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Estado de Minas Atlético

Atlético elabora plano para pagar dívida bilionária

Clube revela endividamento de R$ 1,2 bi e planejamento para reduzir valor até 2026, com transferência da sede para a Arena MRV e quitação de débitos onerosos


24/04/2021 13:02 - atualizado 24/04/2021 13:03

Em construção, novo estádio do Atlético já ajudou o alvinegro a fechar 2020 com superávit de R$ 19 milhões(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Em construção, novo estádio do Atlético já ajudou o alvinegro a fechar 2020 com superávit de R$ 19 milhões (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O valor total da dívida do Atlético é de R$ 1,209 bilhão. Motivo de preocupação, o valor total do endividamento foi apresentado oficialmente ontem, durante o Galo Business Day. Apesar do valor alto, o clube alvinegro apresentou planos para diminuí-la para R$ 341 milhões. Segundo balanço apesentado ontem, apenas entre 2019 e 2020, a dívida atleticana aumentou em R$ 462 milhões. Foram R$ 209 milhões (45%) de financiamento do déficit de caixa e R$ 253 milhões (55%) em investimentos no elenco. Mesmo assim, o clube fechou o balanço financeiro do ano passado com superávit de R$ 19 milhões, em função de receitas não recorrentes (valorização da Arena MRV e do Diamond Mall, além de valores decorrentes da venda de parte do shopping).



“Isso vem acontecendo há 40 anos. O Atlético vem acumulando déficit. O Atlético foi pedalando, e o problema foi crescendo. A dívida do passado todo ano cresce um pouquinho, com os juros”, disse Rafael Menin, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, sobre a dívida onerosa do clube. Nos últimos dez anos, o clube teve uma despesa de R$ 480 milhões apenas referentes aos juros da dívida onerosa.

O não oneroso são os apoiadores, os 4 R’s (grupo de empresários formado por Ricardo Guimarães, Rafael Menin, Rubens Menin e Renato Salvador, que compõem a gestão do clube). De fato, a gente vem apoiando o Atlético nessa transição. Em algum momento, o Atlético tem que caminhar com pernas próprias", completou Rafael Menin. Do total devido pelo Atlético, R$ 435,240 milhões (36%) são referentes a empréstimos contraídos com três empresários: Ricardo Guimarães (Banco Bmg), Rubens Menin e Rafael Menin (MRV Engenharia). O trio participa ativamente da gestão do clube.

O débito com Ricardo Guimarães, integrante do órgão colegiado, poderia ser muito maior. De acordo com Rafael Menin, ao longo das últimas duas décadas, o ex-presidente fez várias negociações que baixaram o valor de R$ 250 milhões para R$ 105 milhões – redução de 42%. Os outros cerca de R$ 330 milhões são com a família Menin. Os três empresários emprestam dinheiro ao Atlético para pagamento de dívidas, salários e contratação de jogadores. Em entrevista publicada pelo Superesportes na segunda-feira, Rubens Menin garantiu que, se o clube não conseguir pagá-lo, perdoará o débito.

Para chegar aos R$ 341 milhões em 2026, o Atlético tem como primeiro objetivo pagar todas as dívidas onerosas. A partir disso, quitar os débitos com os apoiadores se tornará prioridade. E, por último, o Profut, que são cerca de 30 anos em parcelamentos. Desta forma, o alvinegro deseja ter "o balanço financeiro mais limpo do futebol brasileiro", nas palavras de Menin.

Entre as estratégias para melhorar a situação financeira estão também a transferência da sede administrativa do clube para a Arena MRV e a venda dos naming rights da Cidade do Galo. Os planos ainda estão em estudo pela gestão comandada pelo presidente Sérgio Coelho e foram apresentados durante o Galo Business Day. A ideia é capitalizar mais recursos a partir dos ativos imobiliários que o clube detém. Atualmente, a sede administrativa do Atlético fica no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. "A sede (em Lourdes) não será vendida, isso não será proposto por nós", explicou o presidente Sérgio Coelho. A ideia é reformá-la e conseguir capitalizar de outras formas.

