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Estado de Minas POLÍCIA FEDERAL

Caso das joias gera pressão no Congresso contra Bolsonaro

Ex-presidente ainda mantém o silêncio e pode ser alvo de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)


13/08/2023 10:30 - atualizado 13/08/2023 11:07
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Jair Bolsonaro com as mãos tapando a boca
Operação da PF na sexta (11/8) pode acusar Bolsonaro de liderar uma organização criminosa (foto: SILVIO AVILA / AFP)
A mais recente operação que apura suposto desvio de joias e presentes dados por autoridades de outros países a Jair Bolsonaro (PL) aumentou a pressão no Congresso Nacional, gerou apreensão de aliados e silêncio de seus apoiadores.

Como a Folha mostrou, a investigação aponta as digitais de Bolsonaro nos indícios de evasão dos bens públicos para venda e enriquecimento pessoal.

Deputados da base do governo do presidente Lula (PT) acionaram a Polícia Federal e o STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo apreensão de passaporte do ex-mandatário e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, e vão tentar quebrar sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal na CPI do 8 de janeiro.

Esta é a primeira vez que as apurações contra ele alcançam um tema com pouca facilidade de enquadramento como ideológico por seus apoiadores. Por isso, o silêncio, já que estariam sem saber como responder, dizem aliados do ex-presidente.

Interlocutores de Bolsonaro, por sua vez, veem no episódio uma "trapalhada", mas atribuem a culpa ao ex-ajudante de ordens e tenente-coronel preso, Mauro Cid - dizem que, especialmente no final do mandato, ele acumulou poderes e afastou aliados que desaconselhariam o ex-presidente a vender os presentes.

A ação deflagrada pela PF na sexta-feira (11), batizada de Lucas 12:2, dá início à última parte das apurações que podem resultar na acusação de Bolsonaro como líder de uma organização criminosa.

Aliados do ex-presidente rechaçam essa possibilidade e dizem que é preciso ainda aguardar o fim das apurações, mas reconhecem que o cenário, desta vez, é diferente de quando a operação era sobre cartão de vacina ou golpe.

Embora não tenha sido alvo das diligências, como foi o general Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de ordens Mauro Cid, Bolsonaro teve pedido de quebra de seus sigilos e deve ser ouvido em breve pela PF. Michelle também foi alvo de petição para uso de seus dados reservados.

O ex-presidente enfrentará ainda, no Congresso, mais uma onda de pressão dos parlamentares da base de Lula. Na CPI mista de 8 de janeiro, a avaliação é de que a operação deu gás à quebra de sigilo do ex-presidente e de Michelle - algo já solicitado pela própria PF.

"Já pedimos a quebra de sigilo tem um mês e meio, mas o presidente [da comissão, Arthur Maia] alegou que não havia fato determinado que justificasse. Acho que agora alterou", disse o deputado Rogério Corrêa (PT-MG). Ele assina o requerimento com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na comissão.

Os parlamentares também encaminharam ofício para o diretor-geral da PF, Andrei Passos, e o ministro relator do caso no Supremo, Alexandre de Moraes, solicitando a retenção do passaporte do casal.

Ainda na Câmara dos Deputados, Corrêa e o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) intensificaram a coleta de assinaturas para a criação da CPI das joias, para apurar o episódio envolvendo Bolsonaro. Hoje, eles têm 111 assinaturas.

Segundo um líder do centrão, o grupo conseguirá chegar rapidamente aos 170 apoios necessários, mas pairam dúvidas ainda se o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), instalaria a comissão. Há outra CPI aguardando na frente, a das pirâmides financeiras.

Ademais, é necessário aguardar o término da comissão do MST, em 14 de setembro, para abrir espaço para implementação de novas CPIs na casa.

A defesa de Bolsonaro disse, na noite de sexta-feira (11) que o ex-presidente coloca sua movimentação bancária à disposição das autoridades e que ele "jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos".

Após mais de 12 horas de silêncio sobre a operação da PF, a defesa de Bolsonaro disse ainda, em nota, que ele "voluntariamente" pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) em março deste ano a entrega de joias recebidas "até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito".

Essa foi a única manifestação do ex-mandatário sobre o caso. Neste sábado (12), nas redes sociais, ele publicou um vídeo com uma criança, sem qualquer relação com o tema, e desejou "bom sábado a todos".

Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou um versículo bíblico em suas redes sociais na madrugada deste sábado. "Há uma promessa linda na Bíblia que diz: Quando for a hora certa, Eu, o Senhor, farei acontecer".

No dia anterior, o blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, divulgou video que mostra a reação de Michelle a mulheres que a questionaram naquele dia sobre o paradeiro de joias dadas por autoridades de outros países.

Michelle foi até a mesa das mulheres, em um restaurante de Brasília, e respondeu: "você é tão mal informada que sabe onde estão as joias".

A reação mais agressiva partiu do amigo, o maquiador Agustin Fernandez, que xingou as mulheres. O vídeo sugere que ele também jogou um copo de gelo nelas - é possível ouvir o barulho e ver pedras de gelo caindo.

Em nota enviada ao blog de Sadi, a assessoria da ex-primeira-dama afirmou que Michelle "apenas respondeu aos insultos" e repudia esse tipo de ação. Fernandez não se pronunciou.


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