Grupo de amigos gosta de pôr a conversa em dia no Barbazul, em Belo Horizonte -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Grupo de amigos gosta de pôr a conversa em dia no Barbazul, em Belo Horizonte

crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press

Criação coletiva, o livro “Revoadas, casos e contos” (Literíssima) será lançado pelo grupo 70 e Uns neste domingo (5/5), às 11h, no Barbazul (Avenida Getulio Vargas 216, Funcionários), em Belo Horizonte. Formada por amigos da cidade de Peçanha, no Vale do Rio Doce, a turma resgata lembranças da terra natal.

 


A ideia surgiu quando os colegas de adolescência retomaram o contato – e a prosa – por meio do WhatsApp. Criadores do 70 e Uns se definem como “vendedores e compradores de ilusões”: mulheres e homens nascidos entre 1950 e 1955, que se reencontraram no auge da pandemia e do confinamento social, “após meio século de separação física”.

 

 


Várias postagens compartilhadas por eles no zap deram origem ao livro de 668 páginas. Entre as lembranças estão o passeio no carro de boi, a foto das crianças encostadas no muro, a antiga merendeira de couro.

 

Pingue-pongue e merendeira

 

Em 1961, a garotada fez “excursão” a uma casa na Rua do Quenta Sol para curtir duas novidades: a mesa de pingue-pongue e o filtro de água de quintal. Os meninos também aprenderam a fazer sabão artesanal com borralho de lenha, o barrileiro.

 


Num dos capítulos, são lembrados os professores. Simão da Cunha Pereira Filho, Francisco Trevizano, Wandir Rassilan Braga, os irmãos Glória Magalhães e Oscar Vieira da Silva deixaram saudades na turma do 70 e Uns.

 

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Há memórias de alpendres, varandas, quintais. Dos papagaios ao vento. “A gente colocava a máquina de manivela no chão para ser arrastada. Uma vez fiz isso, a máquina subiu a rua e só parou na porta da igreja!”, escreve Claudio, integrante do 70 e Uns, relembrando sua saga com as pipas.

 


“Revoadas, casos e contos” não é obra literária, avisa o coletivo de autores. Em certos momentos, um ou outro pode até pecar no português e na gramática que os professores tanto se empenharam em ensinar naquela cidade do Vale do Rio Doce. Isso pouco importa. Afinal de contas, está ali guardado um pedaço da alma de Peçanha.