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Estado de Minas Literatura

Livro 'Diário de uma angústia' traz relatos de superação

Obra conta histórias marcantes na vida de um psiquiatra e dois jornalistas. AVC, transplante de medula e tumor cerebral servem de pano de fundo para a obra


11/12/2022 09:05 - atualizado 11/12/2022 09:11

 Mauro Ventura, Luciana Medeiros e Fernando Boigues
Os relatos são do jornalista Mauro Ventura, da também jornalista Luciana Medeiros e do psiquiatra Fernando Boigues (foto: Arquivo Pessoal)
 
Escritos ao longo do tratamento de doenças potencialmente fatais, três diários com finais felizes, repletos de esperança e vontade de viver, compõem o livro “Diário de uma angústia”, lançado pela Editora Máquina de Livros. Os relatos são do jornalista Mauro Ventura, que teve um AVC com apenas 31 anos, da também jornalista Luciana Medeiros, que fez transplante de medula, e do psiquiatra Fernando Boigues, que acompanhou a filha diagnosticada com um tumor cerebral aos 26 anos.

A ideia do livro surgiu em 2018, durante evento na área de saúde no qual Mauro Ventura falou sobre a experiência do AVC, ao lado do pai, o jornalista Zuenir Ventura. “Comecei a escrever de forma intuitiva, não foi algo planejado. Meu cérebro estava em frangalhos e, escrevendo, eu encontrava um certo ordenamento e uma estabilidade para minha vida após o AVC”, explica Mauro.  
 
Ao comentar que havia escrito um diário durante sua internação, um dos médicos presentes, Fernando Boigues, contou que havia feito o mesmo, mas durante a internação de sua filha Fernanda. “Fernando contou que ele também viveu uma experiência semelhante, só que do ponto de vista do pai da paciente. Achei muito interessante duas pessoas com vivências semelhantes, no sentido de que a escrita e a relação médico-paciente foram muito importantes”, afirma o jornalista.
 
“Durante o tratamento da minha filha, minha intenção era registrar tudo o que estava acontecendo, porque eu tinha certeza de que ela sairia bem. Não tinha nenhum embasamento científico para dizer que ela sairia bem de uma situação tão grave como a dela, mas eu tinha uma certeza de pai que minha filha ia conseguir superar as dificuldades. Então, deixei tudo registrado, para que ela soubesse o quanto era amada, o quanto foi bem cuidada e guerreira”, disse Fernando.
 
A partir desse encontro, Mauro convidou para o livro Luciana Medeiros, que também havia escrito um diário durante o transplante de medula para tratar um linfoma de manto. Segundo Luciana, com uma visão mais bem-humorada e com referências externas, seu diário, que se iniciou como um blog, serviu para as pessoas terem uma visão mais positiva acerca do tratamento da doença.

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“Em um primeiro momento, o diário surgiu como uma ferramenta, uma maneira de dar notícias a todos por causa do isolamento. Depois, ele se tornou não só um jeito de dar notícias aos conhecidos.

LIVRE DAS ANGÚSTIAS


“A escrita, tenho certeza de que, para nós três, foi uma maneira de tirarmos nossas angústias. Ajudou-nos a colocar para fora tudo aquilo que estava nos ocorrendo. Foi também uma maneira de expandir para as pessoas nossas experiências. Ela foi a forma que encontramos de nos tirar desse sofrimento único e solitário que estávamos vivendo”, comenta Fernando.
 
Embora semelhantes no formato e no propósito, os diários foram originalmente escritos em suportes diferentes – o de Fernando, num caderno escolar; de Luciana, num blog; de Mauro, em papéis soltos. Na primeira parte do livro, encontram-se os três relatos – “O livro da Nanda” (Fernando Boigues), “Diário do manto” (Luciana Medeiros) e “Notas de uma mente em desalinho” (Mauro Ventura) – e a apresentação de Andrew Solomon, autor de best-sellers mundiais como “O demônio do meio-dia – Uma anatomia da depressão” e “Longe da árvore”.
 
“A única semelhança é que a escrita foi consequência de três doenças potencialmente fatais, mas que tiveram um final feliz. São três diários completamente diferentes, seja na forma, na estrutura, no objetivo, mas que de alguma forma têm em comum a escrita, e como isso foi absurdamente essencial durante e depois do momento que nós três vivenciamos”, complementa Mauro.  
 
Na segunda parte, “Diário de uma angústia” traz depoimentos de oito profissionais de saúde sobre a importância da comunicação com os pacientes e a humanização da medicina. Ao ouvir o lado do profissional de saúde, o livro abre espaço para visitar o campo da medicina narrativa – movimento desenvolvido pela norte-americana Rita Charon. São relatos de Margareth Dalcolmo (pneumologista), Christian Dunker (psicanalista), Lorraine Veran (médica clínica e paliativista), Luiz Roberto Londres (cardiologista), Margaret Waddington Binder (psicanalista e psicossomaticista), Mauro Fantini (biomédico, professor e palhaço), Ivan Santana (neurocirurgião) e Chrystina Barros (executiva da saúde). “Na prática médica, quem dá o diagnóstico não somos nós, é o doente; é o que ele nos narra”, reforça em seu depoimento Margareth Dalcolmo.
 
“Os diários partem do ponto de vista de três pacientes e falam da importância da humanização da medicina e da importância dos médicos durante nossa recuperação”, acrescenta Luciana.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie
 
Serviço

Livro
(foto: Reprodução)
“Diário de uma angústia”
Autores: Fernando Boigues, Luciana Medeiros e Mauro Ventura, e Andrew Solomon (contribuinte)
224 páginas
Editora: Máquina de Livros
Preço: R$ 50 (Amazon)
e-book: R$ 38 


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