Letícia Vieira é Luna, que não consegue evitar sua transformação em loba-guará, conforme as fases da lua - (crédito: Paulo Belote/Divulgação)
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Mistério, terror, fantasia, romance, criaturas fantásticas – poderia ser a receita da saga “Crepúsculo”, mas a ambientação no cerrado mineiro, os elementos de brasilidade e uma temática que aborda ciência, ética, autoaceitação e outras questões contemporâneas garantem a autenticidade de “Vermelho sangue”, nova série original Globoplay, que estreia nesta quinta-feira (2/10), com a liberação dos seis primeiros episódios. No próximo dia 9, os outros quatro serão disponibilizados.
Com locações na Serra da Canastra e em Catas Altas, no Santuário do Caraça, a história, escrita a quatro mãos por Rosane Svartman e Claudia Sardinha, se passa na fictícia cidade de Guarambá, onde vivem as jovens Luna, interpretada por Letícia Vieira, e Flora, papel de Alanis Guillen.
A primeira se transforma em loba-guará nas noites de lua cheia, ao passo que a segunda é vista como uma figura estranha pelos jovens da cidade, porque nutre o desejo de ser e viver o extraordinário.
Para Luna, a transformação é um fardo; para Flora, a falta dela é uma frustração. A relação entre as jovens, que compartilham a sensação de não caberem nos lugares onde vivem, é acompanhada pelos vampiros bicentenários Michel, vivido por Pedro Alves, e Celina, papel de Laura Dutra, que chegam à cidade fingindo serem irmãos.
Por trás da fachada de uma empresa que financia o Instituto de Biologia de Guarambá, eles querem explorar a diversidade local e investigar a genética do lobo-guará.
Alanis Guillen é coprotagonista da série original Globoplay, que terá seis de seus 10 episódios lançados hoje
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Retrato da época
Rosane Svartman observa que os livros de “monstros” sempre existiram em diálogo com o espírito de sua época. Ela diz que essa foi a inspiração para “Vermelho sangue”, a partir de uma encomenda feita pelo Globoplay para que escrevesse uma série sobre vampiros.
“Eu achava que tinha que ser uma história bem brasileira, aí me veio a ideia de que o lobisomem faz parte da nossa cultura”, afirma. O passo seguinte foi pensar em como trazer frescor para a narrativa.
“Quis mudar o ponto de vista, com o olhar do nosso tempo, e aí veio o desejo de trazer uma mulher para o centro da trama. Por que não uma 'lobimoça' em vez de um lobisomem? Depois pensamos no lobo-guará, que é genuinamente brasileiro”, comenta.
“É uma história que respeita o código do gênero fantástico, mas com essa cara de brasilidade”, diz. Claudia Sardinha acrescenta que, dentro dessa proposta, “Vermelho sangue” é, também, uma história de autoaceitação e autodescoberta.
“Temos aí uma personagem querendo ser normal e a outra querendo ser extraordinária. Tem os conflitos internos e externos, com a chegada dos vampiros com um interesse ambicioso de explorar o genoma do lobo”, cita.
Diretora da série, Patrícia Pedrosa diz que foi um desafio costurar os diversos fios que compõem a trama. Ela conta que sua primeira reação, quando recebeu o texto das mãos das autoras, em 2022, foi ficar apavorada.
“Como contar história de vampiros e lobisomens com componentes da brasilidade presentes, com o DNA da nossa cultura, nosso país, nossa língua? É uma série de fantasia, é um romance, é uma aventura, tem mortes, quer dizer, vai do terror à comédia romântica, falando de ciência, ou seja, passa por muitos lugares. O desafio foi achar uma unidade, um ecossistema para esses temas pensados pelas autoras”, afirma.
Letícia Vieira tem na série seu primeiro trabalho como atriz. Ela conta que não sabia sequer como olhar para uma câmera quando surgiu a oportunidade de um teste para o papel. “Fui me descobrindo. Se atuar já era um desafio, protagonizar teve um peso muito grande. Imaginar-me como uma loba exigiu tirar um animal de dentro de mim. No primeiro dia de testes, minhas pernas tremiam muito”, conta. Segundo Patrícia, quando ela assistiu à gravação do teste, falou com Rosane, e elas não tiveram dúvidas sobre a escolha.
Outros personagens importantes da trama são Carol (Heloísa Jorge), cientista especializada em genética e mãe superprotetora de Luna; Otto (Rodrigo Lombardi), diretor do Instituto de Biologia de Guarambá; Elizabeta (Alli Willow), líder do clã dos vampiros; Barbina (Bete Mendes), avó de Flora que acredita no sobrenatural; e Socorro (Fafá Rennó), filha de Barbina, que trabalha no refeitório do Instituto de Biologia e conseguiu, assim, uma bolsa para a filha Flora.
Mineira no elenco
Além de Letícia Vieira, outra estreante como atriz é Ana de Santana, que é mineira de Uberlândia. Modelo que já trabalhou para várias marcas internacionais, ela interpreta Juliana, que é apresentada como parte do grupo que caçoa de Flora, sua antiga melhor amiga.
Filha do delegado Edgar (Che Moais), a personagem estuda no Instituto de Biologia e, a princípio, parece presa a uma mentalidade limitada, repetindo padrões e preconceitos herdados do pai. Ana de Santana segue fazendo cursos de aperfeiçoamento artístico. Recentemente, ela foi aprovada para a Kingdom Drama School, em Londres.
“VERMELHO SANGUE” Série original Globoplay, de Rosane Svartman e Claudia Sardinha, com direção de Patrícia Pedrosa. Os seis primeiros episódios estreiam nesta quinta-feira (2/10) na plataforma, e os quatro restantes serão disponibilizados no próximo dia 9.