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Estado de Minas NORDESTE

Delta do Parnaíba, um abraço no Atlântico

Apesar de ter o menor litoral brasileiro, o Piauí tem uma grandeza única nas Américas, com 2,7 mil quilômetros de área, que se abre em cinco braços no oceano


09/08/2022 04:00 - atualizado 08/08/2022 22:58

Dunas do Delta do Parnaíba
Turistas se esbaldam nas dunas e nas águas quentes do Delta do Parnaíba (foto: FOTOS: GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS)


Parnaíba (PI) – Sempre que o viajante retorna das férias ouve a clássica pergunta: “Do que você mais gostou lá?”. Eu, particularmente, tenho sempre a resposta na ponta da língua, se realmente curti o destino turístico: “Gostei de estar lá”. Pois foi assim no Piauí, onde conheci o Delta do Parnaíba, tendo como porta de entrada a cidade de Parnaíba, localizada a 350 quilômetros de Teresina, capital do estado com o menor litoral do Brasil.

Sol, lazer, peixe fresco à beira-mar, caminhadas, sombra e água fresca na medida certa integram a chamada Rota das Emoções, da qual fazem parte os vizinhos Lençóis Maranhenses (MA) e Jericoacoara (CE). No velho estilo “cabelo, barba e bigode”, o visitante pode fazer os três de uma vez ou deixar o Delta como estrela absoluta da temporada... E não vai se arrepender. Vale cada centímetro de praia, duna, manguezais e paisagem guiada pela carnaúba, palmeira símbolo do Piauí, enaltecida como árvore da vida pela população.

Antes de começarmos o passeio, nada de comentários contra o calor, por favor. Sempre penso: se escolhi uma região ensolarada como o Nordeste brasileiro, por que reclamar se o tempo está assim ou assado? A brisa marinha, a saborosa cajuína, uma bebida que é a cara da região, e água de coco servem de refresco para a estada no pequeno pedaço do paraíso terrestre. E a mamãe natureza sempre reserva surpresas, pois pode chover de leve no percurso e a turma ficar ainda mais animada com “o presente” do céu.

Grandeza 

Informação preciosa logo ao pisar no catamarã, a embarcação que faz o passeio fluvial e marítimo: mesmo com o menor litoral do país – faixa de 66 quilômetros, entre o Ceará e o Maranhão –, o Piauí tem uma grandeza única. O Delta do Parnaíba (2,7 mil quilômetros de área total) é o único das Américas, e corresponde à foz do Rio Parnaíba, que se abre em cinco braços no Oceano Atlântico, com dezenas de ilhas fluviais. O formato tem a ver com a quarta letra do alfabeto grego, e, no mundo, vem em primeiro lugar o famoso Delta do Rio Nilo, no Egito, que se lança no Mar Mediterrâneo, e em segundo o Rio Mekong, no Vietnã.

No Piauí, a Área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba abrange Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia, ficando mais seis municípios no Ceará e Maranhão. Em cada canto, belezas naturais não faltam, havendo várias modalidades de passeio a exemplo, no pôr do sol, da revoada dos guarás, a bela ave que colore os céus de vermelho. Toda hora é hora para visitar o Delta, mas de julho a janeiro tem a vantagem de não chover.

Após a saída no Porto dos Tatus (em Ilha Grande, a 11 quilômetros de Parnaíba), e a bordo da embarcação com capacidade para 80 pessoas, os visitantes passam pelos igarapés e mangues com direito até a um “cenográfico” catador de caranguejos. Prepare a câmera, pois, ao chamado do guia, o homem coberto de lama do mangue vai aparecer carregando os crustáceos e, todo sorridente, posará para as fotos. O passeio inclui almoço e uma “caranguejada” a bordo para ficar na memória.

