Debate em BH

Escritora Lina Meruane participa do FLI BH nesta quinta-feira (23/10)

Autora chilena é convidada de mesa-redonda sobre apartheid na Palestina e ditadura no Chile, às 19h15, na Funarte-MG

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Dois contextos de violência extrema, distantes no tempo e no espaço, convergem no debate “Entre o apartheid na Palestina e a ditadura no Chile”, do qual a premiada escritora chilena Lina Meruane participa nesta quinta-feira (23/10), no Festival Literário Internacional de Belo Horizonte (FLI BH), na Funarte-MG. A mediação da mesa, marcada para as 19h15, será feita pela editora Maíra Nassif e pela escritora e tradutora Mariana Sanchez.

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O tema do debate se relaciona com dois lançamentos de Lina: a nova edição, ampliada, de “Tornar-se Palestina” (2013) e o inédito “Sinais de nós”, ambos publicados pela Relicário Edições, de Maíra.

O primeiro, misto de crônica, ensaio político e reflexão linguística, resultou da viagem que a autora, que tem ascendência palestina, fez a Beit Jala, cidade de seus ancestrais, próxima a Jerusalém, em 2012. No segundo, ela revisita sua infância durante a ditadura de Augusto Pinochet.


O que aproxima os dois cenários, segundo Lina, são tipos de governo que usam a violência contra o cidadão, embora, conforme ressalva, não se possa dizer que os palestinos sejam propriamente considerados cidadãos israelenses, apesar de viverem no mesmo território, porque há uma situação de ocupação em que não se reconhece nenhum direito político deles. A conexão mais clara, ela diz, é uma situação de violência que ultrapassa os limites da lei.


“O que temos é abuso, desaparecimento, assassinato e encarceramento sem julgamento durante períodos prolongados, o que significa uma forma de detenção ilegal ou de sequestro. Todas essas coisas aconteciam no Chile da ditadura e estão a acontecer há décadas em Israel, só que agora de forma acelerada, neste momento de genocídio que a cidadania global pode ver com muita clareza”, diz.


Outra conexão que ela vai ressaltar no debate é a forma como a linguagem é utilizada para ocultar a realidade, não para mostrá-la.

Manipulação

A autora, que atualmente leciona escrita criativa na Universidade de Nova York, observa que há manipulação e falsificação dos fatos, “para dar uma versão à cidadania israelense e também ao mundo de que as coisas que estão a acontecer não estão a acontecer, de que a fome é uma invenção e que, na verdade, o que está a ser mostrado não são crianças, mas sim bonecos, para dar um exemplo”.


Lina destaca que subjaz nesse ardil a ideia fundamental de que o algoz é, na verdade, a vítima.


“Israel e, no passado, a ditadura chilena utilizam sempre o argumento da autodefesa, da defesa do país, da segurança, da vida. Lembro-me muito claramente de que na ditadura chilena se falava em extirpar o câncer marxista do Chile. No caso israelense, fala-se no direito à defesa desta violência inexplicada e barbárica dos palestinos. Tudo isso, claro, entre aspas”, diz.

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Há, por um lado, um ocultamento da realidade feito através da linguagem, e por outro, a acusação às vítimas de merecerem aquilo que lhes é feito, segundo Lina.


Ela destaca que sempre teve consciência de fazer parte da diáspora palestina, “dessa grande comunidade que vive no Chile – a maior fora do mundo árabe”. Isso, no entanto, nunca a havia levado a refletir profundamente.


“Essa reflexão só se ativou em 2012, quando viajei para Israel e os territórios palestinos ocupados.” Ela conta que, antes, houve um momento importante, quando chegou aos Estados Unidos, em 2000, e ocorreu o ataque às Torres Gêmeas, inicialmente atribuído a Yasser Arafat e aos palestinos, de forma geral.


“Carregava nome e sobrenome palestinos, árabes, e, como recém-chegada latino-americana, isso me colocava em uma situação de risco. Pela primeira vez, passei a enxergar minha identidade palestina como um problema”, recorda.


A reedição ampliada de “Tornar-se Palestina”, com o acréscimo da terceira parte e prefácio de Milton Hatoum, deveu-se, entre outras razões, à boa recepção que ele teve no país. O livro vendeu mais de 15 mil exemplares. “A edição original se expandiu ao longo de 10 anos”, destaca Lina.


Lógica neoliberal

Ao comentar “Sinais de nós”, a autora afirma que a ditadura chilena ainda ressoa no atual contexto do país, assim como acontece no Brasil.


“A ditadura gerou mudança na forma de administrar a política e a economia no Chile. E gerou, ao longo de 18 anos, a transformação de valores do que significa viver junto. Passamos de país com uma vontade política e econômica solidária para a lógica neoliberal de grande competição e exigência de sobrevivência individualista”, ressalta.


FLI BH


Debate “Entre o apartheid na Palestina e a ditadura no Chile”, com Lina Meruane. Mediação de Maíra Nassif e Mariana Sanchez. Nesta quinta-feira (23/10), às 19h15, na Funarte-MG (Rua Januária, 68, Centro). Entrada franca.

A escritora está na cidade em parceria do FLI BH com a MOLLA - Mostra do Livro Latino-americano.

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