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Estado de Minas GOVERNO

Bolsonaro se irrita com críticas à indicação de Kassio Marques ao STF

Presidente mira, principalmente, o pastor Silas Malafaia, apoiador do governo, mas que classificou a escolha como "vergonhosa"


03/10/2020 04:00 - atualizado 03/10/2020 11:24

Bolsonaro e Malafaia em evento evangélico em 2019: aliado de primeira hora do presidente, pastor critica indicação de Nunes Marques para o STF(foto: MAURO PIMENTEL/AFP - 11/4/19)
Bolsonaro e Malafaia em evento evangélico em 2019: aliado de primeira hora do presidente, pastor critica indicação de Nunes Marques para o STF (foto: MAURO PIMENTEL/AFP - 11/4/19)

 
O presidente Jair Bolsonaro reagiu, irritado, às críticas pela indicação do desembargador Kássio Nunes Marques, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, para a vaga do ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). No encontro matinal com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, ele afirmou: “Ou confia em mim, ou não confia”. Ele rebateu também as criticas do pastor Silas Malafaia, seu aliado de primeira hora, que atacou pelas redes sociais a indicação de Nunes Marques.

“Lamento muito. Uma autoridade lá, no Rio, alguém que eu prezava muito, está me criticando muito, com videozinhos, e me xingando de tudo quanto é coisa porque eu escolhi (o Kassio) para ir para o Supremo. E está mantido, a não ser que haja um fato novo, gravíssimo, contra ele. E, pelo que tudo indica, não tem. Ele vai para o Supremo. Agora, é uma covardia o que estão fazendo com ele”, disse o presidente, visivelmente contrariado.

Bolsonaro aproveitou também para alfinetar o ex-ministro Sergio Moro. “Que tal eu indicar o Sergio Moro para o Supremo? Se ele não tivesse pedido demissão, e estivesse comigo até hoje, vários de vocês estariam falando: ‘Ou é o Sergio Moro para o Supremo ou não tem reeleição em 2022’. É ou não é isso? Ou vocês confiam em mim ou não confiam, tá certo?”

Malafaia vem divulgando, em suas redes sociais, que é “uma vergonha e decepção geral” a primeira indicação de Bolsonaro para a vaga no STF. O religioso diz, ainda, que o escolhido foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff para desembargador do TRF-1 e que teria 'posições socialistas'. O presidente, porém, ressaltou que a indicação ao cargo cabe unicamente a ele, e classificou sua escolha como “crucial” para o governo.

“Essa infâmia que essa autoridade lá no Rio está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque, ele está fazendo porque queria que eu colocasse um indicado por ele. Com todo respeito, o presidente sou eu. Eu não tenho cabeça dura, não. Eu volto atrás em decisões minhas, mas essa decisão é crucial para mim”, justificou.

Bolsonaro defendeu Kassio também da acusação de ter liberado, em maio de 2019, a compra de lagosta e vinho para eventos do STF – que havia sido impedida por uma juíza federal. Bolsonaro disse que isso não tira as qualificações do desembargador. “Recebo autoridades aqui em casa, do mundo todo. O que devo servir para eles? Angu e tubaína? Nunca entrou lagosta aqui. Da minha parte não entra”. E continuou: “Vamos supor que a liminar cassada pelo Kassio e o cardápio do STF voltou a ter lagosta e vinho. Vamos supor que vocês sejam vegetarianos, entram com uma ação no STF para que não compre filé-mignon. Então, o juiz decide na primeira instância que não pode mais comprar filé e tem que ser só verdura. É uma interferência exagerada por parte de alguns dos poderes”.

Bolsonaro reafirmou estar aborrecido com as “calúnias” que tem ouvido contra Kassio. “Quer me criticar, critique sem problema nenhum. Agora, ir para a calúnia, igual esse cara (Malafaia) do Rio está fazendo covardemente, caluniando o cara”, disse, irritado, acrescentando estar surpreso com a atitude do religioso. Embora não o tenha citado diretamente, disse que “o que mais dói” é que os ataques venham de “uma autoridade que diz que tem Deus no coração”.

"Petista"

O anúncio do nome de Marques moveu as bases bolsonaristas no Twitter ontem. O movimento Vem Pra Rua, que apoiou Bolsonaro em 2018, impulsionou a hashtag #BolsonaroPetista com vídeo em que lamenta a escolha e acusa o mandatário de tomar decisões que lembram os governos do PT. A hashtag alcançou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.

A movimentação contra a escolha de Marques, magistrado indicado por Dilma Rousseff ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), também partiu de políticos da base de apoio do governo.

O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), que se descreve como “aliado de Bolsonaro” em seu perfil no Twitter, disse que o governo perdeu uma “oportunidade histórica de ter um representante da direita conservadora no STF”. 

Já o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) afirmou que há “poucas chances de criarem-se pilares importantes de mudança e arriscamos apostar em dúvidas”.

Na mesma linha, também se manifestaram contrários à decisão o líder Paulo Ganime (Novo-RJ) e o vice-líder do Novo na Câmara, Marcel van Hattem (RS). O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado à igreja evangélica Assembleia de Deus, disse que o presidente desperdiçou metade de suas decisões voltadas ao Judiciário em seu mandato.


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