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Estado de Minas

Depois de ter sido contaminada com a bactéria do botulismo, empresária é salva por médicos


postado em 29/05/2011 10:02

O indigesto sanduíche de atum quase estragou a lua de mel da empresária Rosana Brant, hoje com 46 anos. Mineira de Belo Horizonte, ela se mudou para Brasília (DF) em 1994 para se casar, dois anos depois, com Paulo Camillo Vargas Penna. Depois das comemorações de casamento, os dois partiram para Nova York para uma semana de lua de mel, conforme sonho do casal.

Rosana estava radiante e pronta para começar uma nova vida a dois. No dia do embarque de volta ao Brasil, ela se lembrou, já no caminho do Aeroporto JF Kennedy, que havia se esquecido de comprar os medicamentos encomendados por uma amiga brasileira, quando avistou uma farmácia. Rosana desceu para comprar os remédios. Paulo ficou à espera no carro. Ao sair da farmácia, Rosana viu uma cafeteria bem ao lado e, como não tinha tomado café da manhã, escolheu um sanduíche de atum para comer durante a ida até o aeroporto. Ela só deu uma mordida no sanduíche durante o trajeto. “Minha sorte foi que cancelaram o voo, mas a companhia aérea deu um voucher para a gente ficar num hotel mais próximo.”

Não deu nem tempo de chegar ao hotel. “Minha vista ficou turva, senti que algo estranho estava acontecendo comigo, porque comecei a vomitar e não parava mais.” Preocupado, o marido dela ligou desesperado para a família em Belo Horizonte. Depois de fazer várias perguntas, João, irmão de Paulo, se lembrou de um caso famoso em Minas – o do artista plástico Nello Nuno, que morreu depois de comer um sanduíche com pasta de foie grass (fígado de ganso) num encontro com amigos em sua casa na histórica cidade de Ouro Preto. A fatalidade foi que ele dormiu depois da festa e teve parada respiratória. João disse ao irmão para não deixar Rosana dormir e correr com ela para o hospital mais próximo.

Trôpega, como se estivesse embriagada e tendo visões de toda a sua vida, Rosana chegou ao hospital. Mal conseguia andar e os médicos fizeram uma bateria de exames e radiografias. “Pensavam que eu estava drogada. Ao constatar que nada tinha a ver com drogas, eles diagnosticaram uma indisposição. Pediram que eu voltasse ao hotel e dormisse.” Além de não conseguir dormir, Rosana teve que chegar ao Brasil para saber, depois de mais uma bateria de exames e dias de hospitalização e torpor, que estava com botulismo, uma intoxicação alimentar que há 30 anos matava quase metade das pessoas acometidas.

Produzida pela bactéria Clostridium botulinum, o botulismo, que deriva de botulus – a palavra latina para salsicha – está nos compêndios de medicina há pelo menos 200 anos. Segundo o manual de epidemiologia e doenças infecciosas do médico Barnett Christie, “o termo foi usado pela primeira vez no fim do século 18 depois de um surto da doença em Wildbad, no Sul da Alemanha, em 1793, quando 13 pessoas dividiram um salsichão. Todas adoeceram e seis delas morreram.

FORA DO AR Rosana bem que poderia ser personagem do livro O jantar fatal, do médico norte-americano Jonathan Edlow, mas foi salva pela equipe muldisciplinar de um hospital mineiro. Ela se lembra que ficou fora do ar por um bom tempo, mas hoje leva uma vida normal em Brasília, onde mora. “No princípio, não conseguia nem colocar as ideias no papel.” Formada em jornalismo, Rosana inclusive resolveu abandonar a atividade pelas dificulades que surgiram depois da intoxicação alimentar . “Na época, ainda em BH, fazia assessoria de imprensa para um prefeito do interior, mas não conseguia terminar a matéria. Tirei licença e dei tempo ao tempo.”

Empresária de duas lojas de artigos infantis em Brasília (DF), Rosana teve as filhas Clara, de 12 anos, e Paula, de 9, depois que ficou boa. Sem sequelas, ela diz que “quando esqueço um nome ou um telefone por falha de memória, culpo o botulismo”, brinca.


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