Balanço O superávit de R$ 19 milhões registrado pelo Atlético em 2020, mesmo com aumento da dívida em R$ 426 milhões veio de uma estratégia contábil. O Atlético dividiu receitas e despesas da última temporada em dois tópicos: resultados recorrentes e resultados não recorrentes. O segundo termo chama mais a atenção, pois não é totalmente de um valor que entrou nos cofres do clube, e sim uma projeção sobre a Arena MRV e o Diamond Mall, shopping que o clube detém 49,9%.

O resultado do clube está positivo, principalmente, por três fatores que contribuíram de maneira positiva para virar o resultado do exercício. O primeiro deles foi a venda de 50,1% do shopping. Esse recurso foi direcionado à construção da Arena MRV, mas gerou um lucro de R$ 91 milhões em relação ao que tínhamos registrado na contabilidade. Isso é real, o dinheiro entrou no caixa e foi para a Arena MRV. Tem que ser reconhecido dentro do balanço”, disse Paulo Braz, diretor de finanças e orçamento do clube.

No total, o Atlético teve R$ 295 milhões de resultados não recorrentes. São R$ 91 milhões pela venda do Diamond Mall (como explicado acima), R$ 66 milhões pela valorização da Arena MRV a fluxo de caixa descontado (empresa internacional contratada para verificar o planejamento futuro da arena e as perspectivas de receita) e R$ 138 milhões pela avaliação do shopping, feita pela mesma empresa internacional. Paulo Braz explicou que a entrada desses valores no balanço financeiro é uma regra contábil usual no mercado. O resultado recorrente do Atlético na temporada 2020 foi no valor de R$ 276 milhões negativos.

Na ponta do lápis


Perfil da dívida de R$ 1,209

42% oneroso (dívidas passadas, dívidas bancárias e processos na Fifa)

36% não oneroso (empréstimos de apoiadores e investimentos em atletas em 2021)

22% no Profut/Parcelamento de impostos


Para reduzir o débito

Endividamento
» Reduzir e alterar perfil da dívida com foco na dívida onerosa;

Alienação de ativos
» Otimização e alienação de ativos imobiliários;

Folha salarial
» Cumprir limite de folha salarial;

Investimento em atletas
» Respeitar teto dos investimentos em atletas;

Utilização da base
» Aumentar a utilização de atletas da base no time profissional;

Mercado scouting
» Ser referência no Brasil na compra e venda de atletas.


Ativos imobiliários

» Alteração da sede para a Arena MRV;
» Parceria imobiliária na unidade Lourdes;
» Parceria imobiliária na unidade Vila Olímpica;
» Parceria em naming rights visando à modernização e visitação do CT;
» Campos próprios destinados ao futebol feminino e futebol americano.

Premissas de planejamento

» Teto de gastos com folha salarial fixado em R$ 200 milhões ao ano
» Teto de investimentos em atletas/base de R$ 50 milhões ao ano
» Vendas de atletas por R$ 120 milhões anuais em média
» Limitação do tempo de contrato de acordo com idade de atletas
» Alienação de ativo(s) em 2021/2022
» Ter 33% do elenco profissional formado nas categorias de base
» Receita bruta projetada da Arena MRV: R$ 66 milhões anuais em média

Fonte: Galo Bussiness Day


Enquanto isso...

Clube pagou R$ 104 mi em atraso com a Fifa

Desde 2018, o Atlético pagou R$ 104 milhões em dívidas referentes a condenações da Fifa. Neste ano, foram R$ 17 milhões – e a conta deve aumentar em “maio, junho”, segundo projeção do vice-presidente José Murilo Procópio. “Nós estamos aqui para fazer essa reestruturação da dívida do Atlético. Realmente, fui surpreendido com esse passivo existente na Fifa. Mas já pagamos uma parte. Vamos ter problemas de pagamentos lá para maio, junho. São dívidas que não podem ser postergadas, negociadas. São terminativas", afirmou. O orçamento alvinegro para 2021 prevê o pagamento de R$ 30 milhões em débitos referentes a processos que tramitam na Fifa. Atualmente, o Atlético é alvo de sete cobranças na Fifa, referentes ao técnico Rafael Dudamel, o lateral-direito Patric, o volante Allan, os meias Dylan, Otero e David Terans, além do atacante Yimmi Chará.

