

Rumo a 2026: movimentos de Simões e confrontos de Zema
A falta de diálogo entre o governo e sua base legislativa tem sido um tema recorrente
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Ainda sob a sombra de Romeu Zema (Novo), o vice-governador Mateus Simões (Novo) já ensaia seus primeiros passos rumo a 2026. Em fevereiro, o candidato de Zema à sua sucessão partirá para uma jornada pelo Leste de Minas, dando início a uma série de viagens que visam pavimentar sua candidatura ao Palácio Tiradentes. Contudo, nos bastidores, aliados deixam escapar insatisfações, acusando o governo de priorizar projetos pessoais em detrimento de articulações cruciais para o grupo.
No gabinete de Mateus Simões, a estratégia está nas mãos de dois ex-deputados: Celise Laviola (Cidadania) e Lucas Gonzales (Novo). Mas, segundo parlamentares da base, os dois parecem mais focados em interesses próprios, como a eleição de Zé Laviola (Novo), filho de Celise, do que em fortalecer as pontes com os deputados estaduais. “O governo parece trabalhar para si mesmo, e não para nós, que somos seus verdadeiros aliados”, reclamou um deputado à coluna.
Essa não é uma queixa isolada. A falta de diálogo entre o governo e sua base legislativa tem sido um tema recorrente. Deputados estaduais reclamam de isolamento e criticam a condução da agenda de Simões, descrita como unilateral. O vice-governador teria priorizado encontros com prefeitos e lideranças regionais para reforçar sua candidatura ao governo de Minas, deixando os parlamentares à margem das decisões.
A coluna apurou que Simões não divulga seus passos porque ainda está calculando a sua rota. A estratégia é clara: fortalecer seu nome enquanto se consolida como o principal herdeiro de Zema. A dobradinha é bem planejada. Enquanto ele pavimenta sua própria candidatura, também impulsiona o chefe, que tem os olhos voltados para o Planalto. Assim, o governador pode focar nas ações fora do estado, enquanto o vice começa a conquistar Minas.
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Uma das apostas de Simões é o público evangélico. Visitas a templos e igrejas já fazem parte de sua agenda numa tentativa de atrair esse eleitorado e fortalecer sua candidatura. A aproximação inclui a Assembleia de Deus, que conta com mais de 600 templos no país e cerca de 6 milhões de fieis, sob a liderança do pastor José Wellington Bezerra da Costa.
O objetivo de Simões é claro: comandar uma direita que se descole do bolsonarismo, território já ocupado em Minas pelo senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), provável candidato ao governo estadual. Para isso, garantir o espaço entre os cristãos é crucial para impulsionar sua campanha.
Enquanto Simões percorre Minas em busca de apoio, Zema também ensaia seus primeiros passos rumo a 2026. De olho no protagonismo nacional, o governador tem usado embates com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para se posicionar como oposição ao governo federal. Ontem, Zema voltou a criticar o petista, desta vez pela privatização da BR-381, a conhecida “rodovia da morte”.
O episódio virou palco de bate-boca com clima eleitoral. Enquanto Lula acusou Zema de ingratidão e sugeriu que deveria “premiá-lo” pela obra, o governador preferiu faltar à cerimônia que marcou o início de uma solução para uma pauta tão sensível aos mineiros. “Eu trabalho, por isso não posso ir”, alfinetou Zema, justificando sua ausência. A troca de farpas incluiu ainda a recorrente queixa do governador sobre o Propag – o programa para quitação das dívidas dos estados com a União –, tema que ele tem explorado para reforçar sua imagem como gestor combativo e independente.
A sucessão de Zema mal entrou em cena, mas o tabuleiro já revela suas peças em movimento, cada qual com estratégias e apostas próprias. Mateus Simões avança cauteloso, costurando apoios e ampliando territórios, enquanto Zema ergue a voz para tentar ser ouvido além das montanhas e repercutir no cenário nacional. Entre alianças e divergências, o que se desenha é mais que uma disputa: é o prelúdio de uma batalha onde cada gesto carrega o peso de um futuro ainda em construção.
A diferença que pesa
A divergência de discursos entre o governador Romeu Zema e o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite, o Tadeuzinho (MDB), não passou despercebida. Enquanto Zema criticou os vetos do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas do Estado (Propag), o deputado preferiu exaltar a aprovação do projeto. Nos bastidores, as falas do governador repercutiram mal. Parlamentares da base viram a crítica como afronta ao trabalho articulado pela Assembleia. “Foi falta de empatia até mesmo com Tadeuzinho”, disparou um aliado. Para muitos, o Propag é um marco de sucesso na articulação do Legislativo, e ser contra ele seria virar as costas para a própria base.
Damião, o nome da vez
Álvaro Damião (União), prefeito interino de Belo Horizonte, virou figura comentada nos corredores de Brasília. O ministro Renan Filho (Transportes) não perdeu a chance de usá-lo como ponte para criticar o governador Romeu Zema. Entre declarações e negociações, o nome de Damião foi citado como exemplo de alinhamento, em contraste com a postura distante do Palácio Tiradentes. A coluna tentou apurar como anda a relação do vice de Fuad Noman (PSD) com Zema, mas a resposta foi um silêncio constrangedor. Se existe algum diálogo entre os dois, está escondido em um lugar muito bem trancado – ou talvez nem tenha começado.
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