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Estado de Minas EX-PRIMEIRA-DAMA

Assessoras de Michelle e Cid acertavam pagamentos em dinheiro, diz site

Michelle Bolsonaro usava o cartão de crédito de uma amiga para custear suas despesas, mas pagava a ela com dinheiro vivo, segundo áudios obtidos pela PF


13/05/2023 11:17 - atualizado 13/05/2023 11:50

Michelle Bolsonaro
Advogado de Bolsonaro afirmou que não existe nada de ilegal nas transações em dinheiro vivo (foto: Carolina Antunes/PR - 08/03/2019)
A transcrição de áudios de um diálogo entre o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e assessoras da gestão do ex-presidente, revela que existia uma orientação para que as despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fossem pagas em dinheiro vivo. O material foi interceptado pela Polícia Federal (PF) com a quebra de sigilo das comunicações do militar.

O diálogo foi compartilhado pela coluna do jornalista Aguirre Talento, para o UOL, neste sábado (13/5), quando ele afirma que a preocupação do braço direito de Bolsonaro era que a prática fosse caracterizada como um esquema de rachadinha, já que não haveria comprovação da origem do dinheiro.

Segundo a PF, Michelle Bolsonaro usava um cartão de crédito de Rosemary Cardoso Cordeiro, assessora no Senado. Nas investigações, os agentes detectaram depósitos em dinheiro vivo para a amiga da ex-primeira-dama, a fim de custear as despesas do cartão e ocultar a origem dos recursos. 

Assim, duas assessoras de Michelle, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro, conversaram com Mauro Cid manifestando preocupação com esse esquema de pagamento. As funcionárias queriam convencer a ex-primeira-dama a parar de usar o cartão de crédito vinculado à amiga.

“Você pode falar com ela assim sutilmente, né? Eu acho que você poderia falar assim: dona Michelle, o que a senhora acha de a gente fazer um cartão para a senhora? Um cartão independente da Caixa. Para evitar que a gente fique na dependência da Rosy”, teria dito Cintia a Giselle, em outubro de 2020.
“Coronel, bom dia. Ontem eu conversei com a senhora Adriana (que seria uma outra assessora da primeira-dama) para saber se ela tinha falado com a dona Michelle, né. Ela falou que conversou. Explicou, falou todos os problemas, preocupações, né. (...). Mas então o resultado foi que a dona Michelle ficou pensativa. Segundo a dona Adriana, ficou pensativa, mas que vai continuar com o cartão. E ela falou que tem, tem os comprovantes assim, né? Que esse cartão já era bem antes de o presidente ser eleito”, disse Giselle a Mauro Cid, em novembro de 2020, quase um mês após o primeiro áudio.

Comparação com 'rachadinha' de Flávio Bolsonaro


Ao escutar o relato, Mauro Cid chegou a afirmar que a situação poderia ser alvo de investigações por rachadinha e comparou com o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chegou a ser denunciado por peculato pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Outro fato que chamou atenção do ajudante de ordens é que Michelle tinha comprovante do pagamento das despesas, mas não possuía documentos que provassem que os recursos saíram da sua conta.
“O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”, disse Cid para Giselle.

Cid também mostrou preocupação de que o esquema fosse vazado na imprensa. “Pode ser que nunca aconteça? Pode. Mas pode ser que amanhã, um mês, um ano ou quando ele terminar o mandato dele, isso venha à tona”, disse.

O militar foi preso no último dia 3 de maio, durante a Operação Venire, que investiga um esquema de fraude nos dados do cartão de vacinação do ex-presidente Bolsonaro e sua filha mais nova, Laura. Cid e outros dois familiares também teriam o comprovante de imunização falsificado. Ao UOL, a defesa do militar afirmou que não se manifestaria.

Já o ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro e advogado, Fábio Wajngarten, afirmou que a situação já foi amplamente explicada e que os pagamentos de fornecedores informais - pequenos prestadores de serviço - eram feitos em dinheiro para proteger os dados do ex-presidente. Segundo ele, muitos não sabiam que a contratante era a primeira-dama Michelle Bolsonaro. “Não há nada de ilegal nas transações efetuadas”, disse.


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