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Estado de Minas PANDEMIA

Mandetta sobre Bolsonaro na Covid: "Ele não é louco, foi decisão política"

Primeiro ministro da Saúde de Bolsonaro, Mandetta deixou o cargo diante da postura negacionista do ex-presidente


06/05/2023 13:00 - atualizado 06/05/2023 13:32

Luiz Henrique Mandetta.
Ex-ministro da Saúde, Mandetta depôs na CPI da Pandemia (foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Após a suspensão do nível máximo de alerta global para a COVID-19, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, avalia que as decisões tomadas por seu antigo chefe, Jair Bolsonaro (PL), acerca da pandemia foram racionais e políticas. Em entrevista ao Estado de Minas, o médico criticou a forma como o ex-presidente conduziu a questão sanitária no país.

"As pessoas acham que ele é louco, mas foi decisão política, com começo, meio e fim. Foi decisão deliberada e consciente, porque informei por escrito e avisei qual era a projeção de mortes nesse cenário de confusão informacional e de falta de coordenação de Brasília, caso fosse adotada a tese da imunidade de rebanho, dentro da máxima do (então ministro da Economia) Paulo Guedes de que entre economia e saúde, ficaria com a economia", disse Mandetta. 

Mandetta foi demitido do cargo de ministro após pouco mais de dois anos à frente da pasta, em abril de 2020, após se recusar a seguir a linha negacionista de Bolsonaro sobre a pandemia. Na visão do médico, 350 mil mortes, cerca de metade do total, poderiam ter sido evitadas no Brasil caso o então presidente não tivesse politizado o tema e difundido o caos informacional.


Nesta sexta-feira (5/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu o nível máximo de alerta para a COVID-19. Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a doença não é mais considerada uma emergência sanitária de alcance internacional.

Mandetta foi o primeiro nome a assumir o ministério da Saúde sob a gestão Bolsonaro no Palácio do Planalto. Após sua demissão o médico oncologista Nelson Teich ocupou a cadeira durando menos de um mês por divergências similares com o presidente. No lugar dele, assumiu o general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, que ficou à frente da pasta entre maio de 2020 e março de 2021.

Sob Pazuello, o Ministério da Saúde oficializou medidas como o uso da cloroquina como tratamento da COVID-19 e o país viveu o período mais crítico da pandemia, acumulando recordes na média de mortes causadas pela doença. Pressionado por parlamentares, Bolsonaro demitiu o militar e, em seu lugar, escalou o médico Marcelo Queiroga, seu quarto e último ministro da Saúde.

Na visão de Mandetta, Pazuello chegou ao ministério através de uma intervenção militar que tinha como objetivo ter na pasta um nome subserviente ao governo federal na forma de gerenciar a pandemia.

"Fizeram uma intervenção militar no Ministério da Saúde, com o que tem de mais desqualificado no Exército, o pessoal de logística. Se o Exército tem generais da área da saúde, por que não colocaram um deles? Porque queriam uma pessoa servil, que sem compromisso com o combate à Covid-19. [...] Foi uma decisão política que levou muitas pessoas à morte. E não foi decisão política tomada  sem ter sido avisado. Fizemos três cenários, e o cenário mais pessimista que projetamos, foi exatamente aquele que Bolsonaro escolheu: o caos informacional e a desarticulação do sistema de saúde. Bolsonaro foi para esse cenário de forma completamente consciente. E eu mandei por escrito", diz Mandetta.

Com mais de 701 mil mortes, o Brasil é o segundo país que mais registrou óbitos pela COVID-19, atrás apenas dos Estados Unidos, que tiveram mais de 1,1 milhão de perdas pelo novo coronavírus. Em todo o mundo, foram 6,9 milhões de mortes.


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