
O Cruzeiro e a arquibancada celeste: esse ético e alegre collab
Alto-falantes nas arquibancadas, portas de banheiros arrancadas, cronistas homofóbicos e outras bizarrices. Somos raposas escaldadas
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“Aqui em Minas Gerais, o Cruzeiro sempre foi oposição. Quem tem o poder não é cruzeirense. Então, a gente joga e luta contra tudo e contra todos, mesmo na nossa terra.”
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Essa descrição épica sobre o Time do Povo Mineiro foi cunhada por La Bestia Azul das Arquibancadas, Samuel Rosa. Ela deveria ser repetida à exaustão por todo cruzeirense. Ainda mais em semana de confronto contra o Atlético de Lourdes, clube nascido dos bolsos e privilégios das oligarquias e clãs abastados de Belo Horizonte, dos donos de veículos de (assessoria de) imprensa e dos Bilionários do Brasil Miséria.
Os dizeres do ex-vocalista do Skank devem ser repetido como um mantra. De forma a nenhum torcedor do Cruzeiro se deixar contaminar ou consumir absolutamente nada vindo dessa gente que nos tem como inimigos a serem explorados economicamente.
Lembrei de Samuel Rosa quando me preparava para pegar um pedaço de torta de frango no café da manhã do hotel. Não pelo recheio da iguaria, mas, sim, pelo cacarejar alto de um integrante da Turma do Sapatênis, sentado à mesa ao lado, desrespeitando o silêncio matinal coletivo. “Cruzeirense já está pensando que pode ser campeão brasileiro”, cantou de frango, o torcedor do Atlético de Lourdes, a escorrer fel pelo beiço.
Arrogância e Turma do Sapatênis são redundância, mas chega a ser inacreditável a escolha do indivíduo por “falar do Cruzeiro” poucas horas após o seu time ter vencido o Fluminense de virada. Mais uma patética demonstração de ódio de origem traumática dessa gente do bairro de Lourdes.
Se ao contrário da vitória sobre os cariocas acontecesse uma derrota do Atlético de Lourdes? As manchetes falariam em crise no clube da elite belorizontina? Como bem sabemos, a resposta é óbvia: não. Afinal de contas, a cartilha dos veículos de (assessoria de) imprensa dita que “em semana de confronto contra o Cruzeiro, não se pode tumultuar o clima interno do time do patrão”.
Alto-falantes nas arquibancadas, portas de banheiros arrancadas, camisa de estuprador na sala de troféus, cronistas homofóbicos e outras bizarrices. Somos raposas escaldadas. Já vimos essa gente fazer de tudo para tentar transformar qualquer fagulha em incêndio dentro do Cruzeiro ou para passar pano nas nódoas de caráter do lado de lá.
O importante nessa semana é levá-la com tranquilidade. Continuar apoiando e acreditando no processo de limpeza moral, tática e motivacional que nosso treinador, Leonardo Jardim, vem fazendo. Independentemente do resultado da peleja do próximo domingo.
Será dia de Mineirão completamente lotado, com mais de 60.000 cruzeirenses. Nesse eterno collab ético, alegre e verdadeiro que, no futebol mineiro, só existe entre o Cruzeiro e a gigantesca Nação Azul.
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Cruzeiro e Paletino: da imigração à resistência
Assim como o Palestra/Cruzeiro, o Palestino, do Chile, é um clube criado por imigrantes que deixaram o seu país de origem por força das mazelas provocadas por crises humanitárias, guerras e genocídios. Hoje, os dois voltam a se enfrentar pela Copa Sul-americana. Duas colônias (dos italianos em Belo Horizonte e dos palestinos em Santiago) que resistiram.
Para celebrar a irmandade de origem, a torcida Comando Rasta fará uma celebração festiva para receber o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben. A própria SAF Cruzeiro, por meio do diretor de Marketing (parabéns, Marcone Barbosa!), apoiou a iniciativa e vai recepcionar o diplomata no Mineirão.
Que dessa noite nasça mais uma amizade entre torcidas – Nação Azul e Los Baisanos –, assim como já existe com outro clube chileno originário de imigrantes, o Audax Italiano.
Dentro de campo, lutamos. Fora dele, resistimos juntos. Em el campo, peleamos. Fuera de ella, resistimos juntos.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.