Reservas em campo hoje

Garantido na liderança da primeira fase do Campeonato Mineiro, o Atlético deve escalar um time formado por reservas no confronto com o Athletic, às 19h de hoje, no Independência, pela 11ª rodada. O jogo em Belo Horizonte terá mando de campo da equipe de São João del-Rei, que não pôde atuar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, devido à onda roxa da cidade no programa Minas Consciente, de enfrentamento à pandemia de COVID-19.

A transferência do duelo para a capital mineira foi benéfica para o Galo, que teve uma semana desgastante em razão da viagem à Venezuela, onde empatou por 1 a 1 com o Deportivo La Guaira, em Caracas, na última quarta-feira (gol do argentino Matías Zaracho). O resultado na estreia do Grupo H da Copa Libertadores decepcionou a torcida, que esperava a conquista dos três pontos em cima de um adversário sem tradição no futebol sul-americano.

Na terça-feira, às 19h15, o Atlético volta a campo pela Libertadores, contra o América de Cali, da Colômbia, no Mineirão. Por causa disso, os titulares ganham descanso neste fim de semana, enquanto os suplentes tentam aproveitar a oportunidade no estadual para, no futuro, pleitearem uma vaga na formação principal.

Uma das novidades no Galo será o equatoriano Alan Franco, que nesta temporada participou apenas de parte do segundo tempo da vitória por 1 a 0 sobre o Pouso Alegre, em 7 de abril, no Mineirão, pela oitava rodada do Mineiro. Outras atrações são o goleiro Rafael, os laterais Mariano e Dodô e os atacantes Hulk, Marrony e Eduardo Sasha. Após o triunfo de virada em cima do Boa, por 2 a 1, no último domingo, o técnico Cuca já havia manifestado a intenção de avaliar outras peças do grupo. “Entraremos com um time alternativo para observar quem não está jogando. É a chance para eles mostrarem seu potencial”.

A primeira colocação no Mineiro, com 24 pontos, não convenceu os atleticanos, que se mostraram descontentes principalmente com a derrota para o Cruzeiro por 1 a 0, em 11 de abril, no Mineirão. Mesmo em vantagem na posse de bola, o Atlético sucumbiu à marcação do arquirrival e só levou perigo no início do segundo tempo, quando Vargas recebeu de Nacho Fernández e chutou rasteiro para boa defesa de Fábio.

A pressão sobre o técnico campeão da Libertadores de 2013 se dá principalmente pelo futebol pouco convincente com um elenco recheado de estrelas, casos de Guilherme Arana, Zaracho, Hulk, Nacho Fernández, Keno e Eduardo Vargas. Desde 2020, conselheiros bilionários como Rubens Menin e Ricardo Guimarães investiram mais de R$200 milhões em contratações para o clube.

Por todo o contexto de cobranças, a partida deste sábado terá importância moral para Cuca, ainda que não mude nada quanto à situação do Atlético na classificação. Por sua vez, o Athletic sonha com uma vaga na Série D de 2022. Para isso, precisa ficar ao menos em 7º lugar no Mineiro, posição ocupada pela Caldense, com 15 pontos. Em oitavo, com 13, o time de São João del-Rei também pode superar Pouso Alegre (6º, com 15) e URT (5º, com 16). Isso só terá chance de acontecer com uma vitória em BH.


ATHLETIC X ATLÉTICO

ATHLETIC
Lee; Rayan, Danilo, Sidimar e Nathan; Christian, Silvano, Wallace e Ingro; Willian Mococa e Cassiano
Técnico: Gustavo Brancão
ATLÉTICO
Rafael; Mariano, Gabriel, Igor Rabello e Dodô; Alan Franco, Matías Zaracho (Calebe) e Nathan (Hyoran);c Hulk, Marrony e Eduardo Sasha
Técnico: Cuca
Motivo: 11ª rodada do Campeonato Mineiro
Estádio: Independência, em Belo Horizonte
Data: sábado, 24 de abril de 2021
Horário: 19h
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro
Assistentes: Celso Luiz da Silva e Vivaldi Pedro Baeta


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