pesquisador Jonathan Stokes

Jonathan Stokes e colegas chegaram à abaucina após sondar 6,6 mil compostos

McMaster University

Usando uma inteligência artificial (IA), cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, conseguiram identificar um antibiótico capaz de matar a bactéria Acinetobacter baumannii, causadora de infecções resistentes a antibióticos e comum em ambientes hospitalares. Segundo o artigo publicado na revista Nature Chemical Biology, a expectativa é de que a metodologia possa acelerar a descoberta de outros antibióticos para combater mais micro-organismos desafiadores.

Para chegar ao composto, os pesquisadores, primeiro, expuseram a bactéria A. baumannii a aproximadamente 7.500 compostos químicos, na tentativa de averiguar quais conseguiriam impedir seu desenvolvimento. Em seguida, colocaram a estrutura de cada molécula no modelo de IA, o informando se cada estrutura era capaz ou não de inibir o crescimento bacteriano. Dessa forma, o algoritmo aprendeu as características químicas que serviam para coibir a multiplicação da A. baumannii.

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Feito o treinamento, os pesquisadores usaram a IA para analisar outros 6.680 compostos. A etapa durou menos de duas horas e rendeu centenas de resultados principais. A equipe, então, escolheu 240 para testes em laboratório. Os experimentos culminaram em nove antibióticos, incluindo um muito potente e explorado, originalmente, para tratar o diabetes. A droga promissora recebeu o nome de abaucina.

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"Essa descoberta apóia ainda mais a premissa de que a IA pode acelerar e expandir significativamente nossa busca por novos antibióticos Estou animado porque esse trabalho mostra que podemos usá-la para ajudar a combater patógenos problemáticos, como A. baumannii", afirma, em nota, James Collins, professor do MIT.

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A bactéria é identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das resistentes a antibióticos mais perigosas do mundo. Pode causar pneumonia, meningite e infectar feridas, levando à morte. Geralmente encontrada em ambientes hospitalares, a A. baumannii consegue sobreviver em superfícies por longos períodos e tem mecanismos para ficar ainda mais resistentes às drogas disponíveis.

"Ela pode sobreviver em maçanetas e equipamentos hospitalares por longos períodos de tempo e pode absorver genes de resistência a antibióticos de seu ambiente. É muito comum encontrar isolados de A. baumannii que são resistentes a quase todos os antibióticos", detalha Jonathan Stokes, que fez pós-doutorado no MIT durante a pesquisa e, agora, é professor-assistente de bioquímica e ciências biomédicas na McMaster University.