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Estado de Minas DOENÇA NEUROLÓGICA

Parkinson: entenda a doença que acomete a jornalista Renata Cappuci

A patologia atinge de 1% a 2% da população mundial acima dos 65 anos. No Brasil, a estimativa é de que 200 mil pessoas tenham a condição


08/07/2022 11:47

Mão trêmula
(foto: Annick Vanblaere/Pixabay)

Recentemente, a jornalista Renata Cappuci contou aos ouvintes de seu podcast sobre seu diagnóstico de Parkinson, recebido há quatro anos. Doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge de 1% a 2% da população mundial acima dos 65 anos, e que tem risco aumentado com a idade. No Brasil, a estimativa é de que 200 mil pessoas tenham a patologia.

Segundo a médica geriatra da empresa especializada em home care Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, o Parkinson é um desequilíbrio neurológico em que ocorre a morte de neurônios, em uma determinada área do cérebro que coordena os movimentos, responsáveis pela produção da dopamina, neurotransmissor que transmite a mensagem entre os neurônios.

"Com a falta da dopamina, os movimentos passam a ser alterados, sem uma coordenação adequada. A doença acaba sendo associada somente com o tremor, porém, pode existir sem esse sintoma específico." A especialista conta que outros sintomas podem ser mais incapacitantes, já que fazem com que o paciente tenha uma lentidão nos movimentos e uma rigidez muscular que geram desequilíbrios e aumentam o risco de quedas. Por ser uma doença limitante, o Parkinson também pode estar associado a quadros depressivos, devido a perda da capacidade, da independência, da limitação e dos prazeres.

É o caso do fiscal federal agropecuário, Hermes Fernandes de Azevedo, de 75 anos, que foi diagnosticado com a doença há 13 anos. Sua filha, Amanda Nogueira, empresária e fonoaudióloga, conta que, inicialmente, receber a notícia foi bastante complicado.

"Meu pai sempre teve uma cabeça muito boa e acabou se deprimindo, principalmente por ser uma pessoa muito independente. Ele teve como primeiros sintomas o esquecimento, a fala embolada e quedas", conta.

A doença é prevalente no sexo masculino e acomete principalmente pacientes a partir dos 60, 65 anos. Em alguns casos, como o da Renata Cappuci, é possível identificá-la em pessoas na faixa dos 50.

O paciente, segundo Simone de Paula, pode ser acompanhado pelo neurologista e pelo geriatra, mas o cuidado de uma equipe multidisciplinar é importante para diminuir os sintomas que vão aparecendo à medida que a doença progride.

Médica geriatra da empresa especializada em home care Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima
"É fundamental que o indivíduo entenda a doença para fazer o tratamento da forma adequada, diminuindo, assim, o impacto dos sintomas" - Simone de Paula Pessoa Lima, médica geriatra da empresa especializada em home care Saúde no Lar (foto: Jordana Nesio/Divulgação)
Inicialmente, o Parkinson atinge somente a parte motora, mas, em estágios mais avançados, pode afetar também a deglutição e a memória.

"É fundamental que o indivíduo entenda a doença para fazer o tratamento da forma adequada, diminuindo, assim, o impacto dos sintomas na funcionalidade. Atualmente, existem exercícios específicos, fisioterapia e terapias ocupacionais direcionadas para os pacientes com Parkinson. Tudo para que o impacto na funcionalidade seja o menor possível, melhorando a qualidade de vida do paciente. Como pode perder também a mímica facial, é importante o acompanhamento com o fonoaudiólogo, para trabalhar esses sintomas, melhorar a questão da fala e acompanhar o paciente quando passa a ter dificuldade em deglutir alimentos, o que é conhecido como disfagia", diz Simone.

Amanda conta que seu pai recebe, há quatro anos, a internação domiciliar. "Nesses últimos anos, ele vem sendo um paciente estável, mas isso depois de várias intercorrências e mudanças da rotina. Hoje, meu pai é um paciente traqueostomizado, gatrostomizado e que depende de um técnico de enfermagem 24 horas por dia. Recebe cuidados médicos em casa, juntamente com o acompanhamento com o neurologista, enfermeiros, técnico de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional e psicólogo", comenta.

Segundo a profissional da Saúde no Lar, pode ser necessário realizar adaptações na casa, como retirar os tapetes dos cômodos, deixá-los o mais limpo possível para que a caminhada seja mais fácil, evitando assim o risco de quedas.

Na casa de Hermes, sua filha conta que a primeira mudança foi a separação de quarto do pai e da mãe, casados há 47 anos. "Foi bastante complicado para os dois. O quarto dele é totalmente adaptado de acordo com as suas necessidades. A sala de televisão tem a poltrona especialmente para ele, o uso de cadeiras de rodas e a movimentação de profissionais na casa. Atualmente, eu e meu marido moramos com eles, para que eu possa estar de frente com todas as dificuldades."

O Parkinson não tem cura. O que pode ser feito é a diminuição dos sintomas e seus impactos na vida do paciente. O tratamento é feito com medicamentos que substituem o neurotransmissor que foi perdido ou que funcionem como poupadores, responsáveis por travar as enzimas que degradam a dopamina. "Alguns tratamentos mais avançados fazem uso da estimulação elétrica cerebral, através de cirurgias. Esse último tipo de tratamento só é indicado em casos específicos", ressalta a geriatra.

A doença é idiopática, o que quer dizer que não se sabe ao certo porque acontece. De acordo com a médica, o que é de conhecimento é que existe o aumento da morte desses neurônios, mas não está claro a causa disso. "Alguns pacientes desenvolvem Parkinson após quadros de AVC, que podemos chamar de estratégicos. Ele acontece quando a isquemia cerebral atinge exatamente o local onde esses neurônios estão produzindo a dopamina. Quando isso ocorre, nós dizemos que o paciente tem uma doença de Parkinson vascular. Eles, infelizmente, respondem menos às medicações", pondera.

O Parkinson atinge a parte motora e funcional do organismo, mas a cabeça do paciente permanece boa. Apenas em casos muito avançados da doença é que existem quadros de demência, mas isso ocorre após muitos anos de evolução do problema.

"Com muito amor, carinho e paciência fica mais fácil para o paciente e toda a família. E o principal é lembrar que, quem tem Parkinson, normalmente é um paciente totalmente lúcido e que precisa de atenção da família e amigos. No caso do meu pai, ele é o mesmo Hermes de sempre, com os mesmos sentimentos e merece todo apoio, carinho e atenção nesse momento. Todos os profissionais são de extrema importância, assim como os medicamentos, mas o amor, esse sim, é fundamental para todo esse processo", finaliza Amanda.


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