criança deitada na cama com termômetro de febre na boca e mão da mãe sobre a testa do garoto

Em 2019, a pneumonia levou a óbito mais de 740 mil crianças menores de cinco anos em todo o mundo

Victoria Model/Pixabay
A pneumonia é a infecção que mais leva crianças e adultos a óbito, ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2019, a doença foi fatal em mais de 740 mil crianças menores de cinco anos, representando 14% de todas as mortes de crianças nesta faixa etária, em todo mundo. Estima-se que seja uma pessoa morrendo a cada 13 segundos. Em 2030, a pneumonia poderá vitimar quase 6 milhões de crianças. 

Com o objetivo de aumentar a conscientização sobre essa infecção, alertar sobre os riscos e formas de prevenção, neste dia 12 de novembro comemora-se o Dia Mundial da Pneumonia. Ana Medina, farmacêutica, imunologista e gerente de assuntos médicos de vacinas da GSK, explica um pouco mais sobre a doença:  “A pneumonia pode ser causada por diversos agentes infecciosos, incluindo vírus, bactérias e fungos, sendo o Streptococcus pneumoniae, conhecido como pneumococo, o mais comum entre as pneumonias bacterianas. Lembrando que o pneumococo também pode causar otite média, bacteremia e meningite”.

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A imunologista alerta sobre os sintomas e transmissão: “Os sintomas mais comuns são tosse produtiva, dor torácica, mal-estar geral e febre. A transmissão da doença, assim como a COVID-19, pode ocorrer por meio de gotículas contaminadas com estes microrganismos, liberadas ao tossir ou espirrar. As crianças são as principais transmissoras, mesmo quando assintomáticas. Estima-se que praticamente todas as crianças, em algum momento da fase pré-escolar, tenham sido transmissoras do pneumococo em pelo menos uma ocasião, assim como adultos que têm contato direto com elas. Em idosos, a doença também pode ser grave e levar a óbito”.

Vacina é a principal forma de prevenção

A vacinação é a principal forma de prevenção da doença. Outras medidas incluem a lavagem das mãos e cobrir a boca ao tossir ou espirrar. A vacinação pneumocócica é capaz de prevenir a pneumonia causada pelo pneumococo, bactéria responsável por 60% dos casos de pneumonia. 

A vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10) está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2010. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde (MS), recomenda duas doses da VPC10 aos 2 e 4 meses de idade, além de um reforço aos 12 meses.

Crianças que iniciaram o esquema primário após 4 meses de idade devem completá-lo, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses do esquema primário e mínimo de 60 dias entre a 2ª dose e o reforço, que deve ser aplicado aos 12 meses. Crianças sem comprovação vacinal, entre 12 meses de idade e 4 anos, 11 meses e 29 dias, tem direito a receber uma dose única. 

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Para os pacientes com indicação clínica especial, há a disponibilidade de imunizantes ou esquemas de doses diferentes para o pneumococo, incluindo VPC10, VPC13 e/ou VPP23, conforme as indicações dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) - unidades públicas com infraestrutura e logística para atender indivíduos com quadros clínicos especiais, tais como imunodeficiências, doenças crônicas, transplantados, entre outras condições.  

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orientam que o uso das vacinas pneumocócicas conjugadas na infância siga um esquema de três doses primárias, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com uma dose reforço entre 12 e 15 meses de idade.

Baixa cobertura vacinal

Apesar da importância das altas coberturas vacinais, elas têm apresentado queda. “Nos últimos anos temos acompanhado uma queda importante nas coberturas vacinais para a vacinação como um todo, incluindo a vacinação pneumocócica. Em 2019, a cobertura vacinal da vacina pneumocócica, englobando o esquema primário (primeira e segunda doses) e o reforço, ficou em 86,27%. Isso ainda no período pré pandêmico”, destaca Ana Medina, demonstrando preocupação com os dados.

“Em 2020 e 2021, com a pandemia de COVID-19, a situação das baixas coberturas vacinais se agravou, nos deixando com apenas 76,42% e 69,47% de cobertura, respectivamente. Quando falamos especificamente do reforço, essencial para a proteção, a cobertura vacinal foi de apenas 65,4% em 2021, o que significa um terço da população pediátrica desprotegida contra a doença. Esse ano, os dados parciais atualizados no início de novembro, mostram uma cobertura vacinal preocupante: apenas 41,66%. É muito importante que os responsáveis fiquem atentos às cadernetas de vacinação das crianças e procurem os profissionais de saúde em caso de dúvidas”, alerta a farmacêutica.

Pneumonia e outras doenças

A doença pneumocócica pode se apresentar nas formas invasivas, como a meningite, a sepse e algumas pneumonias, e formas não invasivas como a maior parte das pneumonias, a otite média aguda (OMA), sinusite e conjuntivite. 

“Além da prevenção das formas invasivas da doença pneumocócica, cujos exemplos incluem meningite e sepse, a vacinação pneumocócica protege também contra formas não invasivas. Essas últimas apresentam menor gravidade, mas têm grande importância pela alta frequência de acometimento na população e necessidade de uso de medicamentos, como a otite média aguda, por exemplo. Estima-se que mais de 80% das crianças com até 3 anos de idade tenham a doença pelo menos uma vez na vida. Os principais sintomas da otite média aguda são dor no ouvido, febre, irritabilidade e dificuldade de dormir”, explica Ana Medina.
 
Além da vacinação, outras formas de prevenção da doença pneumocócica incluem lavar as mãos, não fumar, cobrir a boca ao tossir e espirrar e evitar aglomerações.