"Só de saber que existem pessoas dispostas a ouvir e compreender as dificuldades e necessidades que passamos já fico com a esperança de que o futuro me reserva bons momentos" - Raquel Moret Henrique Campos, estudante do 7º período de medicina, portadora de perda auditiva
Arquivo PessoalMedicina para todos: garra e saber como rotina
Ensino se adapta às necessidades especiais de alunos de medicina e atualização de equipamentos também ajuda a mostrar que as dificuldades podem ser superadas
Cirurgião pediátrico, o professor Thiago Lazaroni comprovou que é possível ao profissional com perda auditiva aprender a ouvir os sons dos órgãos humanos
Arquivo pessoalArtigo científico
Thiago Lazaroni se deparou com um momento de desafio e inclusão. “No ensino superior, não há obrigatoriedade de aulas ministradas em libras. Tivemos que nos reinventar. Falar mais devagar, sempre de frente para a aluna, explicar os sons. E não houve diferença entre o aproveitamento dela em relação aos demais colegas. Tivemos, inclusive, que adaptar avaliações. É fácil saber quando alguém não entende o que é perguntado porque não sabe ou porque está com alguma limitação de entendimento/percepção. Essa é a arte de ser professor.”
Na literatura sobre a medicina pediátrica, o professor da PUC Minas Thiago Larazoni se deparou com dados absurdos sobre as dificuldades enfrentadas por médicos residentes portadores de necessidades especiais. “Residentes surdos são encorajados a desistir da especialização. Os hospitais se adaptam à realidade do paciente, mas não à de um profissional de saúde com necessidades especiais. Alguns relatam que foram sabotados em prontos-socorros ou ambulatórios.”
Quando se trata de deficiências físicas, não cabe ao Conselho Federal de Medicina (CFM) designar quem está ou não apto ao exercício da medicina. O órgão, além de elaborar o Código de Ética Médica (CEM), apenas comprova o diploma e registra os médicos. Cabe às instituições de ensino a avaliação caso a caso, acompanhando o desenvolvimento acadêmico e social de cada aluno. Comprovando-se que o futuro médico terá plenas condições de transpor as dificuldades que possam surgir devido à sua limitação física ou de saúde, o CFM tem a obrigação de validar o diploma e registrar o médico.

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