Portuguesa Cristina Drios participa de atividades na AML em celebração ao Dia Mundial da Língua Portuguesa -  (crédito: Arquivo consulado português/divulgação)

Portuguesa Cristina Drios participa de atividades na AML em celebração ao Dia Mundial da Língua Portuguesa

crédito: Arquivo consulado português/divulgação

 


“Não há uma língua portuguesa, há línguas em português”, disse José Saramago no documentário “Língua: Vidas em português” (2003). Assim como no filme, a escritora Cristina Drios também percorre temas como a diversidade e a fluidez do idioma falado por 260 milhões de pessoas no bate-papo gratuito que acontece nesta terça (7/5), às 16h, na Academia Mineira de Letras (AML).

 


A formação do português, língua originária do latim, está intimamente ligada às conquistas do Império Romano, que se estenderam até a Península Ibérica no ano 218 a.C. O latim falado pelos conquistadores, no entanto, era conhecido como latim vulgar, uma variante do latim clássico que contava com vocabulário reduzido e era usado para comunicação oral, sendo assim comuns as variações linguísticas. Os dialetos falados naquela religião influenciaram o idioma imposto pelos romanos, dando origem às línguas neolatinas, como francês, espanhol e italiano.


“A língua é um organismo vivo, algo que está sempre em mutação e que transforma a si mesma. No Brasil, há forte influência das línguas indígenas e africanas no idioma, por exemplo”, destaca Cristina Drios.


Com o tema “A língua portuguesa como herança”, a conversa com o público é apenas uma das ações da AML em parceria com a escritora. Mais cedo, no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado em 5 de maio, Drios também conduzirá a oficina Introdução à escrita de romance histórico, das 14h às 15h30.

 


Escrita criativa

 

Nascida em Lisboa, Cristina Drios se apaixonou pelo mundo das palavras logo na infância. “Sempre gostei muito de ler, era a minha forma de entretenimento quando criança. A leitura acabou me levando à escrita, embora eu tenha começado a escrever de fato um pouco mais tarde.”


Autora de um livro de contos –“Histórias indianas” (2012) – e dois romances – “Os olhos de Tirésias” (2013) e “Adoração” (2016) –, foi no romance histórico que Drios se encontrou. Sua experiência com o gênero a faz conduzir a oficina desta terça para escritores e interessados na escrita criativa.

 


O programa propõe aprofundar os conhecimentos do público a respeito do gênero literário, bem como a procura, seleção e organização de fontes, conceitos básicos sobre estrutura narrativa e personagens e os desafios e processos da escrita, reescrita, revisão e edição de uma obra.


“Trago alguns princípios básicos que são comuns à escrita criativa da ficção em geral, e depois algumas particularidades do romance histórico”, afirma a escritora.


Pensando na herança histórica e geográfica do idioma português, o bate-papo quer discutir as particularidades e riquezas da língua latina. “No português de Portugal, há também essa absorção de palavras e expressões. Tanto por via do Brasil, quanto por palavras introduzidas diretamente de línguas angolanas e moçambicanas. Muitas expressões se tornaram usuais e as integramos no nosso cotidiano sem saber suas origens etimológicas”, explica a autora.


Cristina Drios destaca a necessidade de preservar a variedade do português. “São 260 milhões de pessoas que possuem uma comunhão de entendimento nesse idioma. É a língua em que pensam, falam e expressam suas emoções. É preciso cuidar e valorizar a nossa língua portuguesa, que é maravilhosa e é riquíssima em sua diversidade.”

 


DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
Com a escritora portuguesa Cristina Drios. Nesta terça (7/5), no auditório da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1.466 – Lourdes). Oficina Introdução à escrita do romance histórico, das 14h às 15h30. Bate-papo “Comemoração do Dia Nacional da Língua Portuguesa: A língua portuguesa como herança”, às 16h. Entrada franca, com abertura dos portões 30 minutos antes do evento. Inscrições para a oficina devem ser realizadas pelo formulário disponível no Instagram da AML (@amletras).


*Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro