegada Bárbara Lopes, mulher cética e durona que revê os próprios conceitos quando se depara com histórias difíceis de serem explicadas.
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Há 20 anos, os policiais Caio (Pedro Caetano) e Túlio (Welket Bungué) investigam estranhos assassinatos em uma cidadezinha goiana. Durante a operação, Caio é morto com um tiro. Acusado pelo crime, Túlio é preso. Nos dias atuais, depois de ter cumprido pena pelo crime que não cometeu, o ex-policial pensa em tirar a própria vida.
Prestes a se matar, Túlio recebe a visita de Sandra (Julia Dalavia), que afirma ser a reencarnação de Caio. A aparição da jovem reabre a investigação dos antigos assassinatos, agora comandada pela delegada Lopes. As experiências sobrenaturais que ela vive colocam à prova toda a racionalidade com que leva a vida.
As respostas, se é que existem, parecem estar com o cirurgião Feliciano (Enrique Diaz). Sua mulher, Cássia (Simone Spoladore), está muito doente. Para manter o corpo dela vivo, ele ultrapassa qualquer limite ético envolvendo outras vidas.
É muita coisa acontecendo e grande gama de personagens, além do grupo principal. “É uma tentativa de falar um pouco mais de identidade, tema muito atual, especialmente com as redes sociais, onde todos nós vestimos várias máscaras. Qual é a máscara que você veste? Quem somos nós diante da morte?”, comenta a roteirista Amanda Jordão a respeito de algumas das questões que “Reencarne” pretende tratar.
Produção criada a muitas mãos – os já citados Jullian e Amanda Jordão, além de Elisio Lopes Jr., Flávia Lacerda e Igor Verde – e com direção artística de Bruno Safadi, realizador com trajetória consistente no cinema independente, “Reencarne” foi rodada há dois anos. A série será lançada integralmente, com todos os episódios de uma só vez.
Na entrevista coletiva virtual para apresentar a atração, muito se falou sobre “terror sertanejo”. “Ao escolhermos o Centro-Oeste, nos interessava o ambiente, a aridez do interior de Goiás que o Bruno (Safadi) explorou muito bem. A série trata da passagem que é a vida. E o centro do país tem proximidade grande com o céu, com imagens fortes”, comenta Elisio Lopes Jr.
Música sertaneja
Sobre a música sertaneja, “independente de subclassificações”, ele diz que essa trilha é muito importante para a trama. “A música conta histórias com sentimentos e emoções exacerbadas. E a gente queria se aproximar do melodrama”, acrescenta Elisio.
As canções série são de ontem e de hoje. De “Um violeiro toca” (Renato Teixeira e Almir Sater) a “Dormi na praça” (sucesso do repertório de Bruno & Marrone).
Safadi, que também dirigiu a série “Aruanas”, diz que fazer terror é um presente. “Ele trabalha com a ideia da sugestão, do medo do que não se vê e não se entende. Isso já é um convite para a imaginação. E 90% do terror de ‘Reencarne’ é analógico, não é computação. Os sustos foram criados a partir da caracterização. Uma lente no olho da Taís, um sangue no rosto do Taumaturgo Ferreira, e também na criação sonora, na montagem.”
Terror, definitivamente, não é a praia do elenco, a começar por Taís Araújo. Uma coisa é assistir e outra fazer, comenta a atriz.
“Não sou espectadora de terror, e quando o convite surgiu, pensei: ‘O que falta fazer?’ Resolvi passear por outros gêneros. Quando peguei o roteiro, achei muito original. O terror no Centro-Oeste é quente, suado. (Até então) Ninguém tinha me dado um personagem que segurava uma arma”, afirma.
“Com tantos anos de carreira, me senti seduzida por me colocarem em um lugar diferente. Bárbara é uma mulher cética que de repente é atravessada pelo sobrenatural e se vê obrigada a lidar com ele”, prossegue.
Aventura
A atriz gostou da experiência. “Dar susto é divertido. A gente não tem o terror da pós-produção, então tudo veio muito da atmosfera que criamos. Entrava num cenário, por exemplo, com um olho branco. Foi um exercício muito diferente.”
O ator Enrique Diaz concorda: “Foi uma aventura muito louca, um trabalho fora da curva não só pelo gênero quanto pela narrativa. Eu e a Taís somos praticamente uma pessoa, então foi uma coisa meio fáustica no sentido do poder sobre a vida, entre a ciência e a tirania.”
“REENCARNE”
• A série, com nove episódios, estreia amanhã (23/10), no Globoplay. O primeiro episódio estará disponível também para não assinantes.
