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Estado de Minas PODER LEGISLATIVO

Alvos de racismo em Uberlândia e Contagem, vereadoras do PT vão à polícia

Dandara Tonantzin e Moara Saboia receberam ofensas preconceituosas durante atividades parlamentares, mas não se calaram ante situação


23/04/2021 14:24 - atualizado 23/04/2021 14:46

Vereadoras, Dandara Tonantzin (esq.) e Moara Saboia (esq.) foram alvo de ofensas raciais durante atividades legislativas(foto: Aline Rezende/Câmara de Uberlândia; Moara Saboia/Facebook/Reprodução)
Vereadoras, Dandara Tonantzin (esq.) e Moara Saboia (esq.) foram alvo de ofensas raciais durante atividades legislativas (foto: Aline Rezende/Câmara de Uberlândia; Moara Saboia/Facebook/Reprodução)
Vítima de ofensas raciais relacionadas às suas características físicas, Moara Saboia, vereadora de Contagem pelo PT, procurou a Polícia Civil nesta semana para a abertura de boletim de ocorrência. Em Uberlândia, no Triângulo, a também petista Dandara Tonantzin foi alvo de preconceito por conta do turbante, adereço de tradição afro-brasileira utilizado para enfeitar o cabelo. Os casos ocorreram durante sessões promovidas pelas Câmaras Municipais.

Dandara vai solicitar inquérito nesta sexta-feira (23/4), por racismo e injúria racial. O caso dela ocorreu em 5 de abril. Moara foi a uma delegacia nessa quinta (22), para relatar a situação vivenciada na terça (20).

A vereadora contagense participava de reunião que debatia a possibilidade de considerar serviços essenciais templos religiosos e centros esportivos, como as academias de ginástica. Ela votou contrariamente à proposta, que acabou aprovada pela Câmara Municipal da cidade em primeiro turno, mas notou comentários racistas e machistas.

“Quando acabou a sessão, fomos dar uma olhada, de novo, no que as pessoas tinham escrito. Tinham vários xingamentos racistas e machistas. Machistas pois, em geral, você não vê nenhum vereador sendo mandado estudar ou sendo desqualificado de forma pessoal. Racistas porque houve um xingamento, especificamente, que falava sobre o meu nariz e características físicas que remetem à minha cor, que é negra”, diz, ao Estado de Minas.

Com Dandara Tonantzin, as ofensas vieram em meio a um debate sobre a militarização de escolas. Durante a audiência, a petista foi alvo de comentários jocosos acerca de seu visual.

“Esse turbante não está te deixando pensar. Larga de ser trouxa”, escreveu um espectador do debate, que passou a utilizar a #ForaTurbante.

A situação revoltou a vereadora petista, que recebeu 5.237 votos e ficou em primeiro lugar na disputa pelas 27 vagas da Câmara Municipal uberlandense.

“Não tenho dúvida de que esse foi um ato racista, porque eles não atacaram nem ofenderam minha blusa ou meu brinco. Eles quiseram questionar e deslegitimar aquilo que mais me identifica enquanto mulher negra naquele espaço que é mais privilegiado branco. Eles quiseram pegar a nossa autoestima e jogar no chão. Quiseram questionar a nossa ancestralidade. É isso o que o turbante representa para nós”, protesta.

A equipe jurídica de Dandara solicitou a quebra do sigilo do perfil responsável pelas injúrias, proferidas por meio do canal da Câmara de Uberlândia no YouTube. Os comentários foram capturados e serão levados à delegacia.

Denúncias para servir de exemplo


Moara Saboia afirma não ter ficado abalada com o caso desta semana por precisar conviver com situações do tipo desde que decidiu entrar na política. Mesmo assim, a vereadora crê que ofensas raciais e misóginas precisam ser denunciadas.

“Se a gente normaliza esse tipo de violência verbal e política contra as mulheres, sabemos qual é o limite. No caso de Marielle Franco, foi a morte. Ela não foi a única mulher morta por discordar politicamente de alguém”, sustenta, em menção à vereadora carioca, do PSOL, executada em março de 2018.

“Mulheres não podem ser atacadas por serem mulheres. Pessoas negras não podem ser atacadas por serem pessoas negras na política. As pessoas precisam ser rebatidas por suas posições políticas — e não era o que estava acontecendo”, completa.

A correligionária Dandara tem opinião semelhante. “O que nós, mulheres negras que estamos na política, passamos, é sem dúvidas muito cruel. Convivemos com as mais diversas formas de violência”. Ela também quer que as autoridades investiguem invasões às suas redes sociais.


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