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Estado de Minas 20 DE JUNHO

BH oficializa data para combater encarceramento em massa de jovens negros

Lei sancionada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) estipula 20 de junho, data da prisão de catador Rafael Braga, como marco de luta


19/07/2021 15:29 - atualizado 19/07/2021 16:09

Em 2020, manifestantes tomaram as ruas do Centro de BH para protestar contra a morte de João Alberto, assassinado por seguranças de um supermercado no RS(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Em 2020, manifestantes tomaram as ruas do Centro de BH para protestar contra a morte de João Alberto, assassinado por seguranças de um supermercado no RS (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Belo Horizonte passou a ter, oficialmente, 20 de junho como dia municipal de luta contra o encarceramento da juventude negra. A sanção do prefeito Alexandre Kalil (PSD) à lei que institui a data já está publicada no Diário Oficial do Município (DOM).

O dia em prol do combate à chamada seletividade penal, fruto de projeto apresentado pelas vereadoras Iza Lourença e Bella Gonçalves, foi oficializado pelo poder Executivo municipal na quarta-feira (14/7).

O 20 de junho acabou escolhido por causa de Rafael Braga, preso nessa data em 2013, durante a onda de protestos que tomou o Brasil naquele mês. O catador de recicláveis foi detido portando produtos de limpeza, como um desinfetante. Desde 2018, o jovem negro, condenado por tráfico de drogas, cumpre pena domiciliar.

À época, mesmo sem fazer parte da massa que foi às ruas, o rapaz acabou preso sob a alegação de que o conteúdo de sua mochila poderia provocar explosões.

"Rafael é o único condenado dos protestos de 2013, e a luta por sua libertação tornou-se uma fronteira contra o racismo do sistema de justiça criminal, a seletividade penal e o encarceramento em massa", justificaram as vereadoras do Psol ao sugerirem o vigésimo dia de junho.

Dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apontam que, em 2019, o país tinha 773 mil pessoas atrás das grades. Segundo o Anuário de Segurança Pública daquele ano, 66,73% dos presos eram negros, índice que representa dois a cada três detentos.

Em dezembro de 2019, Belo Horizonte tinha 1.707 presos - 921 deles em caráter provisório. Em todos os 853 municípios mineiros, haviam 74.712 mil detentos, sendo que 29.087 deles sequer tinham tido a detenção definitiva expedida.

Os dados nacionais do anuário revelam semelhanças entre os perfis de presidiários e vítimas de homicídio. Tratam-se, geralmente, de homens jovens, negros e com pouca escolaridade. Iza Lourença e Bella Gonçalves sustentam, ainda, que os negros, quando réus, usualmente têm menos condições de defesa que acusados brancos.

As vereadoras lembram que, por causa do alto índice de negros e negras nas cadeias, são eles a população que mais sofre com violações cometidas no cárcere, como as condições facilitadas para a disseminação de epidemias, problemas sanitários e celas superlotadas.

"A partir das evidências que demonstram a disparidade da criminalização de pessoas negras no país, a criminologia crítica passou a assumir o racismo como uma variável constitutiva do sistema penal brasileiro", pontuam as pessolistas.

Câmara de BH tem comissão em prol de jovens negros


O Parlamento belo-horizontino tem, desde fevereiro deste ano, comissão especial que estuda temas sobre emprego, violência e homicídio de jovens negros nas periferias de BH. A ideia é debater bases para a criação de políticas públicas que apoiem a entrada de jovens negros no mercado de trabalho, bem como conter o número de mortes da juventude periférica.


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