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Estado de Minas TERRORISMO EM BRASÍLIA

'Gesto de vândalos e de fascistas', leia pronunciamento de Lula

O presidente da República se pronunciou no fim da tarde deste domingo, enquanto Bolsonaristas ainda ocupavam prédios em Brasília


08/01/2023 20:11 - atualizado 09/01/2023 12:14

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se pronunciou sobre os atos terroristas de bolsonaristas que invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, em Brasília-DF, neste domingo (8/1). O petista falou direto de Araraquara-SP, onde estava para verificar danos causados pela chuva.

Lula foi enfático ao dizer que os responsáveis pelos ataques às sedes dos poderes na capital federal serão punidos. Ele também citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos responsáveis pelas ações dos vândalos.
O presidente classificou os terroristas como ‘fascistas’ e criticou o que considerou 'leniência' ou ‘má fé’ das forças de segurança pública do Distrito Federal ao não coibirem o avanço dos bolsonaristas, que terminaram por depredar os prédios na Praça dos Três Poderes.
Por decreto do petista, o Distrito Federal está sob intervenção federal até o fim de janeiro. A medida foi anunciada durante o pronunciamento e foi lida na íntegra pelo presidente.

Lula ainda relembrou suas derrotas em campanhas presidenciais em 1989, 1994 e 1998 e disse que militantes de esquerda foram torturados e mortos durante a Ditadura Militar, mas que, em nenhuma das ocasiões, os movimentos promoveram ações de vandalismo na capital federal.

Desde o fim do segundo turno da disputa presidencial de 2022, bolsonaristas protestaram fechando estradas e ocupando a frente de unidades do exército em todo o país. Movimentos de várias cidades do Brasil organizaram a ida dos vândalos até Brasília neste domingo.

Leia, na íntegra, o pronunciamento de Lula:


O que aconteceu em Brasília hoje - aquelas pessoas que nós chamamos de fascistas - nós chamamos essas pessoas de tudo que é abominável na política. [Elas] invadiram a sede do governo, invadiram a sede do Congresso Nacional, invadiram a Suprema Corte como verdadeiros vândalos, destruindo o que encontravam pela frente. Nós achamos que houve falta de segurança. Eu queria dizer para vocês que todas essas pessoas que fizeram isso serão encontradas e serão punidas. Elas vão perceber que a democracia garante o direito de liberdade, ela garante o direito de livre comunicação, de livre expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia. 

Essas pessoas, esses vândalos, poderiamos chamar de nazistas fanáticos, de stalinistas fanáticos, ou melhor, de stalinistas não, de fascistas fanáticos. Fizeram o que nunca foi feito na história desse país.

É importante lembrar que a esquerda brasileira já teve gente torturada, já teve gente morta e teve gente desaparecida, e nunca, nunca vocês leram alguma notícia de algum partido de esquerda, de algum movimento de esquerda, invadindo o Congresso Nacional, a Suprema Corte e o Palácio do Planalto. Não tem precedente na história do nosso país. Não existe precedente o que essa gente fez e por isso essa gente terá de ser punida. Nós, inclusive, vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília. E todos eles pagarão com a força da lei esse gesto de responsabilidade, esse gesto antidemocrático e esse gesto de vândalos e de fascistas. 

Eu tomei a decisão de vir a Araraquara porque eu estava em São Paulo e, antes de voltar a Brasília, eu queria dar solidariedade ao companheiro Edinho (Silva, PT- prefeito de Araraquara), ao povo de Araraquara e sobretudo às vítimas dos parentes de famílias em que morreram todas as pessoas. Eu passei aqui junto com o meu ministro das Cidades, junto com o ministro do Desenvolvimento Regional para que a gente possa discutir com o Edinho e saber sabe o quanto vai custar a reposição das coisas que foram destruídas aqui na cidade de Araraquara. Nós sabemos que, no Brasil, tem muitas cidades que estão com problemas de chuva, com problema de destruição de estrada e, lamentavelmente, o genocida que deixou o poder deixou apenas 25 mil reais para que a gente pudesse cuidar de desastres. Ou seja, ele não deixou nada para a gente cuidar. E cuidar, sabe, das cidades do estado e do próprio governo federal. 

Por isso, eu vim aqui com muita tranquilidade. Imaginava até que o Edinho iria me convidar para o almoço depois da visita e da conversa, quando começamos a assistir pela televisão a caminhada dos vândalos em direção à Praça dos Três Poderes. Chegando lá, vocês acompanharam. Eles invadiram quebrado muitas coisas e lamentavelmente quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a Polícia Militar do Distrito Federal que não fez.

Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da Segurança Pública do Distrito Federal. Não é a primeira vez vocês vão ver nas imagens que eles estão guiando as pessoas na caminhada até a Praça dos Três Poderes. No dia da minha diplomação, vocês viram aquele quebra-quebra à noite, e a Polícia Militar de Brasília estava guiando eles, vendo eles tocarem fogo em ônibus e não faziam absolutamente nada.

Esses policiais que participaram disso não poderão ficar impunes e não poderão participar da corporação, porque estão no fundo da confiança da sociedade brasileira. Eu espero que a gente, a partir deste decreto, possa não só cuidar da segurança do Distrito Federal, mas garantir de uma vez por todas que isso não se repetirá mais no Brasil. É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar, que essas pessoas sejam punidas de forma que ninguém nunca mais ouse, com a bandeira nacional nas costas ou com a camiseta da Seleção Brasileira, se fingirem de nacionalistas, para se fingirem de brasileiros, façam o que eles fizeram hoje. Isso nunca tinha acontecido. Nem no auge da chamada luta armada nesse país nos anos 70 houve qualquer expectativa de qualquer grupo fazer qualquer quebra-quebra na Praça dos Três Poderes.

Eu vou voltar para Brasília agora. Vou visitar os três palácios que foram quebrados e pode ficar certo que isso não se repetirá, e nós vamos tentar descobrir quem financiou isso. Quem pagou os ônibus, quem pagava estadia, quem pagava churrasco todo dia, e essa gente toda vai pagar. E também da parte do governo federal. Se houve omissão de alguém no governo federal que facilitou isso, será punido. Vocês sabem que eu perdi as eleições em 1989. Eu perdi as eleições em 1994. Eu perdi em 1998 e em nenhum momento vocês viram qualquer militante de esquerda fazer qualquer objeção ao presidente da república eleito. 

Este genocida não só provocou isso, não só estimulou isso, como quem sabe ainda está estimulando pelas redes sociais lá de Miami, onde ele foi descansar. Na verdade, ele fugiu para não me colocar a faixa e é muito triste depois da festa democrática do dia 1º,  a festa mais importante da posse de um presidente da República na história do presidencialismo no mundo inteiro, nunca o povo trabalhador, os catadores de papel, os índios e as pessoas negras desse país colocaram a faixa de presidente da República. Essa gente já estava em Brasília. 

Essa gente teve medo de descer a Brasília com medo da multidão que estava lá para a posse. Aproveitaram o silêncio do domingo, quando a gente ainda está montando o governo, para fazer o que eles fizeram hoje. Todo mundo sabe que tem vários discursos do ex-presidente da República estimulando isso. Ele estimulou a invasão na Suprema Corte, estimulou a invasão dos Três Poderes, só não estimulou a invasão do Palácio [do Planalto], porque ele estava lá dentro. E isso também é da responsabilidade dele. Isso é da responsabilidade dos partidos que sustentam ele e tudo isso vai ser apurado com muita força e com muita rapidez. 

Eu quero agradecer a vocês porque eu vim aqui para outra coisa e vou deixar aqui depois dos meus ministros aqui para falar com vocês quer conversar com ele, o que que o governo federal? Pode fazer para que a gente possa recuperar sabe essa cidade maravilhosa chamada Morada do Sol. Eu quero eu quero, Edinho, dizer para você que quarta-feira eu vou receber o governador do estado (Tarcísio de Freitas) em Brasília, eu vou falar com ele que agora é hora da gente provar que o ente federativo precisa funcionar. A Prefeitura vai utilizar o dinheiro que ela pode utilizar, o estado precisa colocar dinheiro e o governo federal colocar dinheiro, porque o povo de Araraquara paga imposto, este imposto vai para São Paulo, vai para o Brasil e a gente deve devolvê-lo em forma de benefício para recuperar os prejuízos que a natureza causou.

E é importante lembrar: quando alguém hoje acha que a questão climática é uma coisa menor, que a questão climática é uma coisa de estudante, que é uma coisa de esquerdista, que é uma coisa de Partido Verde, não. A questão climática é uma coisa que está lutando por causa da irresponsabilidade do ser humano, o ser humano é o único animal capaz de destruir as coisas que prejudicam ele mesmo. É por isso que muita gente que estava em Brasília hoje, quem sabe seja garimpeiros ilegais, quem sabe sejam madeireiros ilegais. O cidadão não tem o direito de cortar uma árvore que tem 300 anos na Amazônia que é de todos os 215 milhões de brasileiros, para ele ganhar dinheiro. Se ele quer utilizar madeira para ganhar dinheiro, ele que plante e espere ela crescer e aí corte quantas madeiras ele quiser. Mas ele não pode cortar aquilo que é patrimônio de toda a humanidade e sobretudo patrimônio do povo brasileiro essa gente estava hoje lá. O agronegócio maldoso, aquele agronegócio que quer utilizar agrotóxico sem nenhum respeito à saúde humana, positivamente também estava lá. E essa gente toda vai ser investigada, vai ser apurada e será punida. 


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