

O que falta ao Cruzeiro é rumo
A baciada de contratações, parte solicitada pelo treinador e outra imposta pela vaidade de alguns dirigentes, trouxe expectativa de que a rota seria corrigida
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Temos um time, mas não temos futebol. É o sentimento que sobrava ao final das partidas iniciais do nosso Cruzeiro nessa abertura de temporada.
Após a trucada que Fernando Diniz deu em relação à sua prévia demissão, via imprensa, ao final da peleja contra o Juventude, no final do Brasileirão do ano passado, a expectativa era de que o elenco entenderia que o treinador tinha respaldo para implementar seu esquema de jogo nesta temporada de 2025.
A baciada de contratações, parte solicitada pelo treinador e outra imposta pela vaidade de alguns dirigentes, também trouxe expectativa de que a rota seria corrigida. O Dinizismo, enfim, teria um elenco com qualidade individual, coletiva e numérica. É bom lembrar que disputamos as rodadas finais do Brasileirão passado com uma série de titulares contundidos. Não tínhamos atacantes, por exemplo.
A alegria nos treinamentos da pré-temporada nos Estados Unidos foi outro indicativo de que iria “dar bom”. Pelo menos nas imagens milimetricamente editadas pelos canais de comunicação do clube, a interação entre os novos medalhões, os jovens e os mais antigos líderes e experientes jogadores era algo evidenciado.
Quando Matheus Pereira marcou o gol inaugural da temporada, nos primeiros instantes da partida contra o São Paulo, era quase certeza de que o ano seria de vitórias e títulos. Nem o gol de empate sofrido – por falha da defesa e/ou impedimento do ataque adversário – abalou a confiança da Nação Azul.
-
07/01/2025 - 04:00 "Fair play financeiro" nos olhos dos outros é refresco -
14/01/2025 - 04:00 Gabigol e o amor não correspondido do atleticano pelo Cruzeiro -
21/01/2025 - 04:00 Um escrete digno da grandiosidade da Nação Azul
Veio o clássico contra o Atlético de Lourdes. Dominamos o campo de jogo. Escancaramos a babaquice e a falta de caráter de alguns jogadores do adversário, deixando evidente a pequenez da mentalidade da Turma do Sapatênis. Criamos inúmeras chances reais de gol. Não vencemos, mas deixamos o gramado com o sentimento que tínhamos um escrete afinado e disposto a defender a instituição Cruzeiro contra tudo e contra todos.
Tivemos até uma pausa de luxo. Com os reservas, cansados pela viagem de volta ao Brasil, ainda vencemos a Tombense no primeiro jogo oficial da temporada. Nada poderia dar errado. Mas deu...
A derrota para o Athletic e o empate com o Betim acenderam o sinal amarelo quanto ao que esse elenco está disposto a entregar. Já em relação a Fernando Diniz e à Nação Azul, a luz que piscou foi a vermelha. Não ficou nenhuma chance de clima para reconciliação.
A demissão de Diniz era questão de horas. Aconteceu ontem, devolvendo à torcida o sentimento de alívio e esperança. Nunca antes houve tamanha comemoração da torcida cruzeirense com a destituição de um treinador.
Agora, é um novo recomeço, com o treinador que vier. Mas a tão festejada demissão de Fernando Diniz não pode servir de cortina de fumaça para encobrir a sequência de erros de estratégia, de comunicação e de profissionalismo da SAF Cruzeiro.
O próprio fato de demitir um treinador com menos de um mês de temporada é uma prova clara de que o planejamento do clube para 2025 estava capenga.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Ganhar ou perder o Campeonato Mineiro, a velha e cansada Country Cup, não é baliza para absolutamente nada em relação ao nosso futuro nas competições nacionais e internacionais subsequentes. Verdade seja dita, perder o regional quase sempre é até um acontecimento importante, pois, muitas vezes, a derrota joga luz sobre problemas crônicos que o título esconderia. Vide 2019, quando fomos campeões.
Mais do que um treinador, o atual Cruzeiro, repleto de estrelas, precisa de rumo. Fica a pergunta: será que a diretoria de futebol tem capacidade técnica de encontrá-lo ou, se novo revés vier, a culpa também será só do próximo treinador?