
Saulo Duarte desembarca em BH com o tecnobrega do Norte do país
Artista paraense faz show de lançamento de "Digital Belém", hoje (27/9), em BH. Disco é uma mistura de ritmos latinos, do carimbó e do kuduro
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Siga noO cantor paraense Saulo Duarte chega a Belo Horizonte para o show de lançamento de “Digital Belém”, nesta sexta-feira (27/9), n' Autêntica. No repertório, faixas do novo álbum e clássicos da música do Pará. A apresentação terá abertura e participação da Orquestra Atípica de Lhamas, banda de cumbia nascida no carnaval da capital mineira.
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Em entrevista ao Estado de Minas, Saulo falou sobre as influências do tecnobrega, estilo criado no Norte do país, que mistura diversos ritmos latinos e ganhou uma legião de fãs em outras regiões do Brasil.
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Parte das diversas influências de ritmos e elementos da música latina no tecnobrega, segundo o artista, pode ser atribuída às ondas do rádio. Nos anos 1960 e 1970, governos da América Latina utilizavam o veículo de comunicação para difundir mensagens políticas – e quanto maior o alcance das transmissões, melhor. Isso fez com que a Região Norte do Brasil sintonizasse as chamadas “ondas tropicais” que vinham de países vizinhos e até do Caribe.
“Na memória das pessoas, as rádios do Caribe sintonizavam com mais nitidez do que as do Rio de Janeiro, foi assim também no Maranhão com a Jamaica e o reggae”, explica Saulo. “Conversando com o Manuel Cordeiro, produtor paraense lendário que colaborou no 'Digital Belém', ele me contou que no início da carreira ficava ouvindo essas rádios e tentando imitar as músicas nos instrumentos. Então, é claro que ia ter essa intercessão”, explica o músico.
Para Saulo a origem direta do brega vem do rock romântico, alguns vindos, inclusive, da Itália. “A origem de tudo é mistura mesmo”, destaca o cantor. O artista conta que suas primeiras experiências com o ritmos foram nas Aparelhagens, que são festas de tecnobrega, antes mesmo de o tecnobrega ser um estilo.
Mestre Vieira
“Festas que tocavam ritmos latino-amazônicos e muito carimbó, e o brega mais antigo”, lembra ele. Porém, conforme diz, as festas não eram vistas somente como influência musical. “E sim nesse imaginário de festa popular, e de ouvir e fazer música para dançar e se apaixonar”, afirma.
Vale ressaltar que o estado do Pará, pela sua extensão territorial, recebe influências musicais da Guiana Francesa, do Amapá e de Manaus.
“A gente toca cumbia, mas cumbia brasileira né? Mas tem salsa, merengue e o zouk, que é um estilo africano que recebe influências na Guiana Francesa antes de chegar a Belém. Outro exemplo são as semelhanças entre o kuduro de Angola e o carimbó. Eu falo de África sempre, porque a diáspora fez com que tudo saísse da África e chegasse aqui”, destaca Saulo.
Da mesma forma, a música que chegava por rádio da América Central também vinha com essa influência. “Os negros que foram descendo da América Central e foram trocando influências com os indígenas e com os outros negros que já estavam aqui. A cumbia, por exemplo, veio disso diretamente”, explica. “Existem muitas cumbias, da Argentina, do México, do Brasil, e elas vão ter diferenças. Algumas diferem na levada, outras no tema mesmo da música”, acrescenta o artista.
Saulo canta as batidas diferentes entre o ritmo do carimbó e do kuduro. Ele ainda cita o Mestre Vieira, considerado o “pai” da guitarrada, um estilo que em 2011 foi considerado patrimônio cultural do estado do Pará, que é uma fusão de choro, carimbó, cumbia e até da Jovem Guarda.
Divisor de águas
Sobre “Digital Belém”, Saulo descreve o novo disco como um divisor de águas – esse é o seu quinto álbum do artista e o primeiro que não é feito com elementos de banda. “O Lucas Martins (produtor do disco) me fez essa provocação e disse: 'Todos os seus discos são orgânicos e se nesse a gente fizer uma nova roupagem para o som, dos beats e das possibilidades eletrônicas'. E isso me motivou.”
No álbum, Saulo conta com participações de Russo Passapusso, Aldo Sena, Anäis Sylla, Layse, Klaus Sena e Pupillo. “Estou muito feliz com o resultado. A gente lançou o disco em São Paulo, Fortaleza e acabei de voltar da rota do cerrado, onde a gente tocou em Uberaba (Triângulo Mineiro), Brasília e Goiânia, todos com casa cheia. Agora é a vez de Belo Horizonte, que está entre as principais praças e tem um público muito afetuoso, muito interessado. Então, estou superfeliz.”
SAULO DUARTE LANÇA "DIGITAL BELÉM"
Participação da Orquestra Atípica de Lhamas. Show nesta sexta-feira (27/9), às 21h, n' Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312 – Santa Efigênia). Ingressos, à venda pelo Sympla: R$ 120 (inteira) ou R$ 60 (meia-entrada ou meia social*). * Mediante doação de 1Kg de alimento não perecível na porta do evento.
“DIGITAL BELÉM”
Saulo Duarte
10 faixas
YB Music
Disponível nas plataformas digitais
Coletivo carnavalesco
O lançamento do coletivo M.A.R.A.C.A., que integra cinco blocos de carnaval de rua de Belo Horizonte, será neste sábado (28/9), a partir das 16h, na festa "Muvuka do M.A.R.A.C.A.", no Aquilombar (Rua Itapecerica, 865 – Lagoinha). Os blocos – Bruta Flor, Bloco da Fofoca, Tapa de Mina, Lua de Crixtal e Mineira System – levantam bandeiras como o protagonismo feminino, a diversidade e a cultura. Ingressos: R$ 25 (preço único), à venda pelo https://shotgun.live/pt-br.