
Com juros subindo menos, desaceleração pode ser menor
O cenário desafiador deve testar a resiliência de setores da economia que ainda vão se beneficiar de um maior volume de renda na economia
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A expectativa confirmada esta semana pela Ata do Copom de que a taxa de juros terá aumentos menores nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central não reduz em nada a projeção de que a Selic feche o ano a 15%, colocando a taxa de juro real no patamar mais elevado do mundo. E é nesse cenário que se desenha uma desaceleração da economia brasileira este ano, com o Produto Interno Bruto (PIB) ficando próximo de 2%, contra os 3,4% registrados em 2024.
O cenário desafiador deve testar a resiliência de setores da economia que ainda vão se beneficiar de um maior volume de renda na economia, a exemplo do consignado para trabalhadores do setor privado, com as contratações de empréstimos passando de R$ 1 bilhão, e antecipação do pagamento do 13º dos aposentados do INSS. Só esta última medida pode injetar R$ 70 bilhões na economia, beneficiando 35 milhões de brasileiros. Associados aos programas sociais, esses recursos devem manter o consumo das famílias aquecido, mesmo se houver um desaquecimento no mercado de trabalho.
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Um sinal de que é preciso esperar para verificar o impacto dos juros elevados sobre a economia é uma pesquisa feita pela Omie mostrando que o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs ficou estável em fevereiro, depois de dois meses em queda. O IODE-PMEs teve expansão de 0,3% no mês passado, depois de cair por dois meses consecutivos – 1,5% em janeiro e 0,9% em dezembro. No primeiro bimestre, o índice acumula leve retração de 0,6% em relação a igual período do ano passado, mostrando perda de fôlego na comparação anual.
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Para Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, a queda do consumo acompanha a perda de fôlego das PMEs, especialmente no segmento de Serviços. “O desafiador cenário macroeconômico – marcado por maiores pressões inflacionárias e juros elevados – impacta as PMEs e, naturalmente, a economia doméstica como um todo. Um dado que reforça esse panorama de dificuldades para a evolução do consumo das famílias é a queda expressiva da confiança dos consumidores nos últimos meses, conforme apontado pela Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE”, diz Beraldi.
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O estudo da Omie mostra que a performance observada em diversas atividades no mês passado dá margem à avaliação de que, apesar do ambiente macroeconômico adverso, as PMES não devem ser totalmente comprometidas. “O avanço apenas deve ocorrer de forma mais moderada e alinhada ao ritmo da economia como um todo. Para o PIB brasileiro em 2025, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma evolução de 2%, segundo o Relatório Focus do Banco Central do Brasil”, explica Beraldi. O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
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Exemplo de que o consumo continua aquecido, o setor de comércio se mantém tendo destaque para os pequenos e médios negócios. No mês passado o segmento registrou alta de 13,1% no faturamento real em relação ao mesmo período do ano anterior, com o atacado puxando essa expansão.O setor de Serviços, fundamental para o mercado de PMEs segundo o economista, teve um pequeno avanço de 0,6% em fevereiro deste ano com relação ao mesmo mês de 2024. Já a indústria teve queda de 7% na comparação anual, no quarto recuo consecutivo nessa base de comparação.
Número
R$ 115 bilhões foi o resultado de mais de 50 ofertas subsequentes de ações na B3 para captação de recursos, nos últimos cinco anos. O setor de energia elétrica foi o que mais fez ofertas desde 2022.
Cafezinho
O primeiro levantamento do ano-cafeeiro, realizado em janeiro, mostra que a safra deste ano deve chegar um volume de 51,81 milhões de sacas de 60 quilos (Kg) este ano, com a projeção de queda de 4% em relação às 54,21 milhões de sacas colhidas no ano passado. Para este ano, o Observatório do Café, da Embrapa, prevê uma produtividade média de 28 sacas por hectare, ocupando uma área de produção de 1,85 milhão de hectares.
Preocupação
As empresas estão enfrentando problemas emocionais, mostrando dificuldades com problemas de saúde mental. Estudo da The School of Life em parceria com a consultoria de recrutamento Robert Half, mostra que 41,24% dos líderes e 44,83% dos liderados sofrem de ansiedade, estresse ou burnout. “Vejo esses dados como uma crise silenciosa de saúde mental no ambiente de trabalho”, diz Saulo Velasco, psicólogo da The School.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.