MÚSICA

"O artista está ficando subserviente ao algoritmo", diz Leoni

Cantor e compositor, que faz o show "40 anos de estrada", nesta sexta-feira (9/5), em Belo Horizonte, analisa o atual cenário da produção musical

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Enquanto boa parte do rock nacional dos anos 1980 soava como um grito de guerra, Leoni preferiu o sussurro. Seguindo caminho diferente de seus contemporâneos – Legião Urbana cantava “Soldados”, Plebe Rude perguntava “Até quando esperar” e os Engenheiros do Hawaii denunciavam “Toda forma de poder” –, o então baixista e principal letrista do Kid Abelha mirava as contradições emocionais.


Foi assim que compôs, entre outras, “Como eu quero” (com Paula Toller), “Por que não eu?” (com Herbert Vianna) e “Pintura íntima” (também com Toller). Depois viriam “Garotos II – O outro lado”, “Exagerado” (com Cazuza) e “A fórmula do amor” (com Léo Jaime). São sucessos que atravessaram gerações e transformaram Leoni numa espécie de cronista dos sentimentos mais íntimos do ser humano.


“Relacionamento e amor são os assuntos mais presentes na música popular do mundo inteiro. Mas, quando fiz essas canções, o país saía de uma ditadura, e eu sentia falta de músicas que falassem da nossa vida. A vida dos jovens nas grandes cidades”, diz o cantor.


Foi o cotidiano de uma geração marcada por conflitos profundos que ele levou para suas letras. “O engraçado é que, com o tempo, eu fui deixando um pouco de lado os assuntos de relacionamento para falar de diversas outras coisas. Mesmo assim, as pessoas ainda pensam em mim só como compositor de relacionamentos”, comenta, bem-humorado.


O tempo a que Leoni se refere são as quatro décadas de carreira, que ele comemora em Belo Horizonte nesta sexta-feira (9/5), com o show “40 anos na estrada”. É a última apresentação da turnê iniciada em 2023 – por coincidência, também na capital mineira.


Durante os anos no Kid Abelha (1981-1986), no Heróis da Resistência (1986-1993) e na carreira solo (desde 1993), Leoni acumulou pouco mais de 300 músicas autorais, muitas delas em parceria com outros artistas. É um número expressivo e, justamente por isso, um desafio na hora de montar o repertório do show.


Em quase duas horas, o músico condensa sua trajetória. Da new wave de “Seu espião”, álbum de estreia do Kid Abelha – quando a banda ainda assinava como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens –, passando pelo pop rock introspectivo do Heróis da Resistência (com “Doublé de corpo” e “Só pro meu prazer”), até chegar à MPB pop romântica da fase solo. As baladas, independentemente da época, foram deixadas para o fim.


Nessas quatro décadas, Leoni atravessou as eras do vinil, fita cassete, CD, MP3 e agora enfrenta o polêmico algoritmo, com plataformas de áudio e redes sociais ditando os rumos da música. “Houve uma democratização da produção artística, é verdade. Por outro lado, o artista está ficando subserviente ao algoritmo. Em vez de ser a parte rebelde da sociedade, muitos passaram a ser a parte mais escravizada, tentando entender como agradar ao sistema”, avalia.


A saída, segundo ele, passa pela coletividade. “Imagine uma plataforma brasileira – de preferência estatal – e lugares para a gente tocar coletivamente! A gente ficou muito atomizado com essa coisa de querer agradar ao algoritmo. Outros artistas passaram a ser vistos como concorrentes, e não parte de uma cena. Precisamos mudar essa percepção. Só que eu não vejo isso acontecendo tão cedo”, afirma.

“40 ANOS NA ESTRADA”


Show de Leoni. Nesta sexta-feira (9/5), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Últimos ingressos à venda por R$ 200 (plateia 2 / inteira) e R$ 160 (plateia 3 / inteira), na bilheteria ou pelo Sympla. Informações: (31) 3270-8100.


OUTROS SHOWS

>>> JANE DUBOC E GILSON PERANZZETTA

A cantora Jane Duboc e o pianista, compositor e arranjador Gilson Peranzzetta se apresentam nesta sexta (9/5) e sábado, às 21h, no Clube do Jazz Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Savassi).

O show integra a turnê de lançamento do disco “Celebrando Ivan Lins”. Ingressos: R$ 25 (balcão / preço único) R$ 45 (assento individual / preço único), R$ 50 (mesa para 2 pessoas na área externa), R$ 90 (mesa para 2 pessoas na área interna), R$ 100 (mesa para 4 pessoas na área externa) e R$ 180 (mesa para 4 pessoas na área externa), à venda no Sympla.


>>> MERCADO DO ROCK

O show do vocalista da banda Raimundos, Digão, é o destaque da primeira edição do Mercado do Rock, nesta sexta-feira (9/5), a partir das 22h, no rooftop do Mercado de Origem (Rua Adriano Chaves e Matos, 447, Olhos D'Água).

O roqueiro vai se apresentar junto com a banda L6. Também está na programação o show do grupo CASH. Ingressos à venda por R$ 40 (lote 3), pelo site bilheteriafacil.com.br.


>>> SAFADÃO E NATANZINHO LIMA

Neste sábado (10/5), a partir das 15h, Wesley Safadão e Natanzinho Lima vão se apresentar na Esplanada do Mineirão (Av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, São Luiz).

Na ocasião, Natanzinho Lima vai gravar seu novo DVD ao vivo. Últimos ingressos: R$ 550 (Camarote Black / meia), R$ 390 (camarote open bar / meia), R$ 320 (frontstage / inteira) e R$ 160 (frontstage / inteira), pelo site rbxeventos.com.br.


>>> PÉROLAS MINEIRAS

A cantora Paula Santoro apresenta o show “Pérolas de um Brasil profundo”, neste sábado (10/5), às 19h, no Centro Cultural Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia).

 O repertório faz homenagem à musicalidade de Minas Gerais, com canções do Clube da Esquina. Ingressos à venda por R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), na bilheteria ou pelo Sympla.


>>> ORQUESTRA OURO PRETO

A Orquestra Ouro Preto faz tributo ao A-Ha neste domingo (11/5), às 11h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). O repertório é inspirado no álbum “On tour in Brasil” (1989), que inclui os hits “Take on me”, “Hunting high and low” e “Crying in the rain”. Últimos ingressos à venda por R$ 30 (plateia 3 / inteira) e R$ 15 (plateia 3 / meia), na bilheteria ou pelo Sympla.

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