Uma família, em férias, do Tocantins, formada por um casal com as quatro filhas e maridos e oito netos, se esbaldava nas águas do rio, na praia e nas dunas. “É uma vez por ano, vamos aproveitar”, comentou uma das mulheres. Já uma paraense de Belém, com um chapéu todo coberto de contas brilhantes, não perdeu tempo: “Almocei duas vezes, pois o peixe (robalo) estava uma delícia, e agora estou caindo ‘de boca’ nesses caranguejos. Depois, vem a cocada de sobremesa”.
 
Museu do Mar
O Museu do Mar, em Parnaíba, é parte do Complexo Turístico do Porto das Barcas e ocupa um armazém do século 19
 
Águas limpas, areia clara e a sensação permanente de estar num lugar único no planeta. A embarcação vai seguindo pelo rio, parando em pontos turísticos e, de repente, depois da comilança, vem um silêncio benéfico ao espírito. A chuva repentina bate mansa, mas nada atrapalha o pula-pula de pessoas de todas as idades nas dunas. Todo mundo vira criança e recupera as energias no maior empenho.

Mar aberto

No dia seguinte, em Luiz Correia, a 12 quilômetros de Parnaíba, vem a Praia de Atalaia oferecendo o que muita gente quer: longa extensão para caminhada na areia, águas mornas e tranquilas, muitas barracas com comidas típicas e horizonte amplo para pensar (ou não!) na vida. Há vans que fazem o transporte de Parnaíba à praia em vários horários. A Praia do Coqueiro também ganha a preferência dos visitantes de primeira ou segunda viagem.

Um peixe no capricho, um suco de frutas, talvez uma cerveja gelada ou a cajuína, a bebida doce, na cor amarelo-âmbar, sem álcool, que ganhou versos do agora “oitentão” Caetano Veloso na música “Cajuína”, que diz: “Existirmos, a que será que se destina?”. Em resposta, o destino é o descano na imensidão do Delta do Parnaíba.

Uma curiosidade: da Praia de Atalaia, podem ser vistas as gigantescas torres brancas dos parques eólicos, que geram energia limpa com a força dos ventos.

Cultura viva

Se as águas doces e salgadas deram aquela “energizada”, que tal aproveitar, na sequência, os bens culturais da região? Em Parnaíba, a dica é o recém-inaugurado Museu do Mar, joia do Complexo Turístico do Porto das Barcas, às margens do Rio Igaraçu. Ocupando armazém do século 19, remanescente de época áurea do desenvolvimento comercial do Piauí, o equipamento conta com pessoal bem qualificado para atendimento aos turistas e se encontra no espaço tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O acervo reúne peças que remetem à cultura e à biodiversidade regional, a exemplo da ossada de um peixe-boi, esqueleto de baleia cachalote de 16 metros de extensão e barcos em tamanho real, além de galerias, teatro, biblioteca, salas laboratório de teatro/audiovisual, café e o Parque das Ruínas. Há três seções para deleite de quem chega: O Homem do Delta do Parnaíba, História Natural (dedicada à natureza do Delta do Parnaíba) e Navegando no Delta do Parnaíba.

No Centro da cidade, passando pelas praças da Graça e Santo Antônio, depois na Avenida Getúlio Vargas, é possível admirar casarões que resistiram ao tempo. No destaque, o Centro Cultural João Paulo dos Reis Velloso/Sesc Caixeiral, com galeria para exposições, mobiliário de época, enfim, lugar de memória. Uma jovem estudante que estava no local, comentou com o repórter: “Venho aqui praticamente todos os dias. É onde me sinto mais perto da nossa história”.

SOL E CAJUÍNA NA CABEÇA

Nas águas...
Passeio de barco no Delta do Parnaíba, com direito a banho de rio e mar. É o maior delta das Américas. O passeio sai do Porto dos Tatus, em Ilha Grande

...na terra...
Museu do Mar, em Parnaíba, equipamento que ocupa um armazém do século 19. Acervo rico e com pessoal bem qualificado no atendimento aos turistas

...no ar
Revoada de guarás, ao pôr do sol, no Delta do Parnaíba. Ao falar com o agente de viagens, especifique esse atrativo


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