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Estado de Minas SAÚDE PÚBLICA

Aumento de casos de meningite volta a preocupar especialistas em saúde

Queda na cobertura vacinal pode trazer de volta doença que já estava controlada


19/04/2022 14:50 - atualizado 19/04/2022 15:28
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Homem com dor de cabeça
Inflamação das meninges que recobrem o cérebro e a coluna vertebral (foto: Pixabay/Divulgação)

meningite é uma doença grave, que pode levar à morte em até 24 horas, desde o início dos primeiros sintomas, ou deixar sequelas graves. Apesar disso, as notificações da doença estão aumentando e voltando a assombrar o país. É neste cenário preocupante que será lembrado, no dia 24, o Dia Mundial da Meningite.

 

Conforme dados do Ministério da Saúde, só nos primeiros três meses deste ano, já foram notificados 141 casos. O principal problema apontado pelo órgão e por especialistas para explicar o avanço da doença é a queda da vacinação, considerada a principal forma de prevenção, que chega a combater em 90% as formas mais graves da meningite.

 

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou os dados da cobertura vacinal de meningite em crianças na capital, mostrando uma queda no índice da vacinação. Em 2020, a cobertura vacinal em Minas Gerais, por exemplo, para a meningocócica C (Conjugada) foi de 86,43% em menores de 1 ano e de 85,67% em crianças de um ano de idade ou mais. Já em 2021, a cobertura registrada caiu para 73,7% nos menores de um ano e para 72,26% para os maiores de um ano de idade.

 

A meta do Ministério da Saúde é a cobertura vacinal de 95% dentro do público indicado para receber o imunizante. Essa baixa nas taxas de imunização tem alertado os órgãos competentes, entre eles a OMS (Organização Mundial de Saúde e seus parceiros), que em setembro de 2021 lançou a primeira estratégia global para derrotar a meningite.

 

O "Mapa Global de Combate à Meningite até 2030" foi lançado em Genebra pela OMS com o apoio de parceiros internacionais. O objetivo da iniciativa inclui eliminar os surtos de meningite bacteriana - forma mais fatal da doença, até o ano de 2030, e reduzir 70% das mortes no mesmo período. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a estratégia tem o potencial de salvar mais de 200 mil vidas todos os anos.

 

Para a Responsável Técnica de Vacinas do Laboratório Lustosa, Marta Moura, ter a doença circulando novamente é um retrocesso. "Temos um dos mais eficazes programas de imunização do mundo contra a doença, com a oferta de vacinas na rede pública e privada", pontua. O problema ressalta Marta, é que isso, lamentavelmente, não tem sido suficiente.

 

"Dependemos da adesão e conscientização da própria população, para que todos estejam seguros e protegidos contra a meningite", reitera ela, lembrando que a disseminação de notícias falsas contra a vacinação e movimentos contrários anti-vacina têm contribuído para o atual cenário.

 

"As vacinas salvam vidas. Muitas doenças estão sob controle precisamente por causa da vacinação. Quando ocorre queda nas taxas de coberturas vacinais e a doença reaparece, ocorre a circulação do vírus ou bactéria e com isso a circulação da doença pode disseminar de acordo com a transmissibilidade do agente, tendo assim um elevado número de pessoas adoecendo", alerta.

A meningite

De evolução rápida, podendo chegar ao óbito em 24 horas, a meningite é uma inflamação grave das meninges – membranas que recobrem o cérebro e toda medula espinhal, causada pela bactéria Neisseria Meningitidis, e os grupos A, B, C, W e Y são responsáveis por mais de 95% dos casos com taxa de morte na casa dos 20%. Outros fatores infecciosos como vírus, parasitas e fungos também podem provocar a doença.

 

No Brasil, o meningococo tipo C é o mais prevalente, mas por ser uma doença imprevisível, pode ocorrer circulação de outros tipos como o W e Y que já foram registrados no Brasil.

 

Sendo assim, explica o neurocirurgião Paulo Serrano, é importante identificar o agente responsável pela meningite e, por ser uma inflamação que afeta estruturas do cérebro, a doença deve ser identificada o mais rápido possível,  para se iniciar o tratamento e evitar o desenvolvimento de lesões que podem resultar em sequelas permanentes ou, até, morte.

 

Segundo o neurocirurgião, de acordo com o agente infeccioso responsável pela inflamação das meninges, a meningite pode ser classificada em alguns tipos, sendo os principais: a meningite viral, a meningite bacteriana, a meningite fúngica, a meningite asséptica e a meningite eosinofílica. “A intensidade dos sintomas da meningite pode variar de acordo com a causa da inflamação das meninges, mas, de forma geral, os principais sintomas são dor de cabeça intensa, dor na nuca, febre alta, náuseas e vômitos e rigidez do pescoço”, finaliza o especialista.

 

Embora todos os tipos de meningites demandem rigor no acompanhamento do quadro clínico, a meningite do tipo doença meningocócica apresenta maior gravidade.

 

Vacinas

Marta Moura acredita que é preciso investir na conscientização da população sobre a importância das Vacinas, que estão disponíveis na rede pública e privada. “Temos as vacinas que protegem contra todos os tipos da doença bacteriana, Meningite A, C, W, Y e o tipo B. A vacina que é ofertada na rede pública protege contra o tipo C da doença e é ofertada apenas ao público prioritário, crianças menores de cinco anos de idade, adolescentes de 11 e 12 anos contra o tipo ACWY e pessoas com comorbidades. Na rede privada, além de prevenir contra todos os tipos da doença, as vacinas são ofertadas para todos os públicos, crianças, adolescentes e adultos”, explica.

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.  

 


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