Orelha de recém-nascido

Orelha de recém-nascido

Rambam Health Care Campus/Divulgação

Estima-se que 30% dos bebês nascem com algum tipo de anomalia do ouvido externo, grande parte sem ser detectada durante a gravidez. As malformações podem ter causas variadas, genética ou adquirida, e que podem ser temporárias, desaparecendo no decorrer do desenvolvimento da criança. Outras exigem algum tipo de intervenção médica, inclusive cirurgias. É nesse contexto que um hospital israelense tem realizado um procedimento não invasivo e que tem se mostrado altamente eficaz: a moldagem auricular. A técnica está sendo executada pelo Rambam Health Care Campus, hospital localizado em Haifa, no norte de Israel, uma das cinco principais e mais avançadas instituições de saúde do país.

"No período neonatal, aproximadamente nas primeiras dez semanas após o nascimento, altos níveis de hormônios maternos estão presentes no sangue do bebê. Durante este tempo, a cartilagem da orelha é flexível, o que nos fornece uma janela única de oportunidade para remodelar a orelha externa sem cirurgia, ao colocar um molde personalizado no local da anomalia", explica o diretor do Departamento de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva do Rambam, Assaf Zeltzer.

O processo de remodelagem auricular acontece durante algumas semanas. Um molde personalizado da orelha do bebê é "colado" à sua aurícula e, durante o período da intervenção, os médicos realizam ajustes graduais, acompanhando a evolução de toda a remodelagem.

Recentemente, o hospital israelense recebeu uma menina com oito dias de vida e que apresentava uma dobra incomum em cada uma das orelhas. "Exames médicos foram realizados, de modo que o procedimento, simples, fosse determinado e planejado, em conjunto com a família. O molde era discreto e delicado, o que evita incômodos para o paciente", diz a coordenadora do tratamento no Rambam, Sima Ben Shitrit.

Atenção e agilidade são fundamentais


O diretor do Departamento de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva do Rambam, especializado em cirurgia reconstrutiva para anomalias congênitas, casos de trauma e procedimentos estéticos eletivos, ressalta que, para o alcance de resultados positivos para o tratamento de anomalia sem necessidade cirúrgica demanda, atenção e agilidade dos pais são fundamentais.

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"Atualmente, a internet possibilita que pais tenham acesso rápido a informações, e hoje temos percebido pais muito mais conscientes das implicações de condições desse tipo. Como a janela de oportunidade para a modelagem sem cirurgia é relativamente curta, os responsáveis pela criança precisam estar atentos e serem rápidos na busca médica para os necessários procedimentos", alerta Zeltzer.

"Após o período em que a cartilagem está mais flexível, a correção sem cirurgia fica inviável, de modo que o procedimento cirúrgico pode ser realizado somente quando a criança tiver pelo menos seis anos de idade, o que pode afetá-la esteticamente, socialmente e até emocionalmente", aponta o especialista do Rambam.