Sob a regência do maestro Edilson Ventureli, Orquestra Sinfônica Heliópolis vai abrir o concerto em BH com a obra

Sob a regência do maestro Edilson Ventureli, Orquestra Sinfônica Heliópolis vai abrir o concerto em BH com a obra "O franco-atirador", de Weber

crédito: Rodrigo Rosenthal/Divulgação

 


Primeira orquestra sinfônica do mundo criada em uma periferia, a Orquestra Sinfônica Heliópolis, se apresenta pela primeira vez na Sala Minas Gerais no próximo domingo (5/5), às 11h. Na ativa desde 1996, a iniciativa de criação do conjunto musical foi realizada pelo Instituto Baccarelli, organização social sem fins lucrativos fundada pelo maestro e filantropo mineiro Silvio Baccarelli (1931-2019).

 


Anualmente, o Instituto atende a mais de 1.400 crianças e jovens em posição de vulnerabilidade social com ações que levam cultura, esporte, lazer, recreação e tecnologia de forma gratuita à população.

 


Com sede situada na maior comunidade da capital paulista (são mais de 200 mil habitantes), a missão da Sinfônica Heliópolis é promover a democratização do acesso à música de concerto. Atualmente, 72 instrumentistas fazem parte da Orquestra Sinfônica e outros 60 participam da Orquestra Juvenil, ambas sob a regência do maestro Edilson Ventureli.

 


Na visão de Venturelli, a música e a arte têm a capacidade de interferir positivamente na vida das pessoas ajudando na formação de uma projeção de vida, principalmente para os jovens.

 


“Nas comunidades economicamente desfavorecidas, as crianças normalmente perdem as referências. Ela quer ser médica, mas olha para o lado e não encontra nenhum médico. Então, passa a acreditar que não consegue, que não vai ser aquilo. Agora, se ela começa a experimentar a arte, a música, a cultura e a educação, passa a perceber que é rica em dons e talentos e, a partir desse momento, ela volta a acreditar nela mesma”, observa o maestro, que está no projeto desde 1998.


Violino de Samara

 

É o caso de Samara Gama, de 26 anos. Apaixonada pelo violino desde criança, ela teve de aguardar até a adolescência para começar a estudar o instrumento por conta da dificuldade financeira. Samara até tentou seguir carreira em outras profissões com maior estabilidade financeira, mas, no fundo do coração, sempre soube que queria viver da música. As portas se abriram para ela depois de conhecer a organização que frequenta desde 2019, através da indicação de uma amiga.

 


“Para mim, entrar na Orquestra Sinfônica Heliópolis foi um grande passo já que eu não pude entrar em um conservatório cedo. Estar na rotina e na dinâmica de uma orquestra sinfônica foi bem desafiador no começo porque eram coisas que eu nunca tinha feito, mas, ao mesmo tempo, foi muito bom para minha autoestima musical e carreira”, afirma a aluna.

 

 


Para a estreia na sede da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais o grupo está preparando repertório que apresentará obras de dois grandes compositores da música clássica: Carl Maria von Weber e Antonín Dvorák.

 


A abertura será com a obra “O franco-atirador”, do expoente do romantismo alemão Weber. Em seguida, será apresentada a “Sinfonia nº 8 em sol maior” do compositor tcheco Dvorák, cujo mundo da música lembra os 120 anos de sua morte em 2024.

 


“É uma sinfonia especial porque tem temas fáceis de serem ouvidos, empolgantes e envolventes. Tenho certeza de que é uma música que vai encantar quem puder estar com a gente lá na Sala Minas Gerais”, afirma Ventureli. Os ingressos gratuitos para o concerto já estão disponíveis para retirada na Sala Minas Gerais ou pela plataforma INTI.


Performance pop

 

A apresentação no espaço foi viabilizada a partir de uma parceria entre o Instituto Baccarelli e o Instituto Cultural Filarmônica, iniciada através da relação entre nove músicos da Filarmônica que são ex-alunos do Baccarelli. As negociações começaram no ano passado e, neste ano, os instrumentistas de Heliópolis vão se apresentar duas vezes no espaço. A segunda será em 12 de outubro.

 


Com performances versáteis, a Sinfônica Heliópolis já levou a música clássica para um show com os Racionais Mcs, no encerramento da primeira noite do festival The Town, em 2023. Neste ano, os músicos participaram do desfile da marca Aluf na abertura da São Paulo Fashion Week.

 

 


“A gente gosta muito dessa junção da música sinfônica com a música pop, esse é um caminho que a gente percorre há muito tempo. Para nós não há diferença entre a música popular e a música clássica. Fazemos tudo com o maior esmero e da melhor forma possível”, avalia o maestro.


Teatro na comunidade

 

O maior investimento do Instituto em 2024 é a construção de um teatro que será o primeiro de Heliópolis. O local terá uma sala de concerto completa, projetada pelo mesmo arquiteto da Sala São Paulo, com capacidade de receber 550 espectadores e diferentes tipos de espetáculos.

 


Sobre o concerto do próximo domingo em BH, Edilson Ventureli, garante que o público verá uma orquestra “com muita vontade de tocar bem e de fazer com que as pessoas que forem à Sala Minas Gerais saiam dela melhor do que chegaram”.


Tributo sertanejo

 

No sábado (4/5), um dia antes da apresentação na Sala Minas Gerais, a Orquestra Sinfônica Heliópolis estará no “Altas horas” (Globo) para um tributo à música sertaneja e acompanhando nomes como Chitãozinho e Xororó, Michel Teló, Daniel e Simone Mendes.

 


ORQUESTRA SINFÔNICA HELIÓPOLIS
Concerto gratuito na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090 – Barro Preto), domingo (5/5), às 11h. Retirada de ingressos na bilheteria local ou pela plataforma INTI.