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Gustavo Nolasco
Gustavo Nolasco
DA ARQUIBANCADA

O que falta ao Cruzeiro é rumo

A baciada de contratações, parte solicitada pelo treinador e outra imposta pela vaidade de alguns dirigentes, trouxe expectativa de que a rota seria corrigida

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Temos um time, mas não temos futebol. É o sentimento que sobrava ao final das partidas iniciais do nosso Cruzeiro nessa abertura de temporada.


Após a trucada que Fernando Diniz deu em relação à sua prévia demissão, via imprensa, ao final da peleja contra o Juventude, no final do Brasileirão do ano passado, a expectativa era de que o elenco entenderia que o treinador tinha respaldo para implementar seu esquema de jogo nesta temporada de 2025.

 

 


A baciada de contratações, parte solicitada pelo treinador e outra imposta pela vaidade de alguns dirigentes, também trouxe expectativa de que a rota seria corrigida. O Dinizismo, enfim, teria um elenco com qualidade individual, coletiva e numérica. É bom lembrar que disputamos as rodadas finais do Brasileirão passado com uma série de titulares contundidos. Não tínhamos atacantes, por exemplo.


A alegria nos treinamentos da pré-temporada nos Estados Unidos foi outro indicativo de que iria “dar bom”. Pelo menos nas imagens milimetricamente editadas pelos canais de comunicação do clube, a interação entre os novos medalhões, os jovens e os mais antigos líderes e experientes jogadores era algo evidenciado.


Quando Matheus Pereira marcou o gol inaugural da temporada, nos primeiros instantes da partida contra o São Paulo, era quase certeza de que o ano seria de vitórias e títulos. Nem o gol de empate sofrido – por falha da defesa e/ou impedimento do ataque adversário – abalou a confiança da Nação Azul.

 

 


Veio o clássico contra o Atlético de Lourdes. Dominamos o campo de jogo. Escancaramos a babaquice e a falta de caráter de alguns jogadores do adversário, deixando evidente a pequenez da mentalidade da Turma do Sapatênis. Criamos inúmeras chances reais de gol. Não vencemos, mas deixamos o gramado com o sentimento que tínhamos um escrete afinado e disposto a defender a instituição Cruzeiro contra tudo e contra todos.


Tivemos até uma pausa de luxo. Com os reservas, cansados pela viagem de volta ao Brasil, ainda vencemos a Tombense no primeiro jogo oficial da temporada. Nada poderia dar errado. Mas deu...


A derrota para o Athletic e o empate com o Betim acenderam o sinal amarelo quanto ao que esse elenco está disposto a entregar. Já em relação a Fernando Diniz e à Nação Azul, a luz que piscou foi a vermelha. Não ficou nenhuma chance de clima para reconciliação.


A demissão de Diniz era questão de horas. Aconteceu ontem, devolvendo à torcida o sentimento de alívio e esperança. Nunca antes houve tamanha comemoração da torcida cruzeirense com a destituição de um treinador.


Agora, é um novo recomeço, com o treinador que vier. Mas a tão festejada demissão de Fernando Diniz não pode servir de cortina de fumaça para encobrir a sequência de erros de estratégia, de comunicação e de profissionalismo da SAF Cruzeiro.


O próprio fato de demitir um treinador com menos de um mês de temporada é uma prova clara de que o planejamento do clube para 2025 estava capenga.

 

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Ganhar ou perder o Campeonato Mineiro, a velha e cansada Country Cup, não é baliza para absolutamente nada em relação ao nosso futuro nas competições nacionais e internacionais subsequentes. Verdade seja dita, perder o regional quase sempre é até um acontecimento importante, pois, muitas vezes, a derrota joga luz sobre problemas crônicos que o título esconderia. Vide 2019, quando fomos campeões.


Mais do que um treinador, o atual Cruzeiro, repleto de estrelas, precisa de rumo. Fica a pergunta: será que a diretoria de futebol tem capacidade técnica de encontrá-lo ou, se novo revés vier, a culpa também será só do próximo treinador?

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