
'Moramos num país onde 'velha' vem como um negócio pesado' , diz Xuxa, que fará 60 anos em março
Reprodução/Instagram Babados - XuxaE as mulheres são as principais vítimas: 86,3% dos procedimentos cirúrgicos são feitos por elas e 13,7% por homens. E a preocupação com o envelhecimento começa cada vez mais cedo, às vezes, se inicia na adolescência. Cirurgias, intervenções, preenchimentos, botox, cremes anti-idade e, muitas vezes, procedimentos prescritos e adotados atrás de um discurso de aceitação, bem-estar, autocuidado, autoestima e que, na verdade, segue uma exigência de mercado e de uma sociedade em que o jovem é quem dita as regras.
A jornalista Glória Maria, que não revelava a idade, por vaidade ou não, a questão era que a atitude de esconder quantos anos tinha, era uma forma de se preservar de um número que, anunciado, involuntariamente, iria definir, tolir ou restringir o que realmente ela era. Em dezembro de 2021, no podcast "Mano a Mano", apresentado por Mano Brown, Glória Maria disse que 'nunca ninguém disse como eu tinha que viver e não vai ser por causa de idade, cada um dá a idade que quer porque essa preocupação não é minha, é do mundo'".
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É preciso parecer jovem

Criticada pela aparência do seu rosto, Madonna respondeu em sua rede social: 'Mais uma vez, estou presa no olhar do preconceito e misoginia que permeia o mundo em que vivemos. Um mundo que se recusa a celebrar mulheres com mais de 45 anos'
Frazer Harrison/AFPE se a mulher decide pelos procedimentos estéticos para se sentir melhor, mais jovem de acordo com seu desejo, também é massacrada tanto por homens quanto por outras mulheres. Críticas de descontrole, de não saber envelhecer. É atacada, que o diga Madonna, de 64 anos, ícone pop, que depois de aparecer para entrega de um prêmio Grammy, o Oscar da música, nos EUA, em 5 de fevereiro, recebeu uma avalanche de ofensas etaristas e sexistas por causa da aparência do seu rosto. Se Madonna é questionada, imagina uma mulher mortal? A Rainha do Pop rebateu as críticas em seu Instagram: ““(...) Mais uma vez, estou presa no olhar do preconceito e misoginia que permeia o mundo em que vivemos. Um mundo que se recusa a celebrar mulheres com mais de 45 anos e sente a necessidade de as castigarem se elas continuam fortes, trabalhadoras e aventureiras””.
Por outro lado, se um grupo de mulheres decide viver o envelhecimento sem passar por nenhum procedimento estético, invasivo ou não, elas também são criticadas. Ao deixar o cabelo branco, não se tornar escrava da tintura, é sinal de desmazelo, desleixo. Se as rugas ficam cada dia mais aparentes, é preciso dar um jeitinho para amenizá-las, camuflá-las. Se é um artista, há comentários sobre “não envelhece bem”, "desrespeito ao público", já que no universo dos famosos a aparência é tudo e não basta ser bonito ou bonita, é preciso parecer jovem.
A idade se coloca mais vísivel e doída para o universo feminino

Para a psicóloga Renata Feldman, correr contra o tempo para a mulher significa empreender uma árdua e exaustiva batalha para se realizar enquanto mãe, mulher e profissional
Edesio Ferreira/EM/D.A PressRenata Feldman, psicóloga clínica humanista, escritora e palestrante, lembra aos mais desavisados que tanto a mulher quanto o homem, ambos têm idade, RG, data de aniversário: "Mas o famoso “peso da idade” parece recair mais sobre as mulheres do que para os homens. Seja pelas questões corporais e hormonais que acabam evidenciando e intensificando a passagem do tempo, seja pela sobrecarga de trabalho inerente aos múltiplos papeis assumidos (profissional, mãe, mulher, dona de casa), a idade costuma se colocar de forma mais visível e perceptível (muitas vezes doída) para o universo feminino".
A passagem do tempo para a mulher vai além da idade
Quando as mulheres descobrem que podem - e devem - olhar muito mais para dentro do que para fora, se libertando de padrões que tentam enquadrá-las a todo custo, elas se veem livres para serem quem elas verdadeiramente são. E assim não se apagam, não se permitem viver um processo de 'invisibilidade' perante o mundo e a si mesma
Renata Feldman, psicóloga clínica humanista, escritora e palestrante
Olhar mais para dentro do que para fora: a grande descoberta

Em dezembro de 2021, no podcast "Mano a Mano", Glória Maria disse que 'nunca ninguém disse como eu tinha que viver e não vai ser por causa de idade'
Ramon Vasconcelos/Globo TV/AFP)Brasil: país que envelhece e não respeita os velhos
O que diz a medicina

Simone de Paula Pessoa Lima, médica geriatra da empresa especializada em home care, Saúde no Lar,
Jordana Nesio/DivulgaçãoA geriatra conta que o cérebro encolhe com a idade: "Já os hormônios femininos e masculinos fazem com que os dois sexos tenham muitas mudanças à medida que envelhecem (nas mulheres, o climatério é o nome dado ao período em que há um declínio dos hormônios sexuais, que resultam na menopausa, e nos homens, de forma mais gradual e menos intensa, os níveis de testosterona diminuem mais lentamente). Fato é que o envelhecimento é algo único e individualizado e é um processo. Ele não ocorre aos 60 anos, mas sim, ao longo da vida e deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar de saúde para que ocorra com qualidade de vida".
O envelhecimento da mulher brasileira
A impotência sexual atormenta os homens velhos
Envelhecimento saudável
- Uma boa nutrição, ofertando ao idoso alimentos com nutrientes, vitaminas e outros compostos que ajudem o bom funcionamento do organismo
- Um acompanhamento profissional regular para descobrir precocemente algum problema, se existe ou não algum déficit
- Atividade física, que também é importantíssima, pois além de reduzir o risco de doenças crônicas, melhora o humor, a mobilidade, o convívio social e ajuda a manter o peso corporal e aumentar a massa magra
- Manter uma rede de convívio não só com familiares e entes queridos, mas com amigos e amigas, o que ajuda consideravelmente na melhora do humor e o faz mais independente.
Conforme a geriatra, é importante ainda "criar projetos de vida significativos e que ultrapassem barreiras relacionadas à idade, beleza ou corpo físico fazem com que o envelhecer seja mais tranquilo".
Qual especialidade médica acionar?
A médica lembra que esse acompanhamento é fundamental para prevenir e tratar doenças típicas da velhice: "Quanto mais cuidado, menor o risco de problemas severos. Além disso, o especialista pode também fornecer cuidados paliativos àqueles que tenham doenças sem possibilidade de cura".
Vale registrar, conforme a geriatra, que a gerontologia é o estudo do envelhecimento em aspectos biológicos, psicológicos e sociais e é uma área que se dedica a questões multidimensionais do envelhecimento e da velhice, com o intuito de prevenir e intervir na vida do idoso para garantir mais qualidade de vida a esse público."Ele pode ter formação em áreas como a psicologia, assistência social, terapia ocupacional, nutrição, direito, dentre outros.
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