Até Sherlock Holmes ficaria estarrecido com os métodos usados pelos médicos detetives para decifrar casos que envolvam risco à saúde pública e a vida de seus pacientes. O infectologista e epidemiologista Carlos Starling é um desses detetives de branco, que se dedicam a resolver enigmas da medicina. Seja nos vários hospitais e clínicas onde atua como coordenador no combate a doenças infecciosas, seja no consultório, ele tem armas poderosíssimas para vencer as bactérias. No Centro de Tratamento de Feridas, ele tem registrado mais de 3 mil casos que exigiram conhecimento, experiência, perseverança, perspicácia e um pouco de sorte. Mas ele não abre mão da tecnologia de ponta. Tem como aliados a biologia molecular e as análises físicoquímicas para chegar ao diagnóstico correto. “Resolver casos intricados não é trabalho de uma pessoa só”, constata.
O microbiologista José Antônio Ferreira e o doutor em bioinformática Bráulio Couto fazem parte dessa equipe que ajuda Carlos Starling a chegar às hipóteses prováveis de um surto ou epidemia. Os três são parceiros inseparáveis, mas o infectologista compartilha ainda suas investigações com o médico norte-americano William Jarvis, a maior autoridade internacional em infectologia, do Centro de Controle de Doenças de Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos. Boa parte do treinamento de Carlos Starling em investigação de surtos foi feita nessa cidade americana com aquele especialista.
A primeira especialidade dele foi em medicina preventiva, quando se dedicou à área de epidemiologia, “uma ferramenta a mais nas minhas atividades de infectologista, mas que no fim virou a principal função”. Hoje, como presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, ele coleciona casos complicados que poderiam muito bem fazer parte de um romance de suspense, como o caso da bactéria que estava infectando os pacientes do CTI de um hospital em Belo Horizonte. E vocês, leitores, vão acompanhar o caso na página seguinte.