rosto de uma moça triste

Estudo de O Boticário revela que 32% das entrevistadas não sabem o que são áreas erógenas

Khusen Rustamov por Pixabay
 

Pesquisa quantitativa de O Boticário ouviu mais de duas mil mulheres, de 18 a 60 anos, de todas as regiões do Brasil e traz uma perspectiva sobre o prazer feminino, revelando o impacto de tabus sociais - das imposições de gênero aos padrões de beleza - no comportamento de mulheres brasileiras com vida sexual ativa.

Encomendada pelo Boticário, o levantamento foi conduzido pela Think Eva, consultoria que promove soluções para as desigualdades de gênero. A pesquisa "Prazer e Mulheres" revela que seis em cada 10 mulheres não dedicam tempo suficiente para explorarem e vivenciarem este prazer. As principais justificativas atribuídas à resposta são stress, sobrecarga causada pelas múltiplas jornadas e falta de informação a respeito do assunto.

Os dados conclusivos reforçam a importância de debater de forma responsável uma pauta relevante, especialmente entre mulheres, fomentando o acesso à informação e questionando o papel em que as mulheres são, socialmente, colocadas durante diferentes estágios da vida. Além da pesquisa quantitativa, o estudo usou como metodologia o Desk Research, analisando 45 artigos e pesquisas sobre o tema para coletar os insights e traçar conclusões. Entre as descobertas: o impacto da economia do cuidado na busca pelo prazer; o peso dos padrões estéticos; a importância da autoestima e a falta de acesso à informação.

Para Bruna Buás, diretora de marketing do Boticário, atuar ativamente acerca de temas de interesse social, de forma empática e acolhedora, é um dos principais objetivos da marca ao investigar o prazer feminino enquanto pauta, incentivando mulheres a ocuparem um papel de protagonistas dessa jornada: “Promover um debate sem tabus, acolhedor, intimista e, ao mesmo tempo, educativo é o objetivo do Boticário, que - há 46 anos - lidera pautas femininas - sempre acompanhando o comportamento da mulher brasileira, que representa seu principal público. Fazer beleza vai muito além de oferecer um portfólio robusto de produtos, capazes de atender às demandas de milhares de brasileiras, porque ao olharmos para os insights dessa pesquisa entendemos a relevância que o bem-estar e o prazer trazem para a autoestima de nossas consumidoras. Isso mostra a importância e necessidade de fomentarmos conversas sobre o tema de forma genuína".
A necessidade de fortalecer esse debate é uma resposta à grande defasagem de conhecimento de grande parte das mulheres, acompanhada de certa resistência para falar sobre o assunto abertamente. Ainda segundo os dados obtidos, 22% das entrevistadas afirmam ter pouco conhecimento sobre o próprio corpo. Ainda que 64% delas afirmem que nunca sentiram a necessidade de buscar ajuda em relação a sexo, a discrepância fica evidente quando descobrimos que 32% delas não sabem o que são zonas erógenas e 79% afirmam que já fingiram orgasmo. Por outro lado, observa-se uma evolução gradual sobre o avanço da pauta: 40% das mulheres dizem que sabem o que gostam e o que não gostam no sexo, já entre as mulheres maduras, o número salta para 50%.

A cultura interfere na relação da mulher com seru próprio corpo

mulher sem blusa, com mão na boca

Grande trava para essas mulheres é a relação com sua autoestima

Jerzy Górecki /Pixabay
Para Maíra Liguori, fundadora da Think Eva, a pesquisa representa um retrato de como a cultura interfere na relação da mulher com seu próprio corpo: “Vivemos em um contexto que limita e afasta as mulheres do prazer sexual. Seja fetichizando sua sexualidade ou simplesmente impedindo que ela conheça seu próprio corpo, a pesquisa demonstra o tabu imposto a esta parcela da população, tabu que acaba gerando falta de conhecimento e até uma baixa expectativa em relação aos parceiros”.

Leia: Orgasmo sem sexo: saiba como atingir o ápice do prazer com outros estímulos.

Autoestima e autoamor

Outra grande trava para essas mulheres é a relação com sua autoestima. Além de entender como essas questões impactam no prazer das mulheres, é importante levar em consideração as interseccionalidades de corpos, raça e classe social. Muitas vezes, pessoas com corpos são colocadas em um lugar de solidão, em que a responsabilização do afeto recai sobre o discurso de amor-próprio. Neste sentido, 30% das entrevistadas na pesquisa se sentem mais abertas a buscar o prazer quando estão se sentindo bem consigo mesmas e 24% acham que a vida seria mais prazerosa sem os padrões de beleza.

Prazer é só sexo?

O entendimento de prazer na pesquisa não é exclusivamente sexual - muitas das entrevistadas sentem prazer em momentos do dia a dia. Apenas 12% das respondentes escolheram a alternativa “fazer sexo”, quando questionadas sobre momentos que sentem prazer. Para 36% prazer está associado a se sentir desejada pelo(a) parceiro(a); mais de 27% sentem prazer quando fazem uma viagem; mais de 22% têm sensação de prazer quando se sentem bem com o próprio corpo e 21% atribuem prazer a uma boa noite de sono.
 

Economia do cuidado

Historicamente, o papel do cuidado com a família, com a casa e com o outro são atribuídos e executados majoritariamente às mulheres, de forma não remunerada. Esse conjunto de ações relacionadas aos cuidados para a manutenção da vida de outras pessoas é conhecido como Economia do Cuidado. Esse peso, vem sendo um obstáculo para que elas acessem e destravem seu prazer.

Quando perguntadas, durante a pesquisa, sobre o que tira a vontade de ir atrás do próprio prazer, vemos que o foco das mulheres está em todas as outras atividades, menos nelas mesmas. 45,6% das mulheres se queixam do stress do dia a dia e do cansaço como um dos obstáculos para atingir este objetivo e 19,5% delas dizem não ter tempo para si mesmas.
 
“Queremos entender as dores das nossas consumidoras para, assim, promovermos conversas emancipadoras para a mulher, que está no centro do nosso negócio durante todos estes anos. A pesquisa que encomendamos a Think Eva vem muito para nos ajudar a traçar um panorama de como está a relação delas com seu próprio prazer, uma pauta que vemos negligenciada e ainda um estigma na sociedade. Com este instrumento tão poderoso em mãos, somos capazes de abrir debates importantíssimos para o empoderamento feminino”, destaca Bruna.