Mauro Sousa, que intepreta o pai no filme que estreia em todo o Brasil, garante: com Mauricio de Sousa, não tem tempo ruim crédito: Iury Senck/Divulgação
“Quero viver dos meus desenhos”, repete Mauricio de Sousa, interpretado pelo filho, Mauro Sousa, na cinebiografia que estreia hoje (23/10), quatro dias antes de o quadrinista completar 90 anos, na segunda-feira.
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“Mauricio de Sousa – O filme” relembra três décadas da vida do criador da Turma da Mônica, com roteiro aprovado por ele. Vai do primeiro gibi, em 1970, ao sucesso.
O diretor e roteirista Pedro Vasconcelos leva para a tela o estilo e o tom dos quadrinhos de Mauricio. Na maioria das cenas, a câmera permanece estática e a ação se desenrola nos quadros, lembrando as tirinhas impressas. O resultado é um filme bem-humorado, com narrativa simples voltada para o público infantil.
“Queria o tom gostoso das histórias em quadrinhos”, afirmou o diretor em coletiva de imprensa. “Crescemos com a Mônica, o Cebolinha, o Cascão e todo mundo se divertindo dentro daqueles quadros. O filme tinha de ser divertido, como a gente reconhece a obra dele”, explicou.
A trama começa em 1940, em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo. Logo no início, apresenta experiências que inspiraram os personagens de Mauricio, como as escapadas para roubar goiaba na fazenda do vizinho e o chulé do menino que a mãe apelidara de “Cascão”.
Para o diretor, foi essencial revisitar esta fase da vida de Mauricio. “Na infância, agregamos a nossa essência e a nossa verdade. É um momento muito sincero da nossa vida. Queria saber o que o motivou, os primeiros elementos que fizeram com que se tornasse quem veio a ser, como foi a infância do cara que marcou a infância de todo mundo”, afirmou Pedro Vasconcelos.
A paixão de Mauricio por quadrinhos surge repentinamente, ao encontrar um gibi no chão. Interpretado primeiramente por Diego Laumar, o protagonista fica viciado em HQs, aprende a ler para poder consumir aquelas histórias e abandona a vocação para o canto para para se dedicar ao desenho.
Adulto, muda-se para a capital paulista com a mãe e os irmãos. Enquanto aguarda uma oportunidade para iniciar a carreira, trabalha como repórter e revisor de textos no jornal Folha da Tarde. Foi lá que surgiu Bidu, a primeira tirinha do cachorro azul saiu em 1959.
O longa é otimista, mas não ignora as dificuldades enfrentadas por desenhistas no século 20. Mauricio chegou a ser obrigado a queimar sua coleção de gibis, foi aconselhado a desistir dos quadrinhos e considerado subversivo por presidir a Associação dos Desenhistas de São Paulo.
O diretor Pedro Vasconcelos se propôs a reviver as emoções do quadrinista. “Somos feitos de momentos que compõem a história do filme da nossa vida. Queria muito que as pessoas tivessem o impacto das emoções que o Maurício viveu. O que ele estava sentindo e pensando, como ele reagiu emocionalmente – das conversas com a avó na infância ao desenvolvimento de seu trabalho. Minha brincadeira foi explorar os sentimentos do Maurício para o público viver, com ele, a sua história”, afirmou.
Serenidade
O bom humor superou obstáculos. O sorriso constante e a serenidade em situações críticas parecem surpreendentes em alguns momentos. Mauro Sousa garantiu que isso tudo reflete fielmente a personalidade do pai.
“Com ele não tem tempo ruim. Está sempre sorrindo, não importa o que esteja acontecendo no mundo. Sempre otimista, sempre olhando para a frente. É por isso que tem tantos fãs. Criou o que criou porque realmente acreditou muito nele, no trabalho dele e no talento dele”, disse o ator.
O filme também revela a criação dos personagens principais de Mauricio. Depois de Bidu e Franjinha, surgiram Cebolinha, Horácio (considerado o alter ego do autor) e Mônica, em 1963, além de Magali e Cascão. Há momentos dedicados aos núcleos independentes da Turma da Mônica, com Chico Bento, Astronauta e a Turma do Penadinho.
Mauricio de Sousa com Cascão, Mônica, Cebolinha e Magali, personagens queridos do Brasil Caio Galucci/Divulgação
Memória
Além de narrar a trajetória de Mauricio de Sousa, o longa presta homenagem ao artista que faz parte da memória de várias gerações de brasileiros.
“Queria mostrar para todo mundo que aquele homem que tem uma obra grandiosa está ali pegando ônibus, como todo mundo, devendo aluguel, como todo mundo, passando dificuldade financeira, como todo mundo, e sendo rejeitado, como todo mundo. Queria mostrar o Mauricio como todos nós para as pessoas poderem entender que se este cara conseguiu, elas também conseguem”, finalizou Pedro Vasconcelos.
Brasil, 2025, 95min. Direção: Pedro Vasconcelos. Com Mauro Sousa e Diego Laumar. Estreia nesta quinta-feira (23/10), em salas dos shoppings BH, Boulevard, Cidade, Contagem, Del Rey, Diamond, Itaupower, Minas, Monte Carmo, Pátio Savassi, Ponteio e Via Shopping